No pódio dos imortais - Gazeta Esportiva
Fernanda Lucki Zalcman
São Paulo, SP
10/28/2018 18:07:16
 
(Arte: Gazeta Esportiva)

Trinta e três anos, cinco títulos mundiais de Fórmula 1 e nome e sobrenome cravados na história do automobilismo: Este é Lewis Hamilton. Com o pentacampeonato conquistado neste domingo no Grande Prêmio do México, o britânico se consolida – ainda mais – entre os maiores nomes da elite automobilística.

Chegar onde ele chegou é para poucos. E só mais dois conseguiram até hoje: Juan Miguel Fangio e Michael Schumacher. O alemão, inclusive, não parou por aí e encerrou a carreira com nada menos que sete títulos.

É difícil imaginar que Hamilton também pare por aí.  Dez anos depois de se sagrar campeão da F1 pela primeira vez, o piloto da Mercedes alcança seu auge e chega mais forte do nunca para continuar marcando época na modalidade. E quem sabe até alcançar – e por que não ultrapassar – o hepta de Schumacher.

Quando eu era criança, sempre sonhei em correr na Fórmula 1. Nunca deixei de acreditar nesse sonho, mesmo quando as pessoas falavam que era impossível. Hoje estou aqui, provando que se você seguir seus sonhos com tudo o que tiver, eles se tornam realidade – Lewis Hamilton

A Era Hamilton – 11 anos na Fórmula 1

A fórmula do sucesso? Talento e muito trabalho. Desde sua primeira temporada, o britânico sofreu com questionamentos, sobretudo em relação à sua personalidade, e precisou responder na pista as críticas recebidas.

Depois da estreia meteórica em 2007, quando terminou o campeonato na segunda colocação aos 22 anos, e do título no ano seguinte, foram cinco anos sem levantar a taça, com muitos altos e baixos, dentro e fora das pistas, e a dúvida se ele era realmente tudo aquilo que parecia ser quando despontou na elite do automobilismo.

Com muita perspicácia e determinação, porém, mostrou ao mundo quem de fato é Lewis Hamilton. Fez uma aposta ousada em 2013 ao trocar a McLaren pela Mercedes e deu a volta por cima. Acabou com hegemonia de quatro anos de Sebastian Vettel na Red Bull e estabeleceu a sua, sendo campeão em 2014 e 2015 de maneira absoluta.

É um cara muito especial. Um cara fora de série – Rubens Barrichello

No ano seguinte, foi colocado mais uma vez em xeque, quando foi vice, perdendo para seu então companheiro de equipe Nico Rosberg, em uma temporada repleta de polêmicas. Ele conseguiria se recuperar novamente e conquistar mais títulos?

A resposta já é conhecida: Sim.

Mas, diferente do que vinha acontecendo nos últimos anos, Hamilton e Mercedes tiveram quem lhes fizesse frente: o também tetracampeão da Ferrari, Sebastian Vettel. E na primeira temporada de disputa entre os dois, em 2017, o britânico voltou ao topo do mundo, superando dificuldades e levando a melhor, também de maneira antecipada e mais uma vez no circuito do México.

E pela primeira vez na história, os fãs de Fórmula 1 puderam acompanhar neste ano a disputa entre dois pilotos com quatro títulos cada.

Temporada 2018 e o desempate

Em 2018, dois tetracampeões correram juntos pela primeira vez na história da F1 (Foto: Charles Coates/Getty Image North America/AFP)

O desempate entre o britânico e o alemão era praticamente inevitável. E a disputa acirrada começou desde o início da temporada. Vettel levou as duas primeiras, enquanto Hamilton só cruzou a linha de chegada na liderança no quarto grande prêmio.

A primeira metade da temporada, porém, foi de extremo equilíbrio, com os dois candidatos ao título alternando vitórias. O ponto de virada foi a segunda metade do ano. Depois das chamadas férias de verão da F1, o piloto da Mercedes voltou com tudo, mostrando suas garras. Perdeu a primeira, mas depois emplacou quatro triunfos consecutivos, complicando a vida do rival.

E Vettel de fato sentiu a pressão. E como se não bastasse as vitórias do adversário, ele e a própria Ferrari cometeram muitos erros, que custaram o campeonato. E do outro lado, um Hamilton muito maduro, seguro de si e com o talento mais afiado do que nunca.

“O Hamilton sempre teve muito, muito talento. Passou muito tempo com algumas questões, se questionando até. Chegou a ter momentos até um pouco desacreditados. Mas o talento dele supera muito e ele é um cara muito especial. Um cara fora de série. Não acho que a gente está em um momento de compará-lo com algum outro. Acho que a Fórmula 1 na verdade é incomparável. Mas que o Hamilton é especial, é”, exaltou Rubens Barrichello, ex-piloto de F1 e atual piloto da Mbil Super Full Time na Stock Car, em contato com a Gazeta Esportiva.

E o futuro?

É difícil dizer com precisão. Aos 33 anos, Hamilton tem pelo menos mais dois anos de contrato com a Mercedes. Com um talento fora do normal, estilo de pilotagem agressivo e espírito de campeão, é de se imaginar que ele vai seguir na busca por escrever ainda mais seu nome na história da F1.

Uma certeza ele pode ter: seu ídolo, Ayrton Senna, estaria muito orgulhoso dele. “A família Senna tem um carinho muito especial por ele. Pelo o que ele representa, pelos seus gestos de admiração, de carinho, de afeição pelo Ayrton, que é genuíno. O Ayrton dizia que se a gente quiser mudar alguma coisa no mundo, é pelas crianças que a gente deve começar. E ele influenciou crianças no mundo inteiro. Uma delas, uma criança pequena, inglesa, que sonhava em ser piloto de Fórmula 1. E hoje ele está aqui e é o melhor piloto do mundo. Desejo que ele continue assim e que possa conquistar ainda mais coisas”, disse Viviane Senna, irmã de Ayrton e mãe de Bruno Senna.

Fato é que em duas semanas, o pentacampeão da F1 estará mais uma vez em solo brasileiro. Já com o título em mãos, Hamilton desembarca em São Paulo para a penúltima etapa do campeonato e em busca apenas de sua segunda vitória em Interlagos, repetindo o feito de 2016.