A luta de Honorato - Gazeta Esportiva
Tiago Salazar
Santos - SP
12/14/2018 06:00:02
 

“Se hoje eu durmo em uma academia, se eu moro em uma academia, para mim isso só está me fortalecendo, para quando, lá na frente, eu tiver condições de estar pagando um aluguel, estar morando em uma casa, ou até mesmo quando eu puder comprar uma casa para mim, eu não esqueça das minhas raízes”.

A declaração não vem de uma jovem promessa do esporte brasileiro, de um simples sonhador, muito menos de alguém que esteja nos primeiros embates com a vida adulta. Talvez seja difícil imaginar, ou nem tanto assim, mas a frase impacta principalmente por sair da boca de um vice-campeão Olímpico, medalhista Mundial e Pan-Americano.

Do alto de seus 44 anos, as lutas de Carlos Honorato são diárias, não mais pelo pódio, e sim pela sustentabilidade, pelo básico. As condições são tão improváveis quanto sua vitória em Sydney, diante do japonês Hidehiko Yoshida, na semifinal daqueles Jogos Olímpicos, quando o mundo do judô, boquiaberto, passou a reconhecer o talento de um paulistano, à época reserva da Seleção Brasileira, diante de um ippon monumental, que não só despachou da competição como também refletiu em uma fratura no braço do então asiático favorito ao ouro após menos de 40 segundos de enfrentamento.

O que explica uma mudança de vida e de rotina tão cruel em um intervalo de apenas 18 anos na história de um atleta vencedor e que até pouco tempo atrás ainda mantinha vivo o sonho de voltar a ser protagonista nos tatames? O próprio Carlos Honorato explica nessa entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.

APOSENTADORIA FORÇADA

“Não me preparei para ser professor de judô. Na verdade, eu me vi um dia sendo atleta e no outro dia sendo professor de judô”, conta Honorato, logo após uma hora de dedicação às crianças do Morro do São Bento, em Santos, e prestes a iniciar uma aula particular na Academia Ungaretti Fight Center.

“Hoje, minha mente é de professor, tento passar todos os dias as técnicas, tentar mostrar o judô definitivamente, mas, se não tivesse acontecido lá atrás o que aconteceu comigo, talvez hoje eu ainda estaria competindo. Não estaria no auge, não estaria brigando por uma Seleção, quem sabe, talvez se eu tivesse uma condição de treino para eu poder lutar, quem sabe eu não poderia estar brigando por uma seleção, mas não seria o foco principal”.

Os treinos, a dieta e os objetivos enquanto competidor tiveram de ser colocados de lado em 2010, quando, por força que transcendia sua vontade, o judoca teve de admitir uma aposentadoria forçada.

“Naquele momento não apareceu ninguém. Na verdade, não apareceu nenhum clube para que eu continuasse a ser atleta”, lembra, o ex-membro da equipe de São Caetano do Sul.

“A prefeitura acabou com o esporte, geral, da cidade naquele ano, 2010. E em coisa de um mês, acho que não chegou a dar um mês, eles voltaram atrás, mas com uma verba reduzida para todas as modalidades. Não estou falando do judô, estou falando de todas as modalidades da cidade, onde São Caetano era uma potência, e a equipe de São Caetano não me chamou de volta dentro desse montante, porque a verba não dava”.

“E eu acabei, naquele momento, aceitando a proposta do Rogério Sampaio, que tinha montado um projeto social na cidade de Santos, para eu poder dar aula. E aí eu desci para Santos para começar a dar aula de judô”.

AS “CABEÇADAS NA VIDA”

O apoio do campeão Olímpico de 1992, Rogério Sampaio, levou Carlos Honorato a Santos. Na cidade litorânea, o ex-judoca se instalou e iniciou um novo momento da vida. Desde os 23 anos responsável pelos próprios atos, não mais debaixo do teto dos pais, o homem turrão e orgulhoso confessa os tempos difíceis distante do tom de melancolia ou qualquer temor. A vida dura não é suficiente para abater ou levar Honorato à vitimização.

