Gazeta Esportiva

Olimpíadas de Tóquio continuam ameaçadas a seis meses de abertura

(FILES) In this file photo taken on August 6, 2020 a large size Olympic rings symbol (W32.6m x H15.3m) is seen in front of Rainbow Bridge at Tokyo Waterfront in the waters of Odaiba Marine Park while being transferred back to the factory where it was manufactured for a safety inspection and to receive maintenance. - From the ecstasy of being awarded the Olympics to the agony of coronavirus postponement, the Tokyo Games have faced many hurdles -- and there's still no guarantee they will go ahead. The Olympic flame was removed from display and giant Olympic rings off Tokyo's waterfront eventually towed away for maintenance after the Tokyo 2020 Games were postponed. (Photo by Behrouz MEHRI / AFP)

Quando os Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados há quase um ano, os organizadores prometeram que sua realização em 2021 seria a prova da vitória sobre a covid-19, mas faltando seis meses para o evento, o sucesso ainda parece distante.

O longo caminho para os segundos Jogos na capital japonesa é repleto de obstáculos, desde acusações de corrupção até o medo do calor do verão em Tóquio.

Mas nenhuma dificuldade supera a pandemia de coronavírus, que já forçou o adiamento das Olimpíadas pela primeira vez na história olímpica em tempos de paz e que agora ameaça diretamente seu cancelamento definitivo.

Foto: Behrouz Mehri / AFP

Publicamente, os organizadores continuam a afirmar que os Jogos serão realizados com segurança, mesmo que a pandemia não esteja completamente controlada em 23 de julho.

“Precisamente por estarmos nesta situação é que devemos lembrar os valores do olimpismo, que a humanidade pode coexistir pacificamente através do esporte”, garantiu à AFP o diretor-geral da Tóquio-2020, Toshiro Muto.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, garantiu à agência japonesa Kyodo nesta quinta-feira que os Jogos serão disputados conforme planejado e que “não há um plano B”.

No momento, Tóquio e outras partes do território japonês encontram-se em estado de emergência devido ao vírus e o desencanto entre os cidadãos do país asiático cresce.

Foto: Behrouz Mehri / POOL / AFP

Uma pesquisa recente revelou que 80% dos japoneses se opõem à realização dos Jogos em 2021, com 35% a favor do cancelamento e 45% pedindo um novo adiamento.

Ex-atletas também defenderam essa posição, como o britânico Matthew Pinsent, ex-campeão olímpico de remo, que considerou “ridículo” realizar os Jogos e pediu o adiamento para 2024.

Os dirigentes da Tóquio-2020 garantiram que outro adiamento é “absolutamente impossível” e planejam medidas contra o novo coronavírus que, segundo eles, garantirá a celebração segura do evento, mesmo sem vacinas.

Um relatório interno de 53 páginas publicado em dezembro descreve medidas que vão desde proibir a presença do público até testar atletas regularmente e limitar as estadias na Vila Olímpica.

Esperança nas vacinas

Soma-se a tudo isso o aumento dos custos dos Jogos. As medidas sanitárias e o adiamento elevaram o custo esperado em 294 bilhões de ienes (2,8 bilhões de dólares) para um total mínimo de 1,64 trilhão de ienes (15,8 bilhões de dólares), o que tornaria Tóquio-2020 a edição mais cara da história.

Os esforços para reduzir custos, como ‘baratear’ a cerimônia de abertura, serviram apenas para economias mínimas.

Além disso, muitos atletas ainda lutam para conseguir sua classificação, uma vez que inúmeras provas pré-olímpicas foram adiadas, enquanto os planos de treinamento tiveram que ser alterados devido à pandemia.

Os milhares de voluntários que pretendem colaborar na organização dos Jogos também ficaram no limbo, apesar de os organizadores terem mantido o trajeto da tocha olímpica a partir de março, com reforço das medidas de distanciamento social.

Foto: Sam Panthaky / AFP

O Japão luta contra o relógio para não perder pela terceira vez na história a organização dos Jogos, após as edições de verão e inverno de 1940 por ocasião da Segunda Guerra Mundial.

O cancelamento seria um duro golpe para o movimento olímpico e um ataque ao orgulho nacional japonês, sem falar no enorme impacto financeiro.

Os responsáveis estão convencidos de que o entusiasmo popular voltará nos próximos meses, quando o número de vacinas disponíveis for maior.

As autoridades japonesas ainda não aprovaram vacina contra a covid-19, mas o primeiro-ministro Yoshihide Suga anunciou que espera que as primeiras injeções possam ser aplicadas a partir do final de fevereiro, dando prioridade à vacinação de idosos e profissionais da saúde.

Autoridades japonesas e olímpicas também garantiram que a vacina não será obrigatória para atletas e eventuais espectadores, embora o presidente do COI, Thomas Bach, tenha declarado que o órgão “fará grandes esforços” para garantir que os participantes dos Jogos sejam vacinados.

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