“Vocês estão parecendo abelha no mel”, brincou o técnico do Grêmio Osasco Audax, Fernando Diniz, ao ser rodeado por dezenas de jornalistas e cinegrafistas que assistiam a uma atividade preparatória para a final do Paulistão, contra o Santos, nesse domingo, na Vila Belmiro. Diniz optou por blindar a equipe antes da disputa do título e passou a semana com os jogadores na tranquilidade do CT do Atlético de Sorocaba. Nas poucas horas em que teve acesso ao local, na sexta-feira, a Gazeta Esportiva conversou com os atletas sobre o clima nos bastidores e as curiosidades que marcaram os últimos dias do postulante ao troféu estadual.
Era comum ouvir dos jogadores que a paz reinava na equipe. Antes do primeiro jogo da final – empate por 1 a 1 com o Peixe, em Osasco -, o dono do Audax, Mário Teixeira, se irritou com os atletas que conversavam com os jornalistas e deu uma bronca em Tchê Tchê – já negociado com o Palmeiras. “Dinheiro nunca foi problema aqui”, reclamou o investidor, na ocasião. Segundo o goleiro Sidão, ‘Seu’ Mário emocionou o grupo ao enviar uma carta se desculpando pelo episódio.
“Ele nos mandou uma carta que foi lida na preleção do primeiro jogo da final. Pediu desculpas e usou termos que foram muito emocionantes. Ele se comparou a um adolescente que está apaixonado e descobre no meio do namoro que o relacionamento vai terminar. Todo mundo se emocionou e os problemas foram resolvidos ali mesmo. Somos muito gratos por tudo que ele fez por nós”, contou Sidão.
Embora o proprietário do clube tenha se conformado com a debandada dos jogadores após o Paulistão, os atletas não perdoaram aqueles que se envolveram em negociações antes da final. Os alvos de grandes clubes brasileiros ganharam apelidos e foram ‘zoados’ pelos companheiros na concentração.
“Falaram que o Yuri [meio-campista] interessava ao Santos. Os caras já estão chamando ele de Yuri da Vila”, disse Sidão, aos risos. “Quando o Tchê Tchê chega numa roda de conversa, os caras já falam para ele sair fora. Dizem que ele nem pertence mais ao Audax, que já é do Palmeiras”, diverte-se.
Tchê Tchê riu ao ser questionado sobre as brincadeiras, mas preferiu não comentá-las. Já Yuri ficou sem graça com a revelação. “Os caras são muito zoeiros. Eu não sei de nada de Santos, estou mais focado no jogo. Os caras é que são brincalhões”, disse o meia, antes de falar sobre o assédio vivido nos últimos dias. “É assustador. Mas nós já esperávamos, isso não atrapalha. É uma coisa que tem que ter. O time é finalista e precisa estar em evidência”.
Foi justamente por conta das especulações envolvendo jogadores que Diniz trocou a intensa movimentação de Osasco pela paz do CT sorocabano. “Aqui é melhor para o nosso time ficar concentrado. Treinamos e ficamos por aqui. Lá na nossa cidade cada um iria para a sua casa, passaria o tempo no shopping. Aqui estamos focados”, disse o meia Camacho, que, segundo o presidente Vampeta, está acertado com o Corinthians.
“Só sei do que vi pela internet. Nesse campeonato eu não conversei com ninguém. Nos outros anos, comecei a ouvir as propostas antes do fim dos torneios e meu rendimento caiu. Nós vamos aprendendo. Tenho 26 anos e aprendi com a situação. Por isso o meu empresário está cuidando de tudo”, despistou. Além de Camacho, o Corinthians também mostrou interesse na contratação do atacante Bruno Paulo.
“Não tem como fugir disso. Vem de fora e todo mundo fala. Fico feliz de saber que o Corinthians me quer. Isso me emociona ainda mais para a final. Mas, quando você fala de outro time, você esquece um pouco do seu trabalho aqui. Vamos deixar isso para depois. Na segunda-feira todos vão saber”, disse o atleta.
A blindagem aos jogadores serviu para criar um grupo unido. Não são raras as declarações de atletas valorizando os laços que foram construídos durante o Paulistão. Há, no entanto, um clima de “fim de festa” no clube. Os jogadores já lamentam os caminhos diferentes que seguirão após a final, mas garantem que a amizade será mantida da forma que for possível. “O contato teremos com o [aplicativo de mensagens] Whatsapp. Não pensamos em sair um de perto do outro, não. Independentemente do resultado e do título, fizemos uma amizade que durará para sempre”, assegurou Bruno Paulo.