Andrés dispara contra oposição do Corinthians, admite erro e revela acordo sobre Jucilei - Gazeta Esportiva
Andrés dispara contra oposição do Corinthians, admite erro e revela acordo sobre Jucilei

Andrés dispara contra oposição do Corinthians, admite erro e revela acordo sobre Jucilei

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

17/07/2020 às 14:02 • Atualizado: 17/07/2020 às 14:15

São Paulo, SP

Andrés Sanchez concedeu uma entrevista coletiva marcante na sala de imprensa do CT Joaquim Grava na tarde desta sexta-feira, ao lado de Roberto Gaviolli, gerente financeiro do Corinthians, que também deu detalhes sobre as questões pertinentes ao departamento mais cobrado da instituição nos últimos meses.

O mandatário avisou que, diferente do que havia prometido há tempos atrás, está de volta e vai se dedicar à política interna neste ano eleitoral. Além disso, atacou àqueles que julga trabalharem contra o clube, e chegou a se referir a pessoas do grupo de Mário Gobbi como “Tio Patinhas”, “Vendedor de abóbora” e “Menino prodígio”. Felipe Ezabella foi o alvo principal.

Andrés também avisou que pode apoiar Paulo Garcia e Augusto Melo, candidatos já lançados, caso o grupo Renovação e Transparência não lance um nome.

Sobre o balancete de 2019, Andrés Sanchez admitiu que a dívida com J.Malucelli sobre Jucilei não foi inserida como deveria, portanto, o valor do déficit deve saltar de R$ 177 milhões para R$ 195,4 milhões. E aproveitou para revelar acordo sobre o caso. Segundo o presidente e seu gerente financeiro, o Corinthians pagará R$ 20 milhões em 12 vezes e já acertou R$ 3 milhões deste montante.

Veja declarações de Andrés Sanchez:.


Pronunciamento inicial
“Fiz questão de trazer o Gaviolli, que não é político, não tem nada a ver com política, quem contratou ele foi o currículo dele e o Roberto de Andrade. O garoto prodígio tem o gerente de esportes terrestres, que vê todo futebol de base, olímpico, tudo, é o garoto prodígio que indicou. Tem moças no futebol de base, que foi o homem que negocia abóbora que colocou, porque é familiar. Jurídico do Corinthians, quem comanda, também foi a turma do garoto prodígio. Estão lá comigo até hoje porque são profissionais, independente do lado político. Por isso fiz questão de trazer o Gaviolli aqui, que foi Roberto de Andrade que contratou ele, vai explicar as contas, o erro que houve e depois eu falo mais aqui”.

Erro no balanço 2019
“Quero assumir nosso erro, realmente houve essa falha no balanço, estamos corrigindo, o Cori (Conselho de Orientação) nem tinha balanço para votar, era só para averiguar. Aprovou tudo antes, de repente, sem ter balanço oficial, foi votado. É um ato político, de algumas pessoas, sei do meu tamanho, da minha história, não são essas pessoas que vão me apequenas, mas o Corinthians não precisa e não pode passar por isso. Temos negociações enormes pela frente e amanhã a história vai cobrar se essas negociações não derem certo. O balanço de 2014 um déficit de mais de 300 milhões e foi corrigido em 2015, erros acontecem, o déficit não é um problema, é ruim, mas não é o problema. Erramos, vamos consertar, pôr para votar novamente, e que decidam pelo o que for melhor para o clube”.

Reprovação no Cori
“O Cori fez isso porque fizeram uma votação para ver se tinha que votar. O Conselho fiscal tinha se manifestado, mas ficaram algumas dúvidas, ficou meio complicado, tentaram refazer, o Conselho Fiscal refez, reprovou por causa da diferença do erro, e ia para o Cori para fazer a verificação e depois votar. Decidiram votar, sem problemas, mas todos vivem a política do clube, tenho certeza que os órgãos são independentes, mas o lado político sempre vai pesar”.

De volta à política
“Isso é verdade, está terminando meu mandato no fim do ano, não queria me envolver, primeiro porque o grupo ainda não decidiu candidato, mas, rejuvenesci 20 anos e me obrigaram a entrar. Só me atacam, vou entrar como se fosse primeira vez e vou participar ativamente até o fim do ano. Se o grupo decidir lançar candidato, vamos apoiar. O que temos certeza é que o garoto prodígio não tem apoio nosso nem para andar de bicicleta.

Processos trabalhistas
“Processo trabalhista tem há anos, muitos porque o jogador depois que sai se acha no direito. Faz parte do processo trabalhista brasileiro, de repente chegou tudo ao mesmo tempo, e muitos casos não deu nem tempo de negociar”.

