Gazeta Esportiva

Duilio nega que tenha dado prazo para Sylvinho no Corinthians: “Jamais”

Foto: Rodrigo Coca

Duilio Monteiro Alves tomou a decisão de não investir no time de futebol do Corinthians durante o primeiro semestre deste ano. Apesar da intenção ter sido anunciada ainda durante a campanha eleitoral, o presidente se viu pressionado por parte da torcida devido aos insucessos da equipe nos gramados.

Em um dos protestos encabeçados pelas organizadas do clube, no fim de julho, no CT Joaquim Grava, o presidente do Timão topou abrir as portas e conversar. Naquele dia, após a reunião, um torcedor garantiu que Duilio havia dado um prazo de sete jogos para Sylvinho.

A informação se espalhou, principalmente pelas redes sociais. Mas, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, o mandatário corintiano explicou o mal-entendido.

“O dia que eu der prazo para um treinador eu já não preciso nem manter ele. Não foi isso que foi dito. Tivemos uma reunião interna. Eu, sozinho, atendi todas as torcidas, dois representantes de cada e conversamos muito sobre tudo que eles tinham para colocar, as insatisfações deles. Expliquei. E o que eu pedi para eles foi – porque a gente tinha tido protesto dois dias antes, uma semana antes, depois naquele dia – e o que eu pedi para eles foi um pouco de paciência para que a gente tenha tempo para trabalhar. Para que o Sylvinho e o time, o elenco, os jogadores que chegaram, como eu coloquei, para que a gente pudesse trabalhar um pouco em paz, para que a gente possa mostrar o resultado na frente”.

“Então, foi isso. Não foi um pedido de prazo para o treinador. Jamais. Foi um pedido de prazo para eles, para que dessem força. O Corinthians precisa do torcedor. A grande força do Corinthians é a Fiel, é o seu torcedor. Então, pedi a eles que apoiassem até o fim. Os ‘sete jogos’ é porque era o que faltava até o fim do primeiro turno para que a gente pudesse mostrar o resultado”.

“Um pedido de paciência e de apoio para a torcida, para que ela viesse junto, para que a gente pudesse, nesse tempo, até o fim do turno, mostrar o trabalho, porque o trabalho iria aparecer, porque pode demorar um pouco mais, um pouco menos, mas, cara, quando você trabalha, faz a coisa certa, tem convicção do que você está fazendo, o trabalho vai aparecer. Ele pode demorar sete jogos, 10, 15, 20”.

“Ali, foi um conversa assim: ‘olha, faltam sete jogos para terminar o turno. Deixa a gente, deixa o Sylvinho montar o time dele, deixa o time, a gente vai ter tempo de treinamento, para depois vocês cobrarem. Apoia! Precisamos do apoio de vocês. Porque é o que eu coloquei, a torcida do Corinthians é a maior de todas, é o que move tudo aqui dentro”.

Duilio Monteiro Alves não só refutou a tese de que tenha dado prazo a Sylvinho, como também se mostrou confiante e otimista depois da equipe reagir nas duas últimas rodadas, frente a Santos e Ceará.

“Jamais vou colocar prazo para o treinador, mesmo porque eu acredito muito no trabalho dele e o que está sendo feito, e o resultado a gente já vê um time mais organizado. Fizemos bons jogos com Santos e Ceará, mas o time ainda vai oscilar. Não vamos jogar sempre assim, o time ainda vai oscilar, estamos remontando o time, é uma outra forma de jogar, é um novo treinador, e a mudança de treinador não resolve o problema sempre, a gente está cansado de ver isso”.

“(Sylvinho) é um cara que nasceu aqui dentro, foi criado no Corinthians, conquistou títulos aqui, jogou nos maiores clubes do mundo, foi auxiliar de grandes treinadores, de seleção, é um cara que se preparou, estudou, mas não só isso. Isso não credencia. O trabalho que ele vem fazendo no dia-a-dia, o trabalho nos treinamentos, a forma de dar treinamento, de explicar os atletas, de montar o time, de organizar o time, e a gente vem vendo evolução”.

“Entendo que precisa de tempo o futebol. Da mesma forma que eu falei do Luan. O Sylvinho está há dois meses e pouco no Corinthians, no início com muitos jogos, agora que estamos tendo tempo para treinar e a gente vê evolução, e acompanha o dia-a-dia”.