“Onde que eu trabalho hoje são locais que, teoricamente, estão iniciando com o judô. Então, você não tem dinheiro. E se você pegar um garoto que está iniciando hoje e tomar duas biquinhas na canela, no outro dia ele não vai voltar. É com esse público que eu brigo todo dia. E quando a gente não tem um respaldo financeiro, fica difícil”, reconhece.

E se dinheiro não foi problema para Carlos Honorato no auge da carreira, as condições atuais não lhe permitem o menor dos desaforos. Pai de uma garota de 17 anos, fruto de um relacionamento mais antigo e passageiro, o filho da Dona Elza e do seu Antônio dorme de favor em uma academia desde março de 2017, quando se separou da judoca Maria Suelen Altheman, não só sua ex-mulher, como também sua ex-atleta.

Essa parte eu não quero falar, não vamos entrar nos méritos, mas eu não tenho condições de pegar e pagar um aluguel. De pegar, chegar em uma casa, onde hoje você chega em qualquer casa aí, você paga um pau e meio, dois (R$ 1,5 mil, R$ 2 mil) de aluguel. Eu não tenho condições de pegar e fazer isso. Então, eu vim para onde? Vim morar na academia. Pelo menos aqui eu não tenho gastos. Cada dia que passa a gente vai melhorando.

A naturalidade e a franqueza impressionam. Carlos Honorato não abaixa a cabeça. Pelo contrário, assume a responsabilidade e dá sua versão para a própria decadência.

“Não, não tenho vergonha. Eu acho que todo atleta, vamos colocar assim, já deu sua cabeçada na vida. (…) As minhas, vamos colocar assim: não ter lidado com dinheiro foi a maior cabeçada”.

“Não ganhei dinheiro como o pessoal hoje está ganhando, mas também não posso falar que não ganhei. (…) Não soube guardar, não soube segurar o dinheiro na mão. Ai vem aquela coisa de ‘ah, quero fazer’, questões de festas, com amigos, e paga tudo, esses negócios. E chega na hora que acaba, você perde tudo. E isso eu posso falar que é cabeçada. E até mesmo saber investir, guardar, saber guardar”.

Carlos Honorato e sua medalha de prata olímpica (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Eu não sinto vergonha disso. Realmente, se a gente está nessa situação, a culpa é de quem? É minha. Eu não posso culpar os outros, não posso culpar a sociedade e não posso culpar o judô. Não dá para eu fazer isso.

O Brasil carece de atletas com o currículo de Carlos Honorato. Em um intervalo de três anos, o ex-judoca deu ao país um lugar em três dos principais eventos esportivos do planeta: Jogos Olímpicos (2000), Mundial (2003) e Pan-Americano (2003).

Não que Honorato desdenhe ou menospreze suas conquistas mais notáveis, no entanto, a ausência do ouro olímpico lhe faz falta. Mais que isso: não ter tido oportunidade de seguir correndo atrás de seu maior sonho ainda gera incômodo no multicampeão.

“Muitas vezes eles pensam que precisa pagar muito para o atleta. Se algum clube, na época, lá atrás, tivesse falado assim ‘Honorato, você consegue lutar aqui por mim, eu não tenho dinheiro, você luta aqui, vou te dar toda a estrutura para você lutar aqui e tal’, com certeza eu teria pego e teria aceito. Eu queria continuar lutando, porque ainda tinha sonho de querer participar de uma outra Olimpíada. Se eu ganhasse, se eu conseguisse ajudar a equipe a ficar grande e, a partir daquele momento, eu fosse remunerado, aí são outros 500. Eu iria até onde fosse para eu conseguir atingir meu sonho”, diz, antes de usar seu passado como atleta de base para sustentar o discurso.

