Gazeta Esportiva

A um gol do centésimo, Borges faz campanha por Pato na Seleção

Contra o ex-rival Corinthians, Borges pode chegar ao centésimo gol em Brasileiros, agora pela Ponte (Foto: Divulgação)
Contra o ex-rival Timão, Borges pode chegar ao centésimo gol em Brasileiros, agora pela Ponte (Foto: Divulgação)

Bicampeão brasileiro pelo São Paulo em 2007 e 2008, o atacante Borges está a um gol de chegar ao centésimo em Campeonatos Brasileiros. A marca histórica pode ser alcançada, inclusive, contra o Corinthians, grande rival nos tempos em que o jogador atuou na capital paulista, no domingo. Atualmente na Ponte Preta, aos 34 anos, o centroavante confia no potencial ofensivo gerado pelo futebol brasileiro e vê alguns jogadores, entre eles Alexandre Pato, com condições de defender a Seleção.

Na contramão do que foi apontado pela maior parte da crítica após a vexatória eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2014, de que o futebol brasileiro carecia de centroavantes e precisava de maior dinamismo em sua estratégia de jogo, Borges preferiu enaltecer a qualidade dos definidores que estão no futebol brasileiro atualmente, como a de Ricardo Oliveira, artilheiro do Brasileirão, que regula de idade com ele e foi recentemente chamado para defender a Seleção no início das Eliminatórias.

“Tô torcendo muito para que o Ricardo Oliveira continue mantendo essa média, porque o futebol é muito de momento, tudo muda muito rápido. A garotada quer seguir muito o Messi e o Neymar, mas acredito que o Brasil tem muitas ofertas para a posição. Uma pena o Diego Costa ter se naturalizado espanhol, mas temos o Pato também. O Pato tem totais condições de assumir a camisa da Seleção”, comentou em bate-papo, por telefone, com a Gazeta Esportiva, apostando no jogador que, seis anos após sua saída, é a principal esperança de gols do ataque tricolor.

Deixando de lado os rumores que despontaram com a eliminação da Seleção, Borges ainda fez questão de apontar dois futuros nomes que podem vestir a camisa amarela, como os de Vinícius Araújo (que voltou ao Cruzeiro após passagem curta pelo exterior) e Henrique (grande responsável pela arrancada do Coritiba na Série A). Em tempo, alegou que a pressão, por parte da torcida e da imprensa, concentra-se mais nos jogadores experientes atualmente.

“Quando acabou a Copa, o Brasil precisava de renovação, não tinha mais centroavante… Criaram muita expectativa. Existe uma certa cobrança em torno dos jogadores mais experientes hoje em dia, como se não aguentassem mais jogar. No entanto, o jogador, quando fica em uma idade mais avançada, ganha muita experiência. A qualidade do jogador brasileiro sempre existiu, mas o futebol sempre precisou de um definidor. Tem uma galera surgindo aí, como o Vinícius Araújo, com quem trabalhei no Cruzeiro, e o Henrique, que foi artilheiro da base do São Paulo” declarou o vice-artilheiro da Ponte no campeonato, com cinco gols marcados.

Feliz consigo mesmo, e vivendo um bom momento profissional, Borges não quer nem pensar em aposentadoria aos 34 anos. Contudo, a motivação e o otimismo do baiano, natural de Salvador, nem sempre transpareceram em seu comportamento. O ano de 2014 foi de provação para o atacante, que perdeu praticamente metade da temporada relegado ao departamento médico para tratar lesões. Depois de um ‘retiro’ no fim do ano, o jogador pôde fazer a escolha certa e, agora, tem outro panorama da reta final da carreira.

“Em 2013 fui artilheiro do Cruzeiro na temporada e 2014 foi um ano de muita expectativa para mim, mas passei por uma sequência de lesões. Fiquei muito triste com isso, não consegui trabalhar da forma que queria. No fim do ano, parei um pouco para avaliar se valeria a pena continuar. Passei três meses com a minha família e tive muitas propostas, até que recebi uma da Ponte Preta”, contou Borges, que assinou contrato no decorrer do estadual com validade até dezembro.

