Novo camisa 2, Jean mira Libertadores e volta à Seleção como lateral - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
01/17/2017 22:00:57
 

Jean vestirá a camisa 2 da Sociedade Esportiva Palmeiras durante a temporada de 2017. Elogiado pelo técnico Eduardo Baptista por sua capacidade de atuar como lateral direito, o jogador mira o título da Copa Libertadores e sonha com a possibilidade de retornar à Seleção Brasileira na condição de ala.

“Depois do que vivi no Palmeiras em 2016, posso dizer que sou muito mais lateral do que volante”, disse à Gazeta Esportiva Jean, com chance de ser chamado por Tite para o amistoso da Seleção contra a Colômbia, no dia 25 de janeiro. Deslocado do meio para a ala direita por Cuca, ele acabou premiado como o melhor da posição no Brasileiro 2016 e foi o segundo na lista de artilheiros do elenco.

Vencedor do Superclássico das Américas 2012 e da Copa das Confederações 2013 pela Seleção, Jean participa da pré-temporada no Palmeiras na Academia de Futebol. Aos 30 anos, o versátil atleta, revelado como volante, deseja “entrar para ganhar” o Campeonato Paulista a partir de 5 de fevereiro, data do jogo contra o Botafogo-SP, no Palestra Itália.

O primeiro teste do Palmeiras de Eduardo Baptista, provavelmente armado no esquema 4-1-4-1, está marcado para 21 de janeiro, contra a Chapecoense, na Arena Condá. No dia 29, a equipe defendida por Jean faz diante da Ponte Preta os últimos ajustes, no Palestra Itália.

Gazeta Esportiva – Gostou da camisa 2?
Jean – Na verdade, foi um presente. É uma camisa muito desejada, não tem jeito. Do número 1 ao 11…

Gazeta Esportiva – Indica que você vai ser titular…
Jean – Não só indica que você vai ser titular, mas são números que grandes jogadores já usaram. Não tenho superstição com camisa e fico muito honrado por receber a 2. Esse número era do Fabiano, mas ele ficou naquele impasse com o Cruzeiro. Nesse tempinho, decidiram me dar a 2 e aceitei de coração aberto. Senti como um presente por tudo que acabei conquistando e fazendo no ano passado.

Gazeta Esportiva – Você conhece o Eduardo Baptista desde a época do Fluminense. Na primeira entrevista como técnico do Palmeiras, ele disse que você pode voltar à Seleção Brasileira se tomar a decisão de priorizar a lateral direita. Já conversaram sobre isso?
Jean – Quero jogar bem, quero estar bem. Acho que isso é o mais importante: ser feliz no clube. Até um tempo atrás, eu falava que minha posição verdadeira era de volante, mas depois do que vivi no Palmeiras em 2016, posso dizer que sou muito mais lateral do que volante. Até pelo número de jogos que venho fazendo na lateral. Eu e o Eduardo ainda vamos conversar. Mas, independentemente disso, ele já sabe que pode contar comigo também na lateral direita. Quero buscar novos resultados, novas conquistas e novos números.

Gazeta Esportiva – Você concorda que é menos difícil voltar à Seleção como lateral do que como volante?
Jean – É claro que há uma necessidade nessa posição não só na Seleção, mas também no futebol brasileiro e mundial. Está um pouco difícil de achar bons laterais. Mesmo assim, fácil não é. Todo o mundo tem que se sacrificar. Você vê o Fagner lutando muito, fazendo um ótimo trabalho. O Daniel Alves, nem se fala. Já se mantém há muito tempo como o melhor lateral direito do mundo. Não é fácil e com certeza vou dar meu máximo para receber uma nova chance na Seleção, mas principalmente para estar bem aqui no Palmeiras.

Com seis gols, Jean foi vice-artilheiro do Palmeiras no Brasileiro 2016 (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Versátil, o experiente palmeirense Jean pode ser aproveitado como volante ou lateral direito (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Mesmo sendo volante de origem, você acabou premiado como o melhor lateral direito do último Campeonato Brasileiro e, com seis gols, foi o vice-artilheiro do Palmeiras no torneio, atrás apenas do Gabriel Jesus. Ficou surpreso com isso?
Jean – Meu começo no Palmeiras foi muito complicado, porque estava parado há mais de 60 dias. Depois de uns três meses, o Cuca chegou e me deu uma chance na lateral direita. Eu não esperava, mas graças a Deus funcionou e fiquei muito feliz. Pelos gols que marquei, pela campanha do Palmeiras e pelas partidas que fiz. Meus melhores jogos em 2016 foram como lateral, com exceção da vitória contra o Figueirense. Ser reconhecido pela imprensa como o melhor da posição Brasil é muito gratificante. É uma surpresa, mas ao mesmo tempo sei o quanto trabalhei e me sacrifiquei.