“De 83 a 96, dentro desse período todo, eu tive título Pan-americano, Sul-americano, Mundial Júnior, Mundial Universitário… E eu não recebia um centavo. Eu fui começar a receber alguma coisa quando fui para São Caetano. Então, se eu consegui ter medalha em Pan-americano, Sul-americano, Campeonato Mundial Júnior, Campeonato Mundial Universitário, dentro desse período, sem receber um centavo, só porque eu tenho (…) Lógico, (não é) ‘só porque eu tenho uma medalha’. Só porque eu conquistei a medalha olímpica, como no Campeonato Mundial (profissional), não é por isso que eu preciso receber milhões”.

DECEPÇÃO EM ATENAS

Na prática, a chance mais palpável de Carlos Honorato ser coroado com o ouro Olímpico se deu justamente nos Jogos de Sydney. Porém, na ocasião, ele sequer imaginava participar da competição. A oportunidade lhe bateu a porta mediante a lesão de um titular, o que acabou por minimizar a derrota na final para o holandês Mark Huizinga.

Tudo mudou quatro anos depois. O cenário em Atenas punha Honorato como grande favorito ao lugar mais alto do pódio, e ele mesmo se via em tal posto na categoria dos 90kg.

“Eu cheguei do Campeonato Pan-Americano sendo o cara que ia trazer a medalha olímpica, a medalha de ouro olímpica, porque eu já sabia, já tinha chegado em uma final olímpica. E isso era uma coisa recente”.

De repente, nada aconteceu conforme a expectativa criada. O britânico Winston Gordon mandou Honorato para a repescagem e o australiano Daniel Kelly lhe tirou qualquer possibilidade de medalha. Dois modestos lutadores e de países inexpressivos no judô. Faltou algo. Ficou a decepção, uma sombra que acompanha o brasileiro até hoje.

Minha maior frustração é eu não ter conseguido representar bem o Brasil em 2004. Acho que se eu não trouxe medalha, foi por minha culpa mesmo. Talvez, se eu tivesse falado ‘não’ para muitas coisas, falado ‘não’ para um patrocínio, que eu não tinha, mas que eu pensava em querer ter. Se eu tivesse falado ‘não, não vou dar entrevista, porque eu tenho que focar para a Olimpíada’, poderia ter sido melhor.

Em Atenas, Carlos Honorato era o judoca a ser batido (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Nos quatro anos que antecederam Atenas-2004, a relação com a imprensa mudou, cresceu, se intensificou a cada bom resultado e com a proximidade dos Jogos. A situação mexeu com a rotina de Carlos Honorato, que não soube lidar com o assédio.

Eu comprei a ideia de que eu ia ser campeão Olímpico em 2004, e realmente eu tinha chances, eu sei que realmente eu tinha chances reais de trazer uma medalha olímpica, só que não tinha também um patrocínio. O que aconteceu? Qual é a forma melhor de você ganhar um patrocínio? Você estando exposto. Que horas eram as entrevistas? Na hora do treino”, conta. “Por mais que a gente fale que a gente tem de dar entrevistas, as entrevistas não podem ser na hora do treino.

A ânsia pelo apoio financeiro, uma angústia causada pela ausência de um contrato comercial, mexeram com a cabeça e atrapalharam a parte física e técnica de Carlos Honorato, enquanto seus principais rivais trabalhavam pensando justamente em como vencê-lo na Grécia. O acúmulo de pressão e o despreparo gritaram nos momentos cruciais.

“Quando eu cheguei na Olimpíada, o meu foco já era ‘eu não posso perder, porque, se eu perder, eu não vou ter o patrocínio’. (Os adversários) não tinham (essa pressão). Então, você fica naquela coisa ‘eu não posso perder, eu não posso perder’, você acaba errando, fica travado. E foi o que aconteceu. Eu perdi duas lutas iguais. Comecei jogando, tomei uma falta e, faltando 15 segundos, eu tomei a mesma pontuação que eu fiz no cara. 15 segundos, que ao invés de eu ter lutado para ganhar, não, eu fiz a pontuação e tentei segurar o jogo. É a mesma coisa no futebol, quando o cara só precisa empatar. O cara vai jogar para empatar, ele perde o jogo. A grande maioria acontece isso. É a mesma coisa em todas as modalidades. E foi o que aconteceu comigo”.

