Comunidade LGBT alcança visibilidade sem precedentes nas Olimpíadas 2020
Por AFP
03/08/2021 às 15:26
São Paulo, SP
"Eu admirava os homens, mas não sabia que estava ligado à minha sexualidade. Estava muito confuso com isso, escrevia muito para minha mãe que queria morrer, o que a fazia chorar o tempo todo", conta Masuda.
Agora, aos 73 anos, ele é o dono do "Kusuo", um famoso bar gay no bairro arco-íris de Shinjuku Nichome, em Tóquio.
Na época em que foram realizadas as primeiras Olimpíadas, ser gay "era um grande tabu", lembra Itsuo. O contraste é total nos Jogos 2020, que mostram uma diversidade sexual e de gênero sem precedentes na história do esporte.
Pelo menos 180 atletas que participam do evento são abertamente LGBT, mais do que o triplo do número no Rio 2016, aponta a página americana Outsports, especializada em informações sobre pessoas LGBT no mundo dos esportes.
Os vídeos pouco convencionais do jogador de vôlei Douglas Souza fazem sucesso nas redes sociais. Ele é um dos poucos atletas brasileiros que revelaram sua homossexualidade em um país que tem tristes recordes de violência homofóbica.
Muito envolvida na defesa dos direitos da comunidade LGBT, a americana Raven Saunders comemorou sua medalha de prata no arremesso de peso formando um “X” com os braços no pódio, em sinal de apoio aos oprimidos.
Na cerimônia de abertura, a polonesa Aleksandra Jarmolinska, do tiro, desfilou com uma máscara de arco-íris, cores que simbolizam a comunidade LGBT.
Primeira transgênero nos Jogos
Pela primeira vez na história olímpica, uma atleta transgênero participou: a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard. Visivelmente sobrecarregada pelos acontecimentos, Hubbard não brilhou em Tóquio, mas sua mera presença gerou um complexo debate sobre questões de bioética, direitos humanos, igualdade e identidade no esporte.
"É claro que não estou totalmente alheia à controvérsia em torno da minha participação nesses Jogos", disse a atleta. "Por isso, gostaria de agradecer especialmente ao COI por ratificar seu compromisso com os princípios do olimpismo e estabelecer que o esporte é algo para todas as pessoas, que é inclusivo e acessível", comentou, após um desempenho em que não conseguiu concretizar suas tentativas de levantar a barra.