As semelhanças com Tite, a quem Sylvinho auxiliou tanto na Seleção Brasileira quanto no próprio Corinthians, são costumeiramente lembradas dentro do clube.

“Muito parecido. Um cara que trabalha 24 horas por dia, impressionante, pilhado, não para um minuto, é um cara que quer vencer, fica de 10 a 15 horas analisando o adversário, é um cara que não para. Ele, para ser justo, o Fernando Lázaro, o Doriva, o Alex, que agora está na comissão, todo nosso pessoal do Cifut, eles vêm fazendo um trabalho muito bom, e a gente começa a ver resultado. É lógico que vai oscilar ainda. A gente fez bons jogos, depois fizemos um jogo péssimo contra o Flamengo, horroroso, todos nós sabemos lá dentro, estou falando aqui e o que a gente fala todos nós sabemos lá dentro e ninguém saiu satisfeito, mas também reagimos muito bem contra o Santos, que era uma preocupação depois de um jogo daquele contra o Flamengo”.

Na visão de Duilio, as críticas em cima de Sylvinho são desmedidas e desproporcionais. O presidente acredita que o distanciamento causado pela pandemia do coronavírus tem influência direta nessa cobrança.

“Infelizmente, falando em relação à imprensa, as críticas, infelizmente, hoje, por conta da pandemia, vocês não podem estar lá dentro. A gente tinha uma convivência…”.

“Mas, são protocolos de saúde, mas isso atrapalha bastante. Vocês lá, no dia-a-dia, vocês estão vendo o que está acontecendo, a relação era muito melhor. Hoje, as notícias saem muitas vezes por fontes e, muitas vezes, quem passa a informação não está querendo passar o que realmente acontece”.

“Vocês, se estivessem lá dentro, estariam vendo que não tem nenhum problema de relacionamento, que o Luan, por exemplo, é um cara que treina muito, não dá problema, se entrega, não chega um dia atrasado, é um cara que esforçado e tentando recuperar o bom futebol dele, se esforçando para isso, e o treinador é igual, vocês estariam vendo o treinamento, o ambiente, como é feito, as formas de treinamento que ele nos trouxe também, pela experiência e estudo em todo mundo. Acho que, por isso, as críticas aumentam porque vocês acabam não tendo a relação do dia-a-dia”.

“Até a nossa relação, a minha com vocês, com toda a imprensa, com todos os setoristas, a gente tinha muitos assuntos que a gente conversa no dia-dia… Muitas vezes até informal, a gente explicava para vocês. E, hoje, não. Hoje, a notícias saem e vocês, infelizmente, por não estarem dentro, vocês não conseguem ter a certeza se aconteceu, não aconteceu. E existe muita maldade nesse meio também, muita fake news“.

O Corinthians vai visitar o Athletico-PR, em Curitiba, no próximo domingo. Duilio entende que a confiança foi retomada e que a busca, agora, é por uma regularidade que, talvez, ainda demore um pouco para se consolidar. De todo modo, o presidente alvinegro está convencido de que Sylvinho está preparado para levar o Corinthians a novos e bons caminhos.

O treinador, hoje, ele faz um bom trabalho, os atletas compraram o jeito dele trabalhar, estão satisfeitos com ele, nós estamos satisfeitos com os treinos que são dados, o que é passado e com a evolução do time. Mas, é bom deixar claro: nós não vamos fazer sempre o jogo que fizemos contra o Ceará. Nenhum time do mundo mantém sempre o mesmo desempenho. E, nós, por estarmos em reformulação, vamos oscilar. O Corinthians não é o time feio que jogou contra o Flamengo, e falo isso tranquilamente, porque nós todos, lá dentro, sabemos disso, mas também não é o time maravilhoso que jogou contra o Ceará. Isso ainda vai acontecer, mas vai ter oscilação, e a gente trabalha para que o padrão seja desse para cima”.

Durante toda a semana, a Gazeta Esportiva publicou momentos da entrevista exclusiva com Duilio Monteiro Alves. Nesse sábado, você terá todo o material, na íntegra, com trechos inéditos.

 

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