O INABALÁVEL AMOR PELO JUDÔ

Aos oito anos de idade, Carlos Honorato fez suas primeiras aulas de judô na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo. 36 anos depois é o mesmo judô que traz esperança e prazer ao faixa preta. Os tombos, as frustrações ou até mesmo a falta de apoio das entidades da modalidade não mudam em nada o amor e o respeito de Honorato pelo esporte.

O judô me trouxe e me traz muitas alegrias. Isso não interfere em nada. Eu sou o Carlos Honorato de sempre, o cara que vai estar aí, batalhando, se dedicando e tentando passar o melhor para os alunos. E fazer com o que o judô brasileiro cresça cada vez mais.

“Se hoje eu durmo em uma academia, eu moro em uma academia, para mim isso só está me fortalecendo, para quando, lá na frente, eu tiver condições de estar pagando um aluguel, estar morando em uma casa, ou até mesmo quando eu puder comprar uma casa para mim, eu não esqueça das minhas raízes, porque eu sou de raiz humilde”.

A vida de professor aflorou um novo lado de Honorato (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Vestido com seu quimono, empunhando suas medalhas, descalço no tatame, com semblante sério, Carlos Honorato olha para dentro de si e relembra os exemplos deixados por seus pais para se manter firme e otimista frente às adversidades.

“Meu pai era mecânico de avião, minha mãe trabalhou de tudo que é coisa, foi doméstica, trabalhou em escola como merendeira e se virou. Isso aí só faz eu crescer. Não adianta eu esquecer minhas raízes. Vamos colocar: eu dou uma sorte de chegar amanhã e conseguir comparar uma casa, aparecer um dinheiro, chegar uma pessoa e dizer ‘Honorato, eu só quero que você seja o rostinho da minha empresa. Eu vou te dar tanto’. Esse dinheiro aqui dá para eu comprar uma casa. Eu vou lá, compro uma casa e esqueço que dormi no tatame? Que dei aula para um garotinho mais novo? Não, eu tenho de pegar, me fortalecer, para que amanhã eu dê valor”.

NECESSIDADE x FACULDADE

O currículo invejável como atleta não é compatível com o grau de escolaridade de Carlos Honorato. Sua experiência no judô lhe garante condição para trabalhar como professor de crianças e adultos, mas o estudo poderia abrir novas portas. A questão, porém, volta a esbarrar na necessidade de criar receita. É o dinheiro, ou a falta dele, novamente colocando o vice-campeão Olímpico contra a parede.

“Eu fiz várias vezes faculdade, sempre comecei. Quando era atleta, começava e parava por causa de questões da vida, das viagens, e acabei parando. Quando eu vim para Santos, teve períodos que eu não consegui por causa do trabalho. Porque, se não tem dinheiro, tem que trabalhar. Não dá para eu me dar ao luxo de pegar e falar ‘não vou trabalhar tal horário para eu fazer uma faculdade’. Eu optei. No momento eu preciso do dinheiro, não preciso da faculdade”.

Uma reivindicação, então, é feita por alguém que se dedicou tanto ao esporte, alcançou o nível mais alto e agora se vê desamparado e esquecido, seja por governantes ou pelas grandes instituições do Brasil.

O Brasil não tem essa política. Dar uma aposentadoria para os atletas olímpicos, para os atletas mundiais. Se você colocar em atletas com campeonato mundial, se colocar todos os classificados de primeiro a terceiro, acho que também teria condições de remunerar eles com uma aposentadoria. Não aqueles que ainda estão na ativa, mas aqueles que não estão mais como atletas.

“E aí é aquela coisa: a gente tem de deixar de acreditar que o esporte brasileiro é hobby. A gente tem de fazer um trabalho sério. A gente tem tudo para ser o país com maior número de medalhas de ouro olímpicas. Não é pouca. Para ser o primeiro, bater os Estados Unidos”.

