Comunidade LGBT alcança visibilidade sem precedentes nas Olimpíadas 2020 - Gazeta Esportiva
Comunidade LGBT alcança visibilidade sem precedentes nas Olimpíadas 2020

Comunidade LGBT alcança visibilidade sem precedentes nas Olimpíadas 2020

Gazeta Esportiva

Por AFP

03/08/2021 às 15:26

São Paulo, SP

Quando Tóquio sediou os Jogos Olímpicos em 1964 e a euforia varria o Japão, Itsuo Masuda, de 16 anos, sofria de depressão e tinha ideias suicidas.

"Eu admirava os homens, mas não sabia que estava ligado à minha sexualidade. Estava muito confuso com isso, escrevia muito para minha mãe que queria morrer, o que a fazia chorar o tempo todo", conta Masuda.

Agora, aos 73 anos, ele é o dono do "Kusuo", um famoso bar gay no bairro arco-íris de Shinjuku Nichome, em Tóquio.

Na época em que foram realizadas as primeiras Olimpíadas, ser gay "era um grande tabu", lembra Itsuo. O contraste é total nos Jogos 2020, que mostram uma diversidade sexual e de gênero sem precedentes na história do esporte.

Pelo menos 180 atletas que participam do evento são abertamente LGBT, mais do que o triplo do número no Rio 2016, aponta a página americana Outsports, especializada em informações sobre pessoas LGBT no mundo dos esportes.

Os vídeos pouco convencionais do jogador de vôlei Douglas Souza fazem sucesso nas redes sociais. Ele é um dos poucos atletas brasileiros que revelaram sua homossexualidade em um país que tem tristes recordes de violência homofóbica.

Muito envolvida na defesa dos direitos da comunidade LGBT, a americana Raven Saunders comemorou sua medalha de prata no arremesso de peso formando um “X” com os braços no pódio, em sinal de apoio aos oprimidos.

Raven Saunders formando um "X" no pódio. (Foto: Ina Fassbender/AFP)


Na cerimônia de abertura, a polonesa Aleksandra Jarmolinska, do tiro, desfilou com uma máscara de arco-íris, cores que simbolizam a comunidade LGBT.

Primeira transgênero nos Jogos

Pela primeira vez na história olímpica, uma atleta transgênero participou: a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard. Visivelmente sobrecarregada pelos acontecimentos, Hubbard não brilhou em Tóquio, mas sua mera presença gerou um complexo debate sobre questões de bioética, direitos humanos, igualdade e identidade no esporte.

"É claro que não estou totalmente alheia à controvérsia em torno da minha participação nesses Jogos", disse a atleta. "Por isso, gostaria de agradecer especialmente ao COI por ratificar seu compromisso com os princípios do olimpismo e estabelecer que o esporte é algo para todas as pessoas, que é inclusivo e acessível", comentou, após um desempenho em que não conseguiu concretizar suas tentativas de levantar a barra.

Laurel Hubbard nas Olimpíadas de Tóquio 2020. (Foto: Mohd Rasfan/AFP)

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