“Fiquei observando o time no Campeonato Paulista e percebi que meu estilo de jogo poderia se encaixar. Essa reflexão que tive me fez voltar mais forte e agora estou muito feliz. Eu me cobro bastante, é uma meta pessoal minha chegar aos 100 gols em Brasileiros e espero que isso aconteça o mais rápido possível. Nosso foco agora é conquistar a maior quantidade de pontos possíveis para não brigar na parte debaixo, ainda é muito cedo para falar de renovação”, completou.

Ao eleger o momento mais marcante em suas participações no Campeonato Brasileiro, o atacante relembrou o ano de 2008, quando participou efetivamente da conquista do tricampeonato nacional pelo Tricolor paulista. Na oportunidade, o São Paulo foi campeão com 21 vitórias em 38 jogos, e Borges foi o quarto maior artilheiro da competição, com 16 gols marcados. Em 2011, pelo Santos, o atacante emplacou a artilharia do torneio ao final do ano com 23 gols marcados.

“O episódio que mais me marcou em Brasileiros foi o ano de 2008 pelo São Paulo. Foi um ano espetacular, principalmente no segundo semestre, quando nos sagramos campeões brasileiros. Fiz oito gols dos últimos dez do clube, e também o do título contra o Goiás. Sempre quando vejo os torcedores são-paulinos eles têm muito carinho por mim”, admitiu, evidenciando o respeito que tem pelo Tricolor paulista mais de cinco anos após o adeus.

APREÇO POR MURICY E ‘ANÁLISE’ DO TRICOLOR

Autor de um importantíssimo gol contra o Goiás, que coroou o título brasileiro de 2008, o terceiro conquistado pelo Tricolor sob o comando de Muricy Ramalho, Borges, evidentemente, não esqueceu os momentos que passou no CCT da Barra Funda. Admitindo acompanhar o futebol por meio de noticiários, o atacante compreende as atuais polêmicas que surgem nos bastidores do ex-clube como resultado da seca de títulos.

“Eu acredito que a pressão que existe no São Paulo hoje é porque o clube não conquista nenhum título de grande importância há muito tempo. No período em que cheguei (2007), tinha conquistado Mundial e Libertadores (2005), e depois venceu três Brasileiros (2006, 2007 e 2008), o que traz uma alegria enorme. O São Paulo chegou a ganhar uma Sul-Americana em 2012, mas não tem tanta potência. O torcedor quer voltar a ser campeão, a cobrança é natural”, declarou.

Após convívio no São Caetano, São Paulo e Santos (foto), Borges admite ter saudade de Muricy (Foto: Divulgação)

Perguntado sobre a importância de Muricy Ramalho em sua formação profissional, Borges demorou instantes para responder, tamanha a dificuldade de separar sua ascensão futebolística da figura caricata do treinador. Antes de chegar ao São Paulo, Borges trabalhou com Muricy no Paraná Clube e, em 2011, foi recomendado pelo treinador para trocar o Grêmio pelo Santos e formar o ataque campeão da América ao lado de Neymar.

“O Muricy pra mim é um pai, sou extremamente agradecido a ele desde os tempos de São Caetano. É um cara diferenciado, tem uma liderança muito grande dentro e fora de campo. Acho que, no Brasil, poucos atletas trabalharam com ele tanto quanto eu. É um cara amigo, que entende o jogador. Espero que ele volte a trabalhar logo porque tenho saudades de suas coletivas”, admitiu.

Com a camisa do São Paulo, Borges não deu sorte diante do Corinthians. Foram seis jogos; quatro derrotas e depois empates, com apenas um gol marcado em Majestosos. Pelo Santos, a história é até diferente. No Brasileiro de 2011, ano em que o Corinthians foi campeão, o Santos surpreendeu em pleno Pacaembu e Borges fez um dos gols da vitória por 3 a 1. Agora, pela Macaca, o atacante tem mais uma chance de reescrever sua história.

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