Chama acesa para uma Olimpíada dourada - Gazeta Esportiva
Lorenzo Meyer*
São Paulo, SP
08/12/2019 08:00:27
 

Qualquer projeção de medalhas para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima caiu por terra com o desempenho expressivo dos atletas dentro de quadra, campo ou piscina. Com direito a recorde de pódios, ouros e o segundo lugar no quadro geral atrás apenas da potência Estados Unidos, o time brasileiro acende a chama de que as Olimpíadas de Tóquio 2020 podem ser tão marcantes quanto a edição de 2019 da competição que reuniu 41 países das Américas.

Medalhando desde o primeiro dia, o Brasil não teve dificuldades para terminar o Pan de Lima na vice-liderança do quadro geral ao somar 55 ouros, 45 pratas e 71 bronzes, feito que não acontecia desde São Paulo 1963, edição que contou o menor número de participantes da história. Para se ter uma ideia, os brasileiros colocaram 18 ouros e 35 pódios de vantagem ao México, que terminou em terceiro.

Coube à natação, historicamente o esporte que mais conquistou medalhas ao Brasil, quebrar mais uma barreira. Com a vitória de Guilherme Costa nos 1500m, já no penúltimo dia de competições, o time brasileiro alcançou o 53º ouro, superando os 52 no Rio 2007. Momentos antes, o recorde de 157 pódios, contabilizado também em solo carioca, já tinha sido batido com a prata do tênis de mesa feminino por equipes.

No penúltimo dia, inclusive, o Brasil viveu uma jornada de Estados Unidos nos Jogos Pan-Americanos. Durante as competições da sexta-feira, nove de agosto, os brasileiros subiram ao pódio 27 vezes, sendo 10 ouros, nove pratas e oito bronzes. A data fica atrás apenas do dia 28 de julho de 2007, quando os donos da casa levaram a mesma quantidade de medalhas em solo carioca, mas com um ouro a mais.

Judô, natação, vela, canoagem, ginástica e atletismo apareceram como principais fontes de medalhas do Brasil, mas viram gratas surpresas, entre elas taekwondo, boxe e triatlo, ajudarem a erguer o Brasil no quadro geral.

Natação, ginástica e vela dão show e batem recorde

Dos 34 nadadores brasileiros, 31 medalharam (Foto: Wander Roberto/COB)

Lideradas pela dupla campeã olímpica Martine Grael e Kahena Kunze, a vela teve seu melhor desempenho em Pans no Peru. Com cinco ouros, além de duas pratas e dois bronzes, a modalidade igualou o número de medalhas douradas de Guadalajara, em 2011, mas superou o total com uma prata e um bronze a mais.

A natação viveu cenário parecido. Dono de 30 medalhas, o time brasileiro se equiparou os 10 ouros das últimas quatro edições, porém, contabilizou quatro pódios a mais que Toronto 2015, edição em que medalhou 26 vezes. Dos 34 nadadores do Brasil, 31 garantiram medalhas nas piscinas peruanas.

Impulsionada pela jornada inspirada de Francisco Barretto, que obteve três ouros, a ginástica artística também bateu seu recorde, obtendo o melhor resultado da história. Foram 11 medalhas – quatro de ouro, quatro de prata e três de bronze.

Atletismo apaga 2015 ruim e judô cumpre seu papel

Judô manteve os bons resultados (Foto: Alexandre Loureiro/COB)

Após conquistar apenas dois ouros nos Jogos de Toronto 2015, o atletismo deu a volta por cima em Lima. Foram seis ouros, seis pratas e dois bronzes e, mais do que isso, concorrentes fortes a medalhas nas Olímpiadas de Tóquio: Darlan Romani, no arremesso de peso, e Paulo André, Rodrigo Pereira, Derick Souza e Jorge Vides, no revezamento 4x100m masculino. O quarteto, inclusive, é o atual campeão mundial.

Mesmo com uma delegação sem várias peças importantes e mesclada entre atletas jovens e experientes, o judô manteve seu papel ao contabilizar cinco ouros, duas pratas e seis bronzes. Vivendo seu melhor momento na carreira, Rafaela Silva “passou o carro” nas adversárias, subiu no alto do pódio com facilidade e aparece com uma das favoritas ao título olímpico.

Taekwondo conquista resultado histórico e mulheres se tornam protagonistas

Beatriz Ferreira conquistou o ouro histórico no boxe (Foto: Jonne Roriz/COB)

O taekwondo deixa o Peru com sua melhor campanha em Pan-Americanos na bagagem, resultado que dá moral ao trabalho feito por Natália Falavigna na coordenação da Seleção. Foram dois ouros, duas pratas e três bronzes. De quebra, Milena Titoneli, de apenas 20 anos, se tornou a primeira brasileira medalhista de ouro da modalidade.

Titoneli, inclusive, não foi a única mulher a realizar esse feito em Lima. Beatriz Ferreira no boxe, Bruna Wurts na patinação e Luisa Baptista no triatlo passaram pelo mesmo. Entre as modalidades, Ana Marcela nas águas abertas e Ygor Coelho no badminton garantiram as inéditas medalhas douradas ao Brasil em seus respectivos esportes.

Hegemonias permanecem e vôlei decepciona

Handebol feminino levou mais um ouro (Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br)

O Brasil manteve boa parte de suas hegemonias no Pan de Lima. O handebol feminino foi hexacampeão e a ginástica rítmica, apesar de algumas falhas, conseguiu trazer ao menos um ouro pela sexta vez consecutiva. O revezamento 4x100m livre da natação não sabe o que é ficar fora do lugar mais alto do pódio desde 1995, em Mar del Plata.

O handebol masculino, porém, teve que contentar com o bronze após perder para o Chile na semifinal e dificilmente irá para as Olimpíadas. O vôlei, por sua vez, apareceu como a grande decepção. Seja na areia ou na quadra, o Brasil não conseguiu chegar em sequer em uma final e contabilizou apenas dois bronzes.

Olho nas Olimpíadas de Tóquio 2020

Por meio dos Jogos Pan-Americanos, o Time Brasil garantiu presença no handebol, hipismo, tiro com arco, tênis de mesa, tênis, pentatlo e vela dos Jogos Olímpicos de 2020. Assim como fez na competição entre as Américas, o Comitê Olímpico Brasileiro não traçou uma projeção de medalhas, mas a intenção é de que supere os 19 pódios da Rio 2016.

Confira 10 esperanças de medalhas para o Brasil em Tóquio 2020

 

 

 

*Especial para a Gazeta Esportiva