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Aidar oficializa renúncia e já empossa Leco: “Ele é o novo presidente”

Sem poder despedir-se dos companheiros de trabalho pessoalmente, Aidar mandou adeus por e-mail(Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Carlos Miguel Aidar dará lugar a Leco na presidência do São Paulo (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Carlos Miguel Aidar oficializou na tarde desta terça-feira sua renúncia como presidente do São Paulo. Em uma reunião realizada no escritório de Antonio Claudio Mariz, conselheiro são-paulino e seu aliado político, Aidar entregou o pedido de desligamento nas mãos do presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. Primeiro na sucessão de Aidar, Leco exercerá o cargo por 30 dias até convocar novas eleições. Ele deverá ser candidato único no pleito que empossará o novo mandatário tricolor. A atual gestão se encerrá em 2017.

“Entreguei o papel ao Carlos Augusto. Ele é o novo presidente”, afirmou Aidar, sorridente, ao deixar o escritório de Mariz. Por volta de 16h45, ele entrou em um Mini Cooper vermelho e seguiu para sua residência. No carro de atrás estava José Francisco Mansur, assessor da presidência são-paulina.

Aidar se negou a comentar as denúncias que levaram a sua renúncia. As acusações foram apresentadas pelo ex-vice-presidente de futebol do clube, Ataíde Gil Guerreiro, na última semana. Ele enviou um e-mail ao ex-dirigente e aos conselheiros tricolores dizendo possuir provas de que Aidar vinha desviando dinheiro oriundo de negociações de atletas. Também pesou contra o ex-presidente a denúncia de que o acordo com a fornecedora Under Armour rendeu uma comissão de R$ 6 milhões à empresa da namorada de Aidar, Cinira Maturana.

Ataíde surgiu com as provas após ter agredido Aidar com um soco durante uma briga na última segunda-feira, em um hotel paulistano. Acredita-se que o entrevero teve início após Aidar sugerir que eles compartilhassem uma comissão que seria desviada da contratação de um jogador da Portuguesa. Ataíde foi exonerado do cargo no dia seguinte ao incidente.

Com a saída do ex-vice, o treinador colombiano Juan Carlos Osorio ficou sem aliados dentro da diretoria são-paulina e antecipou a decisão de deixar o clube para dirigir a seleção mexicana. Ao comunicar a saída do técnico à torcida, Aidar emitiu uma nota dizendo que havia demitido toda a diretoria para constituir uma nova base política. A estratégia tinha a finalidade de apaziguar os ânimos nos bastidores, mas provocou efeito reverso. Dirigentes ligados à sua base aliada, incluindo o grupo do ex-vice-presidente geral, Júlio Casares, deixaram claro que não gostariam de reaver seus cargos caso Aidar continuasse à frente da gestão.

Histórico – Aidar foi eleito presidente do São Paulo no dia 16 de abril do ano passado. Apoiado pelo ex-presidente Juvenal Juvêncio, ele desbancou a concorrência interna a figurou no pleito como candidato único. Aidar viria a se tornar desafeto de Juvenal ao demiti-lo do cargo de diretor das categorias de base do clube e romper as alianças com seu antecessor.

Após pouco menos de um ano e meio de mandato, Carlos Miguel Aidar colecionou polêmicas com os clubes rivais. Além de provocar o Corinthians ao dizer que o estádio de Itaquera era localizado em um “fim de mundo”, o são-paulino causou a ira do presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, ao contratar os jogadores Alan Kardec e Wesley. O alviverde chegou a dizer que faltava ética ao ex-dirigente do Tricolor.

A última renúncia da história política do São Paulo foi justamente a manobra que colocou Henri Couri Aidar, pai de Carlos Miguel, no poder. Na década de 1970, Laudo Natel – que dá nome ao centro de treinamento de Cotia – renunciou ao cargo que ocupava há 13 anos para disputar o Governo do Estado. O pai de Aidar ficou entre 1972 e 1978 na presidência do clube.

Sucessor de Juvenal Juvêncio, dirigente que acumulou práticas questionáveis nos bastidores, mas que participou de uma era gloriosa na história de títulos do São Paulo, Carlos Miguel Aidar é o primeiro presidente em 44 anos a deixar o cargo sem ter ganho um título sequer.

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