Aidar se diz traído por Ataíde e relata arrependimento por presidência - Gazeta Esportiva
Aidar se diz traído por Ataíde e relata arrependimento por presidência

Aidar se diz traído por Ataíde e relata arrependimento por presidência

Gazeta Esportiva

Por Redação

25/10/2015 às 15:28 • Atualizado: 25/10/2015 às 16:16

São Paulo, SP

"Triste" e "desapontado", Aidar admite que ter voltado à presidência foi um arrependimento (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
"Triste" e "desapontado", Aidar admite que ter voltado à presidência foi um arrependimento (Foto:Fernando Dantas/Gazeta Press)


Na segunda parte da entrevista divulgada neste domingo, pelo Estado de S. Paulo, na primeira declaração de Carlos Miguel AIdar após a renúncia oficial à presidência do São Paulo, o ex-mandatário seguiu com o discurso de requerer provas para as acusações envolvendo seu nome e a contratação irregular de jogadores, como a do zagueiro Iago Maidana, que será julgada nesta segunda-feira. Aidar se mostrou frustrado com a "traição" de Ataíde Gil Guerreiro e afirmou que ter voltado a ocupar o cargo de presidente do clube lhe trouxe um grande arrependimento.

Negando ter envolvimento algum em ganhos extraoficiais nas negociações dos volantes Wesley e Denilson, o ex-presidente diz que só "assinou o contrato". Dizendo-se horrorizado pelos ataques que sofreu de diversos lados a partir do rompimento com o antecessor Juvenal Juvêncio, no fim de setembro, Aidar afirmou ter pensado sempre no clube, mas se disse surpreso por chegar aos 70 anos desse jeito. "Eu estava em um colchão de conforto no meu escritório que era fantástico. Eu fundei o escritório. Para que deixei isso para passar o que passei no São Paulo?", analisou.

Segundo Aidar, a gravação citada no e-mail escrito por Ataíde, que vazou na imprensa e gerou toda a pressão que culminou no pedido de renúncia, foi o grande estopim para a crise política que se abateu sobre o clube no último mês. Longe do cargo há doze dias, o ex-mandatário tricolor, que também esteve à frente do clube na década de 1980, não esconde o desapontamento e a tristeza pela saída conturbada.

"Foi um desgaste tremendo. Se eu tenho um arrependimento hoje, é de ter voltado à presidência do São Paulo. Eu me arrependo disso. Família triste, perdi o escritório, clientes, perdi um amigo chamado Ataíde, que eu quis ajudar. Só me meti nisso porque quis ajudá-lo, porque eu sei que ele precisava. Para mim isso me dói, me machuca e muito. Eu me sinto traído, desgostoso, desapontado, triste", lamentou. "É muito frustrante ter um amigo que leva um gravador escondido. Acho isso bastante desagradável. Mas enfim, paciência", prosseguiu.

Gravação do amigo Ataíde em conversa foi frustrante, diz Aidar (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Gravação do amigo Ataíde em conversa foi frustrante, diz Aidar (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)


Garantindo que o São Paulo, em termos políticos, é uma "página virada" e "deixou de existir", o ex-presidente agiu com indiferença quando perguntado sobre as resoluções de Leco, presidente do Conselho Deliberativo e provável único candidato nas eleições que acontecerão terça-feira, dia 27. Aidar preferiu não comentar, de forma direta, o retorno de Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente durante seu mandato e um dos envolvidos no contexto de renúncia, ao quadro diretivo do Tricolor.

"O regime é presidencialista. Não posso ficar decepcionado ou feliz. Tenho que aceitar. Não me cabe julgar se foi bom ou ruim. Não está em mim essa faculdade. O Leco vai se cercar das pessoas que ele considera mais adequadas. O vice financeiro certamente será alguém indicado pelo Abílio Diniz. Eles tentaram me desestabilizar e se uniram em torno desse projeto. Agora que alcançaram o poder, vão ter que se organizar", disse Aidar, afirmando que continuará pagando sua garagem no estádio e usufruindo de suas 14 cadeiras cativas para assistir aos jogos.

"O São Paulo virou um BBB", diz ex-presidente sobre vazamentos

De forma sucinta, Carlos Miguel Aidar não se alongou para falar sobre as informações de bastidores que vazaram e colaboraram no processo de 'fritura' de seu mandato à frente do clube. Sem citar nomes para "evitar injustiças", o ex-presidente de mostrou muito incomodado com as fofocas, tal como o assunto das mensagens para o técnico Osorio acerca de suas decisões sobre o time. "O São Paulo virou um BBB. Vai ser difícil achar quem era o maior fofoqueiro", disparou.

Plano especial para Doriva

O ex-mandatário Tricolor, que, em uma das últimas ações de seu mandato, trouxe Doriva para o lugar de Juan Carlos Osorio, revelou que o técnico, antes da Ponte Preta, e ex-volante do Tricolor, já estava nos planos desde a chegada do treinador colombiano ao clube. O plano, que chegou a ser cogitado internamente, era ter Doriva como auxiliar de Osorio para uma espécie de iniciação.

A ideia era colocar Milton Cruz novamente como observador nas categorias de base, em Cotia (SP), para que, dessa forma, Doriva tivesse espaço na comissão técnica. Mas a ideia não deu certo. Só a partir das "frescuras" de Osorio que os contatos de José Eduardo Chimello e Doriva - que trabalharam juntos no Ituano, em 2014 - se intensificaram.

Aidar revelou que plano inicial era trazer Doriva como auxiliar de Osorio (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Aidar revelou que plano inicial era trazer Doriva como auxiliar de Osorio (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)


"Quando o Osorio começou a claudicar, falei para tirar o Milton e mandá-lo para a base, o Ataíde concordou. O plano era trazer o Doriva e prepará-lo para ser o auxiliar técnico do São Paulo para no futuro ser o técnico do time. Eu estava pensando no futuro. Mas fiquei com um certo receio de menosprezar o Doriva ao oferecer o trabalho de auxiliar", contou, dizendo que Osorio ficou inteiramente dependente de Milton Cruz, "até para assar uma carne".

Negociação por Alexandre Pato?

Entre tantos esclarecimentos, Aidar deixou escapar um plano, que já estava orquestrando com o aval de Ataíde, para manter Alexandre Pato no São Paulo após o fim do empréstimo com o Corinthians. Revelando que já tinha até conversando sobre as possibilidades com o jogador, o ex-presidente trabalhava para conseguir um aporte financeiro capaz de arcar com os 10 milhões de euros (cerca de R$ 40 mi à cotação atual) de seu passe, sendo que 40% do valor pertence ao próprio Pato.

"Na verdade, ele custa 60% de 10 milhões de euros. Então, para o São Paulo, custaria 6 milhões de euros. Eu acho que vale isso. O problema é que o clube não tem dinheiro. Mas se você consegue um fundo de investimento, faz uma captação, acho que vale o investimento para vender o Pato na janela de 2017. O prazo é agora até 31 de dezembro, até essa data o São Paulo pode pagar os 10 milhões de euros", falou.

Citando a figura de Abílio Diniz como grande possibilidade de o São Paulo se reorganizar e se reinserir no mercado financeiro, Aidar já adiantou que o São Paulo não terá caixa para fazer grandes contratações na próxima temporada. "O futebol brasileiro não comporta mais, todas os times vão ter equipes mais modestas. É por isso que o São Paulo está investindo na base. A grande tarefa do Leco será reorganizar financeiramente o São Paulo. Com o apoio do Abílio, será mais fácil, porque ele traz credibilidade ao mercado. Ele vai querer mandar na área financeira", disse.

 

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