Lucas Veríssimo lamenta caso de Gustavo Henrique e mira Europa, mas vê renovação "viável" no Santos - Gazeta Esportiva
Lucas Veríssimo lamenta caso de Gustavo Henrique e mira Europa, mas vê renovação "viável" no Santos

Lucas Veríssimo lamenta caso de Gustavo Henrique e mira Europa, mas vê renovação "viável" no Santos

Gazeta Esportiva

Por Lucas Musetti Perazolli

17/10/2019 às 09:00 • Atualizado: 17/10/2019 às 11:47

Santos, SP

Lucas Veríssimo concede entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva (Ivan Storti/SFC)


Em meio à incerteza sobre o futuro de Gustavo Henrique, o Santos também tenta renovar com Lucas Veríssimo. O zagueiro intocável sob o comando de Jorge Sampaoli tem contrato até 30 de junho de 2022.

O Peixe não descarta vender Veríssimo na próxima janela internacional de transferências, em janeiro, mas o presidente José Carlos se reuniu com o defensor nas últimas semanas e sinalizou com valorização salarial e o desejo de tê-lo por mais tempo no clube.

Lucas Veríssimo tem o desejo de atuar na Europa e viu negociações recentes frustradas, como nos casos do Spartak (RUS) e Torino (ITA), em 2018. Mesmo assim, o Menino da Vila classifica a renovação como "viável".

"Tive uma conversa com o presidente, ele falou da situação do clube não ser tão boa financeiramente. Conversamos, falou que se chegar uma proposta de valores muito bons aceitaria e, em contrapartida, falou que gostaria de estender o contrato, para ficar maior tempo no clube. Foi uma surpresa, é muito bom. Me sinto muito bem aqui, tenho carinho, tenho jogado bem. Quero ganhar títulos aqui. Só vou sair se for uma situação muito boa para todos. Ele pensa da mesma maneira. Achei viável e estamos conversado, sim", disse Veríssimo, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva. 

Em alta no Alvinegro, Lucas Veríssimo falou sobre o aprendizado com Jorge Sampaoli, a atuação em outras posições, a chance mais próxima na seleção brasileira e a repercussão menor no Santos em relação a outros clubes. Confira todas as respostas abaixo. 

Gazeta Esportiva: Sampaoli faz rodízio, muda formação a todo jogo, mas você joga quase todas as partidas. Por que acha que conquistou essa confiança?

Lucas Veríssimo: "Sabia que para entrar na equipe precisava dar meu máximo e evoluir bastante da lesão (no joelho, em 2018). Foram cinco meses parado, bom tempo para retomar. Treinei o dobro, tive oportunidade e soube aproveitar. De lá para cá tenho tentado melhorar, absorver tudo que Sampaoli tem de bom a oferecer. Ele tem rodagem na Europa e é muito inteligente. Tento aprender a cada treino e graças a Deus consegui essa confiança".

GE: Qual é o maior aprendizado com o Sampaoli? O que ele te ensina?

LV: "Ele taticamente muda a cada jogo. Então a gente aprende muito. Joguei de lateral, central e central-lateral. São três posições diferentes, aprendi em todas elas graças a ele. O restante foi mais complementando, o passe vertical que ele gosta, linha alta, posicionamento. Ele é muito inteligente, se todo jogador fosse esperto para aproveitar o que ele tem de bom, evoluiria cada vez mais".

GE: Você tem atuado com frequência como lateral-direito. Já se sente à vontade?

LV: "Novidade para mim, nunca tinha feito, só volante. Lateral é mais pela defesa, marcação. Ele viu minha velocidade, saída boa. Ele me coloca pela marcação. Teve alguns jogos, como contra o Bahia, que cheguei ao fundo, fiz uma jogada ou outra e ele não quer, mesmo que dê certo. Quer mais para conter o contra-ataque. Se pensar na marcação, pode utilizar numa boa. Aprendi bastante em relação a isso".

GE: Você é titular há anos, sempre em bom nível, mas não entra nos debates dos principais zagueiros do Brasil em âmbito nacional. Por quê?

LV: "Não sei, era para ter uma visibilidade muito maior. Aqui em Santos sempre foi assim, aqui pouco se fala, assim como na briga pelo título. Cada um pensa de uma forma. Acho que era para haver uma valorização maior. Em relação a mim, jogo em bom nível há anos. Quero continuar fazendo meu papel bem feito, que no momento certo vão falar sobre mim e quando falarem posso jogar na Seleção".

