Lucas Silva é um dos grandes símbolos dos últimos seis anos de muito sucesso alcançado pelo Cruzeiro. Uma das principais peças no meio de campo da equipe bicampeã brasileira, em 2013 e 2014, e presente no elenco comandado por Mano Menezes nas campanhas das duas campanhas da Copa do Brasil, em 2017 e 2018, o volante emprestado pelo Real Madrid tem contrato com a Raposa até o meio deste ano.
Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Lucas Silva comparou os elencos dos dois períodos importantes dos quais participou vestindo a camisa cruzeirense. Para ele, é difícil de apontar qual é melhor entre o atual e o da conquista do bicampeonato brasileiro, já que têm modelos de jogo distintos, cada um com suas qualidades.
“Fico um pouco dividido porque os dois elencos, tanto os que foram campeões brasileiros, quanto o atual, são elencos muito bons, porém com características diferentes. Nosso time de 2013 e 2014 chamava muita atenção pelo nosso grande poder ofensivo, tínhamos como característica fazermos muitos gols. Já nosso elenco atual tem mais posse de bola, busca cadenciar mais o jogo. Tem um sistema defensivo mais definido e que sofre menos gols”, analisou o cruzeirense.
Das seis partidas da Raposa no estadual até o momento, Lucas Silva atuou em quatro delas, o que dá o tom da importância que terá no ano da equipe. O meio-campista projetou uma temporada cercada de expectativas criadas depois dos títulos da Copa do Brasil conquistados nas últimas duas temporadas. Segundo o jogador, o objetivo agora é buscar títulos também em âmbito continental.
“As expectativas para o ano são as melhores possíveis, ainda mais sendo bicampeão da Copa do Brasil. Vamos com tudo pra defender esse título e também é claro que um torneio que nos chama muita atenção é a Copa Libertadores”, comentou o volante. “Com a chegada de novos reforços, o nosso time em 2019 ficou mais forte ainda”.
O time comandado por Mano Menezes perdeu Arrascaeta, vendido por 13 milhões de euros (cerca de R$ 55 milhões) ao Flamengo, porém trouxe como reforços o meia Rodriguinho, que estava no Pyramids, do Egito, e o lateral-esquerdo Dodô, que estava emprestado pela Sampdoria ao Santos. Além destes dois atletas, que chegam para ser titulares absolutos, a Raposa ainda contratou o meia-atacante Marquinhos Gabriel, o volante Jadson e o lateral-direito Orejuela.
Mesmo sendo um dos principais elencos do país, o Cruzeiro tem sido ofuscado por Palmeiras e Flamengo, times com investimentos mais altos do Brasil. Para Lucas Silva, a falta de destaque do time de Minas Gerais na mídia pode ser um ponto positivo para a temporada da equipe.
“Vejo que o time do Palmeiras e Flamengo são mais comentados pelas grandes contratações que fizeram, pelo grande orçamento que têm para investir. Isso acaba gerando mais especulação e mais mídia para esses clubes. Por um lado vejo até que é bom falarem pouco do Cruzeiro, porque a gente segue trabalhando firme, temos uma base sólida com a manutenção de jogadores e treinador, assim como reforços que chegaram”, apontou o jogador.
“Acho que a gente vai estar em um patamar muito bom em 2019 e vamos continuar brigando por títulos. O Cruzeiro vai se manter, sem dúvidas, no alto da tabela”, completou otimista o atleta.
Lucas Silva inicialmente tinha contrato com a equipe mineira até o meio do ano passado, porém conseguiu renovar seu vínculo até junho de 2019. O volante ainda acha difícil projetar o seu futuro no próximo semestre, porém demonstra estar com a cabeça em Belo Horizonte.
“Tenho contrato até o meio do ano com o Cruzeiro, estou muito tranquilo e sigo focado nesse início de temporada. Me sinto no meu mais alto nível físico por ter feito duas pré-temporadas seguidas e por ter jogado bastante no ano passado” disse o jogador, que em 2018 atuou em 44 partidas pela equipe.
Mesmo tratando a situação do fim de contrato com tranquilidade, o volante não esconde a vontade de retornar à Europa para dar continuidade à carreira. Mesmo assim, prega paciência nos próximos passos que acontecerão nas negociações com o Real Madrid.
“Eu tenho desejo de voltar pra Europa, mas também aqui no Cruzeiro me sinto muito à vontade, me sinto em casa. Então quero que as coisas aconteçam passo a passo e a hora que chegar no momento de me reunir com o Cruzeiro, com o Real Madrid e com meu empresário, a gente vai decidir o que for melhor. Mas tudo o que eu quero agora é estar em campo agora e atuar em alto nível”, afirmou o meio-campista.
Aos 25 anos, Lucas Silva tem em seu currículo dois Campeonatos Mineiros, além do bicampeonato brasileiro e a recente dupla conquista da Copa do Brasil. O jogador entende que um histórico vencedor é importante para a realização de um atleta de futebol, porém ainda pretende atingir mais objetivos, dentre ele atuar pela Seleção Brasileira.
“Tenho metas que tracei desde novo e quero correr atrás delas, principalmente nesse ano de 2019. Quero ter uma oportunidade na seleção, disputar uma Copa do Mundo. No Brasil, um título que gostaria muito de conquistar é a Copa Libertadores. Um título que me chama muito atenção, pra fechar com chave de ouro a minha carreira, é a Liga dos Campeões”, falou sobre seu futuro o volante.
Em 2015, após destacar-se como um dos principais jogadores da conquista do bicampeonato Brasileiro, Lucas Silva foi vendido ao Real Madrid por 14 milhões de euros (cerca de R$ 60 milhões com a cotação de hoje). Cercado de boas expectativas pelo bom desempenho demonstrado no Cruzeiro, o volante não conseguiu se firmar no futebol europeu.
Ao todo, fez apenas nove jogos pelos merengues e foi então emprestado ao Olympique de Marseille, ainda em 2015. Pelo clube francês, o jogador esteve em campo em 33 partidas. Lucas Silva diz acreditar que a falta de sequência no Velho Continente atrapalhou seu processo de adaptação, porém acredita que foi uma experiência importante para a sua carreira.
“Na minha passagem pela Europa eu era muito novo. Foi uma experiência muito grande ter passado uma temporada no Real Madrid e também no Olympique. Já tão novo ter compartilhado vestiário, treinamentos e jogos com grandes jogadores. Senti um pouco a adaptação e também por falta de sequência. Acredito que se tivesse um número maior de jogos, seria mais fácil de me adaptar”, finalizou o cruzeirense.
* especial para a Gazeta Esportiva