Gazeta Esportiva – No ano passado, você participou de pré-temporada do Palmeiras em Itu. Como está sendo realizar toda a preparação na própria Academia de Futebol?
Jean – Eu sou muito a favor de ter uma estrutura como essa. Durante o ano, a gente viaja bastante, pega muito avião, vai para outras cidades. Já tem um desgaste. Quando você faz a pré-temporada fora, por toda a logística, o desgaste acaba sendo maior. Estou achando muito boa a preparação aqui no CT. Em 2016, como estava há mais de dois meses sem jogar, precisei trabalhar muito para alcançar a condição física que alcancei. Graças a Deus, nesse ano está bem diferente.

Gazeta Esportiva – Pelo que foi possível observar nos treinamentos, o Eduardo Baptista planeja escalar o time no esquema 4-1-4-1. Ele já conversou com vocês a respeito disso?
Jean – Estamos conversando e o Eduardo já vem transmitindo as ideias dele para que comecemos a colocá-las em prática. É isso que ele está passando para a gente, mas tem várias opções, várias maneiras e formações para trabalhar. Não sei se vai ser nesse esquema. O principal é entender o que o treinador quer passar para ajudar o Palmeiras a buscar a tão sonhada Libertadores e os outros campeonatos que estão por vir.

Gazeta Esportiva – Em 2016, o Palmeiras também começou a temporada sonhando com Libertadores e Mundial, mas não passou da primeira fase do torneio continental…
Jean – Do ano passado, devemos tirar a lição de que, se começar mal, é difícil recuperar. Precisamos entrar concentrados e contamos com jogadores cascudos para isso. Todo o mundo sabe que não pode entrar de qualquer jeito. Não existe jogo fácil, não existe adversário fácil, seja em casa ou fora. O time tem que manter a pegada que mostrou desde a chegada do Cuca, essa pegada não pode faltar. Ganhar a Libertadores e jogar o Mundial é o sonho de todo torcedor. Pode ter certeza que também é o sonho de todos os jogadores.

Jean usou a camisa 17 em 2016 e foi o vice artilheiro do Palmeiras no Brasileiro (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Jean usou a camisa 17 em 2016 e foi o vice artilheiro do Palmeiras no Brasileiro (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Com a Libertadores como prioridade, o Alexandre Mattos procurou mudar o perfil do elenco com a chegada de jogadores mais experientes, como Felipe Melo, Guerra e Michel Bastos. Quanto essas contratações fortalecem o grupo? Acha que faltou um pouco disso em 2016?
Jean – Não digo que faltou, mas acho que demoramos um pouquinho para encontrar o foco de Libertadores. No começo do campeonato, faltou um pouco de cada coisa. Não só esse tipo de jogador, a parte técnica também estava faltando. A gente não conseguia ficar com a bola e jogar. Não tenha dúvida que esses atletas vão ajudar muito na Libertadores, mas acho que o principal é trabalhar a parte técnica.

Gazeta Esportiva – O primeiro compromisso oficial do Palmeiras em 2017 será o Campeonato Paulista, torneio que o clube não ganha desde 2008 e do qual foi vice em 2015. O elenco já entra com a pretensão de ser campeão ou começa pensando mais em usar o Estadual como laboratório?
Jean – Eu acho que o Palmeiras tem condição de entrar para ganhar, até porque a equipe é praticamente a mesma que terminou o ano passado, pelo menos a base. Então, o entrosamento já existe e agora estamos trabalhando forte a parte física. Vamos entrar muito bem e não há motivo para pensar em outra coisa que não seja o título.

Gazeta Esportiva – Você ganhou vários títulos, dois pela Seleção Brasileira. Mas por tudo que envolveu a conquista do Brasileiro de 2016, com o Palmeiras quebrando um jejum de 22 anos, considera que foi a maior conquista da sua carreira?
Jean – Cada título tem a sua importância no contexto da época, mas o Brasileiro de 2016 se tornou o mais importante da minha carreira em função da história que vivemos com o clube, que estava há muito tempo sem ganhá-lo. Quando venci pelo São Paulo, foi o tricampeonato. No Fluminense, o time já vinha do título de 2010. Então, eu me senti muito mais feliz e importante com a conquista do Brasileiro pelo Palmeiras por causa de toda a espera que havia.