Pelé 80 anos: conheça palmeirense que estampou capa da Gazeta com o Rei e Maria Esther Bueno - Gazeta Esportiva
Pelé 80 anos: conheça palmeirense que estampou capa da Gazeta com o Rei e Maria Esther Bueno

Pelé 80 anos: conheça palmeirense que estampou capa da Gazeta com o Rei e Maria Esther Bueno

Gazeta Esportiva

Por Redação

23/10/2020 às 07:01

São Paulo, SP

*Reportagem originalmente publicada em 16/11/2018, com adaptações

O octogenário Pelé estampou a icônica capa da edição de novembro de 1958 da Gazeta Esportiva Ilustrada. Então com apenas 18 anos de idade, ele dividiu o protagonismo na revista com a tenista Maria Esther Bueno e com o palmeirense Biriba, prodígio do tênis de mesa.

Como herói do sonhado título mundial da Seleção Brasileira, Pelé foi o primeiro a se consagrar em 1958. Pouco depois, Maria Esther Bueno iniciou em Wimbledon sua longa coleção de Grand Slams. Em seguida, com apenas 13 anos, Ubiraci Rodrigues da Costa, mais conhecido como Biriba, ganhou status de ídolo nacional.

Em comemoração ao cinquentenário da imigração japonesa, dois astros do tênis de mesa vieram ao Brasil para uma turnê. Bicampeões mundiais, Ichiro Ogimura (1954 e 1956) e Toshiaki Tanaka (1955 e 1957) foram surpreendentemente vencidos pelo jovem Biriba, mesa-tenista do Palmeiras.

Um jornalista da Gazeta Esportiva foi o responsável por popularizar o apelido de Ubiraci, à época com 1,50m de altura. Durante visita ao acervo da publicação, realizada em novembro de 2018, ao ver a manchete “Biriba deu capote no campeão mundial”, o mesa-tenista comentou, nostálgico: “Esse foi o dia que mudou minha vida”.



Na capa da inovadora Gazeta Esportiva Ilustrada, Pelé segura uma raquete de tênis, Biriba exibe uma bola de futebol e a elegante Estherzinha, uma raquete de tênis de mesa. Sorridente, o trio compõe uma imagem com as cores da bandeira do Brasil, completada por desenhos nos quais todos aparecem usando coroas.

“O esporte é momento e, naquela época, éramos três ídolos nacionais. Um menino de apenas 13 anos ganhar de dois campeões mundiais foi algo significativo. Por isso, muitos entenderam que eu estava no mesmo nível do Pelé e da Maria Esther Bueno”, descreveu Biriba, em entrevista concedida em 2018.

O jornal A Gazeta Esportiva usou o termo “triângulo de ouro dos esportes brasileiros” para falar sobre os atletas. “Biriba é um pedaço de palmo de garoto, que joga na ponta dos pés, porque mal alcança a mesa com o peito. De seus pequeninos punhos infantis, vibram golpes implacáveis, que puseram doidos os japoneses”, noticiou o jornal.

Biriba recorda detalhes da reunião promovida na redação da Gazeta Esportiva, à época situada na Avenida Cásper Líbero. Ele encontrou Maria Esther Bueno em outras ocasiões, mas não voltou a ter a chance de conversar com o ídolo Pelé.

Pelé, Biriba e Maria Esther Bueno na redação da Gazeta Esportiva em 1958 (Fotos: Acervo/Gazeta Press)


“Lembro de todas as palavras do Pelé, do jeito dele. Ainda era mais calado, porque a fama estava começando, mas, ao mesmo tempo, muito simpático e acessível. A Maria Esther foi uma pessoa reservada, porém simples. Uma grande campeã. Essa capa é meu cartão de visitas e todos ficam impressionados ao vê-la”, contou Biriba, hoje com 75 anos.

Em plena redação, os jovens atletas fizeram poses com as raquetes e a bola de futebol. Em uma das fotos publicadas, segurando sua raquete no estilo caneteiro, Biriba é atentamente observado por Pelé e Maria Esther Bueno. “O pequeno campeão ficou muito orgulhoso de seus dois novos fãs”, diz a legenda.

Diante do sucesso do pequeno campeão, a japonesa Butterfly produziu uma raquete com o nome Biriba. A fama aumentou no Mundial de Pequim 1961, quando o garoto de 15 anos ganhou do local Rong Guotuan, então defensor do título, e estabeleceu seu melhor resultado no torneio ao alcançar as oitavas de final.

Biriba disputou o terceiro e último Mundial com 17 anos e, aos 21, resolveu encerrar a carreira. Embora tenha visto Pelé e Maria Esther Bueno seguirem seus caminhos de maneira bem-sucedida, o mesa-tenista nega qualquer tipo de arrependimento pela decisão.




“As dificuldades na minha modalidade, totalmente amadora, eram muito maiores. Fama não paga despesas, então precisei trabalhar. Meu único anseio era ser campeão mundial, mas vi que essa possibilidade ficava cada vez mais distante. Sem apoio, não tive alternativa, mas saí por cima e o nome ficou preservado”, contou Biriba.

O sucesso precoce cobrou um preço alto do garoto que sempre jogou contra adultos e chegou a alcançar o 19º lugar do ranking mundial. Biriba passou por problemas emocionais sérios, superados com terapia e com a volta ao esporte que sempre amou – ele foi campeão brasileiro aos 35 anos e, depois, fez sucesso entre os masters.

“O menino-prodígio nunca está preparado para a fama, então sempre sofre mais. Aos 27 anos, tive uma depressão muito forte e, até os 35, fui aos trancos e barrancos. Eu era uma pessoa complicada. Mas consegui superar e dei a volta por cima, porque me cuidei e tive gente que ajudou”, contou.

Formado em contabilidade e economia, Biriba fez carreira como funcionário público e, há cinco anos, está aposentado. Ele seguiu jogando tênis de mesa no Palmeiras, clube que trata como “segunda casa”, e torce pelo sucesso de Hugo Calderano, maior expoente atual da modalidade no Brasil.


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