Dívida com J.Malucelli por Jucilei
“Eu comprei o jogador em 2010, R$ 2 milhões por 50% para cada um. Em 2011, vendi por 10 milhões de euros. Pagamos uma parte e a segunda parte era no começo 2012. Não pagaram, pagaram mais para frente e fez um desconto de R$ 200 mil, e virou essa bomba que ele veio cobrar o valor total” (...) “Está em R$ 17 milhões hoje, em 12 vezes”.

Mudança de ideia
“Esse é o mau do Corinthians. Procurar justiça para me afastar? Não precisa fazer isso, é só ir no Conselho, mas eles insistem ir até a justiça para prejudicar o clube em vários segmentos. Decidi entrar na política fortemente por causa disso, pelos ataques que estou sofrendo. Isso não me preocupa e vou me dedicar esses meses para resolver os grandes problemas e me dedicar a quem o grupo decidir apoiar ou lançar”.

Ausência de divulgação dos balanços mensais
“Os conselheiros receberam quando tinham que receber. O Conselho Fiscal e Cori recebem todo mês o balanço, foi uma decisão minha de não demonstrar mais no portal porque muita gente estava usando politicamente aquilo. Decidimos não pôr, vamos lançar o do próximo semestre e, ao final do ano, lançamos o todo. Mas, o CF e o Cori recebem todo mês”

Afirmação de Gobbi que gestão deu lucro por vendas a longo prazo
“Espero que o assessor dele não seja o garoto prodígio, nem o abóbora e muito menos o Tio Patinhas, que Deus ajude, um dia seja diretor de futebol, mas isso é uma coisa...Eu não contador, não sou economista, mas é brincadeira. Então que ele vendeu e eu contratei, o lucro é meu? O jogador que o Roberto vendeu e eu vendi, o lucro é meu? Não tem nada disso, é o Corinthians que está aqui, que deve, que contratou. Eu sou um soldado do clube. Apesar de eu não ser protagonista de nada, não quero ficar aqui atacando o erro que eles tiveram, até porque se eu falar, muitos nem sairão de candidato, mas houve erros, como houve com todo mundo”

Ataque a Felipe Ezabella
“O menino prodígio tem que explicar os R$ 500 mil que ele ganhou no Elias, Corinthians, Sporting. Tem que explicar. Para mim, ele vai explicar na Justiça, mas te tem que explicar ao corintiano. A abóbora vocês vão saber quem é e menino prodígio vocês sabem quem é. Não gostam do clube, então, a partir de agora vou falar bastante, vou responder tudo. (...) Ele colocou a irmã do abóbora lá na base. É só explicar”

Relação com concorrentes
O Corinthians, de uns anos pra cá, mudou, não é presidencialista. É parlamentarismo, tem uns 8 grupos no Conselho, foi o que foi feito, o Paulo (Garcia) sempre foi oposição a mim, todas eleições contra mim, com Mário (Gobbi) e Roberto (de Andrade) não disputou, o Paulo é meu amigo, grande prazer, sempre ajudou, se tivesse que apoiar não teria vergonha nenhuma, o Augusto (Melo) eu apoio, não tenho vergonha nenhuma, porque são pessoas que gostam do clube, frequentam desde garoto".

Guerra eleitoral
“Se o Duílio quer ser (presidente) é problema dele, ele está esperando o grupo decidir, se vai lançar, se vaia apoiar o Paulo (Garcia), o Augusto (Melo), porque o menino, abóbora e o tio patinhas não dá para apoiar (...) Meu nome é pequeno no Corinthians, sei da minha história, se tiver que apoiar o Paulo, com muito prazer, o Augusto, com muito prazer, se lançar o Duílio, eu apoio, Jorge Kalil, eu apoio, Tio Marquinhos, eu apoio. Vou trabalhar, me dedicar para o Corinthians ter um futuro melhor que teve nos últimos anos”.



Veja declarações de Roberto Gaviolli:


Ativo e Passivo controlados
“Ter passivo não é um problema, o problema é se você tem ou não capacidade de honrar. O Corinthians tem ativos, um deles é geração de receita, Corinthians tem há um tempo geração próxima de R$ 400 milhões por ano, o que significa que ele tem capacidade de honrar com os compromissos. E o Corinthians tem patrimônio, ativos, estou falando do elenco, que produzem um ativo importante para também gerar recursos e honrar compromissos”.

Exemplos do exterior
“O Barcelona, que tem uma constituição igual ao Corinthians, ele tem um passivo de 1,2 bilhão de euros, o Manchester United, que é um clube empresa, tem 170 milhões de libras só de taxas de transferências. Só para entenderem que ter passivo não é um problema em si, o que tem de existir é capacidade de pagamento, e o Corinthians tem”.

