Gazeta Esportiva

Sampaoli elogia personalidade de Kaio Jorge no Santos; confiança vem desde a infância

Personalidade de Kaio Jorge anima Sampaoli (Foto: Djalma Vassao/Gazeta Press)

O técnico Jorge Sampaoli ficou entusiasmado com a personalidade de Kaio Jorge durante a eliminação do Santos para o Corinthians, na semifinal do Campeonato Paulista, na última segunda-feira.

O atacante de 17 anos entrou aos 36 minutos do segundo tempo, na vaga de Jean Mota, e pediu para cobrar um dos pênaltis. O auxiliar Pablo Fernández não gostou da ideia, mas Sampaoli liberou. O jovem foi o único a deslocar o goleiro Cássio, porém, a bola bateu no travessão.

“Kaio foi muito macho. Ele falou que ia bater, o Sampaoli autorizou. É algo maravilhoso para mim, não teve medo de errar. Foi o único que deslocou o Cássio. Ele mostrou quem é. Sampaoli chamou ele, ficou satisfeito, deu parabéns e disse que ele foi homem. Eu estava na torcida e vi gente pedindo ele, depois gente apoiando quando a bola bateu na trave. Isso para mim é tudo”, disse Atenas Karina, mãe de Kaio, à Gazeta Esportiva. 

“Ele sempre foi assim, falava desde criança que era para tocar nele pois resolveria. Isso nasceu com ele. Quanto mais plateia, mais pressão, mais ele joga. Na volta do jogo, o pai perguntou sobre estar nervoso. Ele disse que não, que foi o primeiro jogo sem nervosismo. Estava tranquilo, que parecia um treino. Comentou com o pai que não olhou para o Cássio e o deslocou. O pai mandou uma mensagem antes do jogo começar, falando para não olhar para o goleiro. Ele não leu, mas fez o que o pai pediu por coincidência. Kaio correu olhando para a bola e não teve sorte, a vida é assim. Ele tem uma raça, é pernambucano mesmo! Arretado. Ontem já falou que foi importante a experiência para acertar na próxima. Foi treinar cheio de vontade”, completou, orgulhosa.

A personalidade de Kaio Jorge não é novidade para quem o acompanha. A Gazeta Esportiva conversou com Índio, técnico de futsal do Santos, e André Alves, ex-auxiliar do Peixe. Dois episódios comprovam a confiança do atleta em si mesmo: o Campeonato Paulista de 2013, ainda no salão, e a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2018.

Na competição de futsal, com 11 anos e no início de sua trajetória pelo Alvinegro, Kaio chamou a responsabilidade numa final e “dominou” o tempo técnico do treinador.

“Ele tinha 11 anos, eu era o treinador na final. Eu pedi o tempo contra o São Paulo, jogo estava 1 a 1 e não encaixava. Durante o tempo, Kaio falou para eu mandar jogarem a bola nele. “Joguem em mim, podem jogar, vou fazer o gol”. No primeiro lance, foi uma coisa até emocionante, ele recebeu, virou e fez o gol do 2 a 1. Fomos campeões e ele foi o artilheiro do Paulista”, lembrou Índio.

“Sempre foi diferente, com uma personalidade incrível. Estava à frente por causa dessa coragem. Atletas confiavam nele por causa dessa confiança. Ele resolvia mesmo. Jogou só com gente de seleção brasileira de base: Sandry, Cadu, Giovanni, Gabriel Pirani… Ganhamos tudo nesse ano, sempre com o Kaio como artilheiro”, emendou.

Na Copinha do ano passado, Kaio, então com 15 anos, converteu a última penalidade para o Santos, contra o Mirassol, na classificação para a terceira fase da competição. A equipe acabou eliminada nas quartas de final para o Internacional.

“Vivi bons momentos com o Kaio. Acompanhei no sub-15, um garoto que tranquilamente poderia ter queimado etapas. Levamos ele para a Copa São Paulo de 2018, Aarão (o técnico) ficou um pouco receoso, eu conhecia mais. Fizemos um treino no profissional, ele entrou no segundo tempo, fez um gol e nos impressionou pela força. Em um elenco limitado, não podíamos pegar ninguém do sub-17. Recorremos ao sub-15, com Kaio, Giovanni, Sandry”, disse André Alves, ex-auxiliar do time sub-20.

“Kaio sempre teve muita personalidade, confiança, força. Ele é matador como poucos na área, conclui muito bem e é muito inteligente. É difícil saber fazer gol, e ele sabe. Eu acredito muito, é classe mundial. Convocado sempre para seleções brasileiras de base, técnica e taticamente muito bom, além da questão psicológica fantástica. Levamos para a Copinha de 2018, com 15 anos, bateu pênalti decisivo contra o Mirassol. Bateu como um veterano. Eu montei a sequência dos batedores, campo era ruim e alguns não responderam rápido. Kaio foi o primeiro a falar para bater. É um moleque que não sente”, concluiu.

Kaio Jorge tem quatro jogos pelo Santos em 2019, ainda sem marcar gol. Ele estreou como profissional no ano passado, ainda sob o comando de Cuca, em vitória por 1 a 0 sobre o Athletico, na Vila Belmiro, no dia 30 de setembro.

Kaio Jorge deve receber mais chances no Santos (Ivan Storti)
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