Voa Profeta! - Gazeta Esportiva
Bruno Calió
São Paulo, SP
01/19/2019 08:00:15
 

Até o momento, o Palmeiras não tem seu camisa 10 no Campeonato Paulista. Moisés não está na lista de 21 atletas inscritos na competição pelo técnico Luiz Felipe Scolari, mas engana-se quem imagina que isso foi uma surpresa. À reportagem da Gazeta Esportiva e TV Gazeta, o meio-campista detalhou o trabalho especial que faz neste início de temporada.

Vindo da recente conquista do Campeonato Brasileiro de 2018, o atleta mostra sinceridade em sua autocrítica, analisa a última temporada apenas como regular e explica os motivos que o impediram de repetir o futebol apresentado na conquista do outro Brasileirão de sua carreira, em 2016, quando apresentava um nível de jogo que o deixou próximo da Seleção Brasileira.

Gazeta: Elenco tem 34 jogadores e só 26 podem ser inscritos no Paulista. Dor de cabeça para o Felipão, hein?

Moisés: Sem dúvidas, e eu não queria ser ele não, viu? (risos). Tem muitos jogadores de qualidade e alguns ficarão de fora. Tem que entender que alguns terão que ser escolhidos. Eu acho uma injustiça a forma como é o campeonato. O clube que faz um planejamento de estrutura tão boa, contrata atletas de grande qualidade e faz um elenco tão forte tem que se limitar a inscrever 26 jogadores. O mais errado está aí. Mas temos que aceitar. O Felipão já falou que alguns ficarão de fora e aqueles que estiverem dentro precisam dar força para os outros.

Foi surpresa estar fora da lista do Campeonato Paulista?

Desde o ano passado, quando a gente saiu de férias, já tinha esse planejamento que na primeira rodada eu ficaria de fora. Não foi surpresa nenhuma. Eu vim de dois anos seguidos com lesões graves e isso, querendo ou não, mexe com a musculatura do atleta. Aí nesse começo de ano são 17 dias de preparação, após 30 dias de férias. É fora do padrão para um atleta de alto rendimento, você demanda mais tempo para que isso aconteça. O departamento fisiológico e de fisioterapia entendem que é melhor tomar alguns cuidados nesse começo, que façamos uma preparação melhor

Está fazendo uma preparação especial?

Tem sempre um complemento a mais, tanto antes quanto depois do treino. Todo sacrifício é válido, especialmente nessa pré-temporada porque é isso que te dá carga para o restante do ano.

Sua avaliação do ano passado e expectativa para esse ano

Ano passado eu já tive meu melhor ano em números (de jogos) no Palmeiras, sem nenhuma lesão grave, apenas uma de musculatura que me afastou 20 dias dos gramados. Todo atleta quer exercer sua profissão. Tenho certeza que Deus tem algo reservado para mim e espero que esse ano eu passe ileso novamente e conquiste os objetivos do Palmeiras.

O Palmeiras foi decacampeão brasileiro em 2018. Por que seu ano não foi tão bom?

Sempre procuro meu melhor, tenho uma autocrítica muito grande e me cobro muito. Ano passado não foi tão bom individualmente pelas circunstâncias. Joguei muito como meia, que é uma posição que eu faço, sem problema algum, mas não é a minha especialidade, jogar de costas para o adversário. Já tinha vindo de duas cirurgias, então você precisa de tempo. As vezes mais, as vezes menos. Então tudo isso, não digo que foi um problema, mas um empecilho para que o melhor da parte técnica pudesse aparecer. Não acredito que tenha sido ruim, foi regular. Tive bons jogos e alguns momentos bons, mas faltou a regularidade em nível alto como eu tive em 2016. Vou trabalhar para em 2019 ter uma sequência de jogo maior e com nível técnico elevado.

Prefere jogar de segundo volante, né?

Não é que eu tenho preferência, mas acho que é onde meu futebol mais rende mesmo.

Já falou com o Felipão sobre isso?

Já. Ele sabe, ele vê os treinamentos e joguei algumas partidas nessa função. Jogo também como primeiro volante, mas é questão de jogo. Às vezes eu não me sinto bem tecnicamente, não, não apareço, mas posso estar ajudando a equipe. Isso aconteceu em alguns momentos. O principal é o conjunto sair vencedor, como nós saímos. A segunda parte é o individual, isso deixamos em segundo plano.

O que você coloca como objetivo?

Títulos. É o que temos que almejar e o que Palmeiras merece.

Pensa em Seleção?

Penso. Tenho esse sonho dentro de mim, mas para que isso possa acontecer eu preciso atingir de novo esse nível que falei (2016). Sabemos que Seleção só vão os melhores, então tenho que estar no meu máximo e com o clube conquistando. Unindo essas duas coisas fica um pouco mais possível realizar esse sonho. Mas não é algo que fique martelando na minha cabeça. Eu tenho que procurar fazer por onde e ajudar o Palmeiras.

O Palmeiras não perdeu ninguém de 2018 para cá e ainda trouxe seis reforços. O que você está imaginando para esse ano?

O Palmeiras já a alguns anos está trabalhando assim: mantendo o máximo de jogadores possível e fazendo contratações que possam acrescentar ainda mais qualidade ao time. Já esperávamos que viessem outros jogadores. Acho que é importante, ainda mais pelo trabalho que o Felipão desenvolveu ano passado trocando muitos jogadores.

Ele disse que vai manter isso, né?

É, mas para isso, precisamos dar a mesma resposta que demos ano passado. Isso só aconteceu porque nós jogadores demos respaldo com resultado, senão eu acredito que ele não ficaria assim até o final, só um jogo ou outro.

Para você tem alguma competição especial esse ano? Libertadores, talvez?

Especial para mim é ganhar, cara. Os dois brasileiros que eu ganhei teve sensações diferentes, mas foram especiais da mesma maneira. Aquele que eu ganhar, vou valorizar bastante.