GE: Falando em seleção brasileira, você acha que fez e faz suficiente para ao menos estar no grupo de jogadores observados para a zaga com Tite?

LV: "Isso você tem que responder (risos). Procuro fazer meu melhor, evoluir a cada jogador. Faço meu papel bem feito. Não sei se estou hoje, mas quero estar nesse grupo de 7 ou 8 observados para a seleção na posição".

GE: Você e vocês sentem que Sampaoli vai continuar no ano que vem?

LV: "Eu espero que sim. Ele faz um trabalho muito bom esse ano. Será ainda melhor se diretoria conseguir a permanência. Começo foi para implementar estilo e estamos colhendo os frutos, vem dando certo. Acredito que vamos brigar até o fim pelo título, mesmo com a diferença um pouco grande do Flamengo (11 pontos na publicação da entrevista".

GE: Você acha que o Santos seria candidato ao título se não fosse pela presença do Sampaoli?

LV: "É um complemento. Jogadores de qualidade com um baita treinador. Esse complemento vem dando certo. Trabalho a longo prazo, que seria ano que vem, pode ser ainda melhor".

GE: Na última janela (entre agosto e setembro), eu mandei mensagens até a última hora imaginando uma venda. O presidente (José Carlos Peres) falou mais de uma vez sobre a possibilidade de venda, mas você ficou. Foi frustrante?

LV: "Não. As outras foram piores. Teve uma situação de acerto de ambas as partes, presidente, minha parte e clube (Spartak Moscou). Selamos um acordo e não deu certo. Depois houve Torino, onde deu certo e depois não deu. Só que em todos momentos não parei de pensar no Santos. É isso que faz chegar as propostas. Fiz a minha parte. Na última janela muito se falou também, individualmente estava bem. Houve conversa, mas nada concluído".

GE: Você acredita que essa demora (aspas com a mão) pode fazer com que você o salto e seja negociado diretamente com um grande da Europa?

LV: "Acredito que se eu mantiver o trabalho, jogando como tenho jogado e evoluindo, pode chegar clubes grandes. Houve rumor de clubes considerados grandes, mas nada andou. Sigo pensando no Santos e se chegar vamos conversar".

GE: A definição do título brasileiro pode pesar na sua decisão? Você poderia sair campeão ou com aquela frustração de sair sem um título nacional...

LV: "Quem não quer ser campeão? Fui campeão paulista apenas. Se acontecer, melhor ainda. Se não acontecer, paciência. Saída pode acontecer ou não. Depende do clube também, há valores exigidos. Meu pensamento está no Santos. Quero brigar por títulos e vamos brigar até o fim e quem não sabe surpreender?".

Lucas Veríssimo lamenta situação de Gustavo Henrique (Ivan Storti/SFC)


GE: Como você analisa a situação do Gustavo Henrique?

LV: "Não podia deixar situação chegar onde chegou, tinha que ter decidido lá atrás. Creio que jogador não tem culpa, mas sim da diretoria. Acho que houve demora. Torço por ele, espero que permaneça e se não ficar que encontre clube onde se sinta feliz. Que resolva o quanto antes e que fique com a gente. Temos relação muito boa".

GE: Surpreendentemente, ouvi que o Santos tenta a sua renovação depois de só se falar em venda. Você acredita que isso pode ocorrer?

LV: "Tive uma conversa com o presidente, ele falou da situação do clube não ser tão boa financeiramente. Conversamos, falou que se chegar uma proposta de valores muito bons aceitaria e, em contrapartida, falou que gostaria de estender o contrato, para ficar maior tempo no clube. Foi uma surpresa, é muito bom. Me sinto muito bem aqui, tenho carinho, tenho jogado bem. Quero ganhar títulos aqui. Só vou sair se for uma situação muito boa para todos. Ele pensa da mesma maneira. Achei viável e estamos conversado, sim".

GE: Gustavo Henrique falou que o Santos valoriza mais quem é de fora do que os formados no clube. Você concorda? Falta essa valorização?

LV: "Vi a declaração do Gustavo Henrique e acho que ele não foi errado, não. Falou corretamente. Existe isso mesmo. Na verdade, deveria ser diferente. Clube como o Santos que forma como forma... Rodrygo saiu agora para o Real Madrid, por exemplo. Por que não valorizar? Tem que valorizar os de fora, claro, mas por que não também o daqui? Às vezes parece que, não sei, mais fácil valorizar quem vem do que quem está. Creio que Gustavo foi bem e concordo com ele".

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