Campeão por rivais, Nelsinho viveu começo da Parmalat e barrou Evair - Gazeta Esportiva
Campeão por rivais, Nelsinho viveu começo da Parmalat e barrou Evair

Campeão por rivais, Nelsinho viveu começo da Parmalat e barrou Evair

Gazeta Esportiva

Por Bruno Ceccon

19/12/2016 às 09:00 • Atualizado: 19/12/2016 às 13:26

São Paulo, SP




Eduardo não será o primeiro integrante da família Baptista a comandar a Sociedade Esportiva Palmeiras. Nelsinho, pai do novo treinador, passou pelo clube durante o começo da Era Parmalat e, em uma medida polêmica, barrou quatro jogadores, entre eles o centroavante Evair.

Nelsinho iniciou a carreira de treinador após defender clubes como São Paulo e Santos como lateral direito. Em 1990, ele levou o modesto Novorizontino ao vice-campeonato paulista e comandou o Corinthians na conquista de seu primeiro título brasileiro.

O Palmeiras, na tentativa de quebrar seu longo jejum, contratou Nelsinho em junho de 1991. Ele conseguiu permanecer no cargo durante mais de um ano, algo raro na época da fila, acumulando 80 jogos (42 vitórias, 18 empates e 20 derrotas), mas saiu sem o sonhado título.

Em março de 1992, diante do Botafogo, o Palmeiras perdeu sua terceira partida seguida no Campeonato Brasileiro. Antes de enfrentar o Corinthians na próxima rodada, Nelsinho Baptista decidiu afastar o centroavante Evair, o meia Jorginho, o zagueiro Andrei e o goleiro Ivan.

Nelsinho barrou quarteto em 1992
Nelsinho barrou quarteto em 1992


Na edição de 26 de março de 1992, o jornal A Gazeta Esportiva estampou em sua capa a manchete “Eu ou eles”, com fotos de Nelsinho e dos quatro afastados. A medida, oficialmente tomada por “deficiência técnica”, surpreendeu o elenco palmeirense na época.

Responsável pela decisão, Nelsinho deixou claro que era algo irreversível. “Eles não treinarão mais com o elenco e, se eu continuar no clube para o Campeonato Paulista, esses jogadores não farão parte dos meus planos”, declarou, uma vez que o Estadual era disputado no segundo semestre.

Com o corte de Ivan, que na época era reserva de Carlos, o jovem Marcos, de 18 anos, teve a chance de ficar no banco contra o Corinthians. “Ele se mostrava ansioso no treino, mesmo sabendo que vestirá a camisa 12 no domingo. ‘É uma honra ser reserva do goleiro da Seleção’, declarou o garoto”, segundo A Gazeta Esportiva.

Na primeira partida sem os atletas afastados, o Palmeiras acabou derrotado por 2 a 1 pelo Corinthians. Na edição de 30 de março de A Gazeta Esportiva, Evair reclamou. “Ainda não sei a razão da dispensa. Depois, qual será o meu destino? A única certeza é que com Nelsinho não trabalho mais. Se ele continuar, eu estou fora”, disse.

Proibido de treinar com o restante do elenco, o centroavante chegou a correr no parque do Ibirapuera por conta própria para manter a forma. Em 2014, durante longa entrevista concedida ao portal Gazeta Esportiva, ele falou sobre o afastamento imposto por Nelsinho.

“Não existiu indisciplina. Colocaram que foi deficiência técnica, mas foi mais por não conseguirmos resultados mesmo. No Palmeiras, era desse jeito: tinha que mostrar alguma coisa a mais na estreia para não ser dispensado na segunda partida. Foi uma época bastante conturbada e, por qualquer coisa, mandavam sair”, contou.

Em 26 de abril de 1992, sob o comando de Nelsinho Baptista, o Palmeiras venceu o Cruzeiro por 1 a 0 no primeiro jogo com as camisas listradas na vertical e a marca Parmalat. Nomes como Tonhão, Galeano e César Sampaio participaram da histórica partida, vencida com um gol de Paulo Sérgio.

Técnico Nelsinho Baptista viveu começo da Era Parmalat no Palmeiras (Foto: Acervo/Gazeta Press)
Técnico Nelsinho Baptista viveu começo da Era Parmalat no Palmeiras em 1992 (Foto: Acervo/Gazeta Press)


Evair permaneceu cinco meses afastado e chegou a ser procurado pelo União São João, mas não acertou a transferência. Com a saída de Nelsinho Baptista, confirmada em agosto de 1992, o Palmeiras trouxe Otacílio Gonçalves, que se reuniu com o atleta e promoveu sua reintegração.

Em 1993, com Vanderlei Luxemburgo no comando, o centroavante foi decisivo no título paulista sobre o Corinthians, treinado justamente por Nelsinho. O técnico seguiu sua carreira e ganhou Estaduais pelos rivais Corinthians (1997) e São Paulo (1998). Ambos voltaram a trabalhar juntos por Goiás e Ponte Preta – no time campineiro, Evair já era auxiliar técnico.

Nelsinho Baptista atuou no futebol japonês durante as últimas temporadas e hoje dirige o Vissel Kobe. Vinte e quatro anos após passar pelo Palmeiras de forma polêmica, ele poderá torcer pelo filho Eduardo na esperança de ver o primeiro título da família Baptista em verde e branco.

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