Um dos estádios mais icônicos do futebol brasileiro, a Vila Belmiro guarda um mistério: dentro do vestiário dos jogadores do Santos, há um armário que não é aberto desde o dia 2 de outubro de 1974. Não é um armário qualquer, é o armário de Pelé, que se despediu do Peixe justamente naquela data.
Naquela noite, o Peixe recebeu a Ponte Preta para se despedir do maior ídolo da história do clube. Mais de 20 mil pessoas acompanharam de perto os últimos minutos do Rei com a camisa alvinegra. A vitória por 2 a 0, com gols de Cláudio Adão e Geraldo (contra), inclusive, acabou ficando em segundo plano.
Com 20 minutos do primeiro tempo, Pelé pegou a bola, se ajoelhou no meio do círculo central, abriu os braços e disse adeus. Ao se levantar, deu a volta olímpica com a camisa na mão, cercado de repórteres e fotógrafos. Na sequência, desceu para o vestiário correndo e chorando.
Já dentro dele, o Rei se ajoelhou na frente do seu armário e ficou ali por alguns minutos. Na sequência, depositou uma peça de roupa, o trancou e agradeceu aos céus. Com a chave no bolso, o craque santista saiu da Vila Belmiro em um carro da Polícia Militar que o esperava na parte externa do estádio.
Desde então, o armário nunca mais foi aberto. Dessa forma, restou a dúvida do que Pelé colocou ali. 48 anos depois, o armário passou por algumas reformas, mas nunca foi destravado.
Atualmente, contando da esquerda para a direita, o armário de Pelé é o 16º. Ele está protegido com uma uma foto do Rei vestindo a camisa 10 do Santos. Na parte inferior e superior, ainda há uma assinatura do ex-jogador.
“Todos os armários passaram, ao longo das décadas, por inúmeras reformas, se modernizando ao longo do tempo. A única coisa que permanece igual, na mesma posição, é o armário do Pelé. Tanto é que ele é revestido por uma porta. Dentro dessa porta, que está trancada, o armário dele é o mesmo de quando ele deixou a Vila Belmiro”, relata Gabriel Pierin, historiador do Santos e guia do tour da Vila Belmiro.
“No dia em que ele se despediu, se ajoelhou em frente ao armário, agradeceu por toda sua trajetória vitoriosa e por tudo que o Santos representou na vida dele. E ele deixou uma peça de roupa particular dele dentro do armário e trancou. Eu nunca vi esse armário aberto. É uma mística do Santos”, completou.
O armário será aberto?
Agora, o armário será pauta da uma importante reunião marcada para o dia 18 de janeiro. Os arquitetos da nova Vila Belmiro vão discutir com a diretoria do Santos o que será feito com elementos históricos do estádio, como o armário do Rei Pelé.
Com isso, existe a chance do objeto ser transferido para o Memorial das Conquistas ou permanecer dentro da nova arena.
O projeto da nova Vila Belmiro foi aprovado pelo sócios do clube no último dia 17. A tendência é que a nova casa do Peixe, que terá capacidade para cerca de 30 mil pessoas, comece a ser construída no segundo semestre de 2023.
Adeus, Rei
Maior ídolo da história do Santos, Pelé morreu no dia 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos, após complicações de um câncer no cólon. O ex-jogador lutava contra o tumor desde setembro de 2021, quando passou por uma cirurgia para sua retirada e estava se tratando no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Os números de Pelé
Pelé vestiu a camisa do Santos por 18 anos. Foram 1116 apresentações com 1091 gols marcados. Ao longo de toda carreira, foram 1365 partidas e 1282 bolas na rede.
O ex-jogador foi o artilheiro do Campeonato Paulista nos anos de 1957 até 1965, depois em 1969 e, por último, em 1973. No ano de 1958, marcou 58 gols no Estadual, registrando um recorde.
Já pela Seleção Brasileira, Pelé jogou 113 partidas e marcou 95 gols. Além disso, consagrou-se tricampeão mundial.
Depois da despedida do Santos, Pelé voltou ao futebol profissional em 1975, quando acertou com New York Cosmos, do Estados Unidos, onde jogou até o dia 1º de outubro de 1977.
Tá rolando o media day dos #MeninosDaVila pra #Copinha e tem uma novidade no escudo do Peixão! 👑⚪️⚫️ pic.twitter.com/bKJzZXAaga
— Santos FC (@SantosFC) December 27, 2022