Motivo do déficit
“Falar de 2019, um déficit muito alto, fatos que estão divulgados e aconteceu, mas aconteceu por alguns fatos que ocorreram, um deles foi a remontagem do time, mudança de filosofia de jogo. A diretoria decidiu que teríamos de investir fortemente em atletas e foi feito. Se produziu mais despesa, investimento, o que gerou esse desempenho econômico ao longo de 2019 culminando com os passivos e déficit, lembrando também que em 2019 a gente teve uma mudança no pagamento da TV e 60% hoje são vinculados ao desempenho esportivo, ou por conta da performance, 30% colocação e outros 30% são jogos na TV. Esse foi um dos motivos também de se investir mais ao longo de 2019. Temos que lembrar também que era o segundo ano da gestão, poderia ser feito investimento e, se fosse o caso, a partir do último ano de gestão, corrigir. Nada foi feito sem um planejamento, discussão em termos de fluxo financeiro e efeitos disso no balanço”.

Luz no fim do túnel
“2020, do ponto de visto econômico, estamos tendo um desempenho melhor, por conta das receitas de vendas de jogadores, estão produzindo resultado melhor, embora estejamos nesse momento com dificuldade no fluxo de caixa. Temos, até junho, R$ 134 milhões com receitas de vendas e mais uns R$ 7 milhões, considerando mecanismo de solidariedade, empréstimos de atletas, o que monta estes R$ 142 reais com jogadores no primeiro semestre, sem ainda as principais janelas abertas esse ano”

Contensão da despesa
“A receita em 2020 reduziu em 70% nesses meses da pandemia, tivemos de tomar medidas duras, mas só a folha do futebol, por exemplo, que girava em torno de R$ 17 milhões, R$ 18 milhões, esse ano está em R$ 8,5 milhões hoje, com as reduções, acordadas com atletas, e elas, quando retornarmos, vai girar em torno de R$ 11 milhões. A gestão está fazendo trabalho de contensão de custos, além de outros, que foram obrigatoriamente reduzidos”

Acordo fiscal
“Em junho, acabamos de fazer uma negociação de alguns passivos, um deles relevante, que era sobre dívidas fiscais. Renegociamos junto a Receita Federal, estamos falando de mais de R$ 100 milhões a curto prazo que foram alongados para possibilitar a adequação destes passivos”.

Motivo do erro no balanço
“Estamos reapresentando o balanço, estamos no processo de auditoria e verificação dessa alteração. Uma incorreção nas contas relacionada ao processo do Jucilei. Nós fizemos um acordo para parcelamento do processo, foi no início de dezembro, redigido e incluído naquela data e, infelizmente, uma falha de controle, ele não foi incluído em 2019. É bom dizer que o processo de homologação e publicação, que leva 30 dias em média, foi produzido ainda em meio ao pré-recesso de fim de ano. Infelizmente, ocorreu o erro, onde não é desejável, mas é previsto nas normas contábeis, de número 23 das normas, que trata exatamente destas situações. Não é desejado, mas ocorrem em empresas que produzem balanço e já ocorreu em 2014, quando houve uma reapresentação e o balanço foi apresentado na publicação de 2015. Tomamos a decisão de apresentar agora, uma vez que ainda não foi votado pelo Conselho Deliberativo”.

Bloqueios de contas
“Teve boqueio, isso faz parte, os processos caminham muito mais celeremente na Justiça hoje em dia, e isso acontece ainda que não tenha terminado, eventualmente o juiz decide determinar a execução provisória e a gente sofre bloqueio, como ouras empresas sofrem também, mas importante administrar isso fazendo acordos e pagamentos”.

Acordo com J.Malucelli e Jucieli
“Nós fizemos o acordo, fizemos um pagamento até fevereiro, depois da pandemia ficou impraticável. A outra parte tomou as medidas, já sentamos novamente, já fizemos um acordo para reparcelar, já está definido, deve estar sendo homologado pela Justiça”.

“Houve um pedido de penhora, a negociação foi em dois caminhos, um reduziu o valor, que a gente conseguiu, e aumentar o prazo. Não me lembro corretamente, a gente parcelou em 12 pagamentos a partir de fim de agosto e também renegociamos o valor que estavam pleiteando. Foi para o valor de R$ 20 milhões no total, algo perto disso, mas já tínhamos pago R$ 3 milhões”.

Receita e repasses
Essa é uma das confusões comuns que se faz. A receita da venda dos jogadores é de R$ 135 milhões, outros R$ 7 são mecanismos. A receita é essa. O que a gente vai repassar entra como custos de repasses, assim como eventuais comissões. Pedrinho, por exemplo, temos de repassar 30% do valor, vamos ficar com R$ 85 milhões, do André Luis, vamos ficar com 6 milhões. São linhas diferentes do balanço”.

Como chegou ao Corinthians
“Cheguei em 2017, nunca tinha trabalho no futebol, toda minha carreira foi no mercado financeiro, sólida, e quando vim para o clube vim pelo conhecimento técnico, porque queriam profissionalizar, e eu aceitei”.

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