Rival do Palmeiras, Bolívar tem escolinha oficial em São Paulo como fonte para a base - Gazeta Esportiva
Rival do Palmeiras, Bolívar tem escolinha oficial em São Paulo como fonte para a base

Rival do Palmeiras, Bolívar tem escolinha oficial em São Paulo como fonte para a base

Gazeta Esportiva

Por Bruno Ceccon

30/09/2020 às 09:00 • Atualizado: 09/04/2022 às 15:26

São Paulo, SP

Sediado em La Paz, o tradicional Club Bolívar tem a possibilidade de abastecer suas categorias de base com atletas brasileiros. O time mais popular da Bolívia, adversário do Palmeiras na Copa Libertadores, possui uma escolinha oficial em São Paulo, cidade com numerosa colônia do país vizinho.

Os bolivianos constituem o maior grupo de estrangeiros na capital paulista, à frente dos portugueses. Em 2019, eram mais de 75 mil pessoas – o número tende a ser significativamente maior, já que muitos não figuram nas estatísticas oficiais. O projeto “Bolívar-Brasil”, não por acaso, fica no Canindé, um dos redutos dos imigrantes.

Criada em janeiro de 2017, a escolinha chegou a contar com 300 alunos. Atualmente, após seis meses de paralisação por conta da pandemia de covid-19, há cerca de 65 jovens em treinamento, a maioria bolivianos ou filhos de imigrantes com o sonho de iniciar trajetória no Bolívar.

Técnico Artur Costa (à dir.) recebeu Bolívar no aeroporto e fez foto com Arce (Foto: Acervo Pessoal)


A franquia oficial em São Paulo recebe alunos de seis até 17 anos de idade, independentemente da nacionalidade. A partir dos 12, os meninos mais promissores já passam a receber uma preparação diferenciada e, com 14, podem ser indicados para período de avaliação em La Paz.

“Mantenho contato constante com o coordenador das categorias de base do Bolívar. Periodicamente, recebo uma lista de carências. Por exemplo, ele me pede: ‘Preciso de um volante canhoto de 15 anos ou de um goleiro de 1,80m’. A partir disso, vamos encaixando”, explicou o técnico Artur Costa, coordenador da escolinha paulistana.

Uma vez aprovados no período de avaliação de 21 dias, os atletas são incorporados às categorias de base do Bolívar, maior campeão de seu país. O expoente da escolinha paulistana é o zagueiro Joel Ajno Sillo, de 19 anos, que já figura no elenco “pré-profissional” do site oficial do time de La Paz.

O Bolívar recebe royalties para ceder o nome à escolinha paulistana e tem prioridade para utilizar os jovens formados na unidade. Os atletas que não são aprovados pelo clube, porém, podem ganhar chance em times brasileiros, como Portuguesa, Juventus, União Mogi e AD Guarulhos.

Zagueiro Joel Ajno frequentou escolinha em São Paulo e foi incorporado pelo Bolívar (Foto: Divulgação)


A maioria dos bolivianos imigra em busca de empregos e melhores condições de vida – não raro, trabalham em situações análogas à escravidão. A escolinha do Bolívar, clube batizado como tributo ao libertador Simon Bolívar, além de formar atletas, também funciona como espaço de integração e combate ao preconceito para os jovens.

“Dos seis aos 11 anos, o lado principal não é o alto rendimento, mas sim a interação, a convivência em grupo. Todos treinam juntos, independentemente da nacionalidade. Muitas vezes, os pais saem para trabalhar de madrugada e as crianças ficam em casa o dia inteiro”, descreveu Artur Costa, dono da licença B do curso de treinadores da CBF, dedicada aos profissionais da base.

Costa jogou profissionalmente e, durante os quase três anos em que atuou na Bolívia, estabeleceu laços com o Bolívar, embora não tenha defendido o clube. Na última terça, conversou com a Gazeta Esportiva enquanto esperava pelo desembarque da delegação no Aeroporto de Guarulhos e bateu fotos ao lado dos atacantes Arce e Riquelme.

“A gente representa o Bolívar no Brasil e é inevitável não torcer pelo clube. Tenho amizade com atletas e diretores. Então, acabamos nos envolvendo não apenas no lado profissional, mas também como torcedores”, contou o coordenador da escolinha, pronto para torcer pelo time boliviano contra o Palmeiras.


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