Aos 44 anos, Honorato se dedica a um projeto social no Morro do São Bento, em Santos (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Carlos Honorato não se refuta em aceitar apoio. Sua única condição é que seja conquistado por mérito próprio, que seja consequência de seus próprios atos, de sua história ou trabalho. Por isso, nem mesmo a falta de um teto lhe faz pensar em apelar aos pais.

“É aquela coisa, também é questão de orgulho. Eu já saí da casa deles já faz muito tempo, então, eu tenho que correr atrás dos meus objetivos, resolver os meus problemas. Se está difícil aqui para mim, entre aspas, sozinho, não que eles não me acompanhem, eu falo com eles todo dia e tal, sabem como eu estou, tudo certinho, mas, é aquela coisa, eu não vou sair daqui para ir morar com eles”.

PROJETO SOCIAL

As aulas dadas na academia Ungaretti Fight Center e na Universidade Santa Cecília, aliadas às palestras e convites rendem o sustento de Carlos Honorato. Ainda assim, o prazer se aflora duas vezes por semana, quando o ex-atleta sobe o Morro do São Bento para ensinar judô a dezenas de crianças carentes. O projeto social tem o apoio da Prefeitura e é encarado por Honorato com afinco. Afinal, ali estão jovens que muito se assemelham ao próprio professor em sua infância humilde.

“Eu sei que eu estou trabalhando tanto aqui (Academia Ungaretti Fight Center), quanto no Santa (Cecília), quanto com a garotada no morro para daqui a alguns anos o pessoal começar a vir meu trabalho dar frutos, principalmente com o pessoal do morro, que é um projeto que eu quero a longo prazo, não só na parte competitiva, mas também na parte social”.

“No Brasil a gente tem muitos projetos sociais que se encerram com garotos de 16, 17 anos. Se você não conseguir encaminha-los a um clube grande, ele morre ali. E é onde é a área de risco. Muitas vezes a garotada não tem condições dentro de casa, mora em áreas de risco, então, a violência, a droga, estão ali, na porta da casa dele, ele vai para dentro do esporte, onde, entre aspas, ele deixa de conversar com os amigos, eles que ficam naquela região, e aí, chega na hora dos 17 anos, quando ele precisa teoricamente de um ‘opa, continua aí, me ajuda aqui dentro da academia’, não. É ‘você não faz mais parte do projeto, você não pode mais participar’. Para onde que ele vai? Para o local onde ele brigou por quase 10 anos para não ficar. É um projeto que eu não quero só a parte competitiva, mas eu quero também a parte de pegar e conseguir colocar ele dentro de uma faculdade, conseguir um trabalho para ele se desenvolver”.

O estilo turrão ainda marca Carlos Honorato (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

META DE VIDA

O sonho da medalha dourada Olímpica o tempo se encarregou enterrar. Carlos Honorato agora só espera aproveitar tudo que aprendeu e viveu, de bom e de ruim, para ensinar e mostrar aos seus alunos. O projeto social se transformou em um projeto de vida, hierarquicamente à frente de sua prioridade pessoal, que é conseguir reunir condições de morar em uma casa, e não mais dentro de uma academia, com o tatame sendo seu colchão improvisado.

Eu sonho em poder dar um futuro melhor para os meus alunos. Independente do que seja. Eu tenho o sonho de poder acompanhar um aluno meu pela televisão, ou até mesmo lá ao lado dele, nos Jogos Olímpicos. Mas, só de eu poder encontrar com ele, daqui uns dez anos, encontrar com ele na rua e ele falar assim: ‘pô, professor, obrigado. Se você não tivesse me enchido tanto o saco lá atrás para eu fazer, concentrar, prestar atenção, eu não teria conseguido fazer minha faculdade, ter montado minha empresa’. Esse negócio para mim já seria o ideal.

A quem lhe tem no dia-a-dia, mas que pouco sabe sobre sua história devido a pouca idade, Carlos Honorato manda um recado especial.

“Uma coisa que eu sempre digo para todo mundo. Acredite em você. Não adianta eu, como professor, seus pais, seus amigos falarem que acreditam em você, que você é capaz. Se você não acreditar em você mesmo, você nunca vai chegar em lugar nenhum”.