Era Dunga o capitão - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
07/11/2019 09:00:10
 

O volante Dunga, taxado como vilão na Copa do Mundo de 1990, foi o responsável por erguer a taça de campeão em 1994. Vinte e cinco anos após o triunfo da Seleção Brasileira contra a Itália, o homem de confiança do técnico Carlos Alberto Parreira fala com orgulho sobre o feito alcançado nos Estados Unidos.

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“Não tem coisa melhor do que representar o seu país com aquela camisa amarela que grandes campeões já vestiram. Tive muita sorte que o professor Parreira me escolheu como capitão e pude erguer a taça. Muitas vezes, ainda vejo as imagens para checar se foi verdade. E fui privilegiado por bater o último pênalti da final”, contou Dunga.

O volante era um dos remanescentes da Copa do Mundo de 1990 na lista de Parreira. Escalado como titular pelo técnico Sebastião Lazaraoni na impopular Seleção que disputou o torneio na Itália, o meio-campista acabou colocado como símbolo do fracasso após o revés contra a Argentina nas oitavas de final.

“Na época, o Lazaroni falou na ‘Era Dunga’. Ele quis dizer que seria uma nova era de jogador de futebol, que o jogador precisava saber se vestir e se comportar diante das pessoas. Mas, como o Brasil perdeu, usaram essa frase e começaram a me bater. Se chovia, o dólar caía ou matavam alguém, era culpa do Dunga”, lembrou.

O técnico Carlos Alberto Parreira iniciou a Copa do Mundo 1994 com Raí como capitão, mas trocou o meia por Mazinho no time titular a partir das oitavas de final. Desde então, não hesitou ao entregar a tarja ao volante taxado como vilão há quatro anos.

“Conheço o Dunga desde a época de Seleção de base. Foi um jogador importantíssimo, porque é um líder. Possui uma compreensão de futebol muito grande, tem noção tática e sabia comandar dentro do campo. Chamava a atenção, cumpria, exigia e dava o exemplo”, enumerou Parreira.

Zinho jogou ao lado de Dunga no meio de campo da Seleção Brasileira durante as sete partidas rumo ao título nos Estados Unidos. No companheiro, o então jogador do Palmeiras sentia a gana de dar a volta por cima após ser associado ao fracasso da Copa do Mundo 1990.

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“O Dunga tem uma coisa… A palavra não é ‘rancoroso’, mas ele pegou isso como forma de se motivar para responder em campo. Tudo que aconteceu trouxe um jogador mais experiente. Os problemas que surgiam, ele já tinha passado, porque havia sido massacrado. Foi fundamental, um verdadeiro líder e capitão”, contou o meia.

Substituído na prorrogação da final contra a Itália, Zinho viu de fora do campo a decisão por pênaltis. Com um chute no canto esquerdo do goleiro Pagliuca, o capitão da Seleção Brasileira foi o último jogador do time de Parreira a converter sua cobrança no dia que marcou o início de uma nova era.

“Nos quatro anos, procurei me aprimorar. Quando tive uma segunda chance, pensei que seria a grande oportunidade de mostrar minhas qualidades. Um jornalista me perguntou: ‘Depois de apanhar quatro anos, vai dar uma resposta?’. Eu falei: ‘Não, quatro anos foi pouco. Agora, sou campeão do mundo e vão ter que aturar o resto da vida’”, recordou.