Gazeta Esportiva

Lenda do tênis brasileiro, Maria Esther Bueno morre aos 78 anos

A ex-tenista brasileira Maria Esther Bueno (C), a norte-americana Serena Williams (D) e a bielorrussa Victoria Azarenka, durante cerimônia de premiação após partida de exibição válida pelo Gillette Federer Tour 2012, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.

Maior tenista brasileira da história, morreu nesta sexta-feira Maria Esther Bueno, vítima de um câncer na região da boca. Com 78 anos, a ex-tenista havia sido internada no último mês de maio no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, em estado grave e acabou não resistindo.

A doença foi descoberta em 2017 e ela chegou a realizar um tratamento severo, do qual vinha se recuperando. No entanto, recentemente, Maria Esther começou a sentir dores novamente e os exames apontaram que o câncer voltou a se manifestar e teria se espalhado por outros órgãos do corpo.

Carreira vitoriosa

O começo de carreira da brasileira já mostrava o quanto Maria Esther Bueno seria importante para o tênis mundial. Com apenas 19 anos, na temporada de 1960, a tenista se tornou a primeira mulher a conquistar todos os títulos de duplas dos torneios Grand Slam em um mesmo ano.

Os números de Maria Esther Bueno são impressionantes: foram 120 finais em torneios de simples, sendo 65 títulos e 55 vice-campeonatos. Além disso, a tenista teve um currículo vencedor também jogando em duplas com 90 títulos e 47 vices. Pelas duplas mistas, mais 15 troféus, totalizando impressionantes 170 títulos.

O último título de Grand Slam que a histórica tenista conquistou foi em 1966, quando Maria Esther Bueno venceu o Aberto dos Estados Unidos pela quarta vez na carreira. Na época, o torneio ainda era disputado na grama, mesma superfície de Wimbledon (único Major que mantém o piso), que a brasileira venceu em três oportunidades (1959,1960 e 1964).

Já no Aberto da Austrália e em Roland Garros, Maria Esther não conseguiu levantar o troféu, mas também fez história. Chegou na grande final nos dois torneios, (em 1964 no torneio francês e 1965 no primeiro Major da temporada) e com isso se tornou um dos poucos tenistas da história (seja no masculino ou no feminino) a chegar na final de todos os Grand Slam.

Os excelentes resultados também tiveram consequências positivas ao ranking mundial. A brasileira terminou como número um nas temporadas de 1959, 1964 e 1966, eternizando ainda mais seu nome na história do tênis.

Com tamanha importância, não tinha como a brasileira não ter uma rival à sua altura. Billie Jean King, histórica tenista que representou as mulheres na “batalha dos sexos” diante de Bobby Riggs, venceu todos os Grand Slams em simples e também teve desempenho histórico nos torneios de duplas, sendo a grande adversária de Bueno por anos.

Com tantos títulos e conquistas históricas, se tornou a primeira e, até momento, única brasileira a ser incluída no Hall da Fama do tênis. Os feitos no começo da carreira fizeram com que ganhasse o prêmio “Atleta Feminino do Ano”, honraria que ainda sustenta como única tenista do Brasil a conseguir.

Mesmo após quase meio século, Maria Esther Bueno recebeu uma belíssima homenagem pelos seus feitos representando o Brasil: a quadra Central do Tênis Olímpico, onde ocorreram as partidas da modalidade na Olimpíada realizada no Rio de Janeiro, foi batizada com seu nome.

Cronologia

1950: campeã brasileira de adultos
1955: disputa o Panamericano do México
1956: campeã do Orange Bowl (torneio juvenil)
1957: bicampeã do Orange Bowl, campeã do torneio de Fort Lauderdale (primeiro título de aldultos)
1958: campeã do Aberto da Itália e campeã de duplas em Wimbledon ao lado da americana Althea Gibson
1959: campeã nos torneios femininos de Wimbledon e do Aberto dos Estados Unidos, vice-campeã de duplas femininas no Aberto dos EUA ao lado de Sally Moore
1960: bicampeã em Wimbledon, vice-campeã do Aberto dos EUA, primeira mulher a ser campeã de duplas nos quatro torneios de Grand Slam no mesmo ano: Aberto da Austrália e Winbledon ao lado de Christine Truman, Estados Unidos e Roland Garros com Darlene Hard
1961: campeã de duplas em Wimbledon jogando com Darlene Hard e descoberta de uma infecção no sangue
1962: campeã de duplas do Aberto dos Estados Unidos com Hard, campeã de duplas mistas em Roland Garros, Wimbledon e EUA.
1963: bicampeã do Aberto dos EUA. Tricampeã de duplas em Wimbledon e vice-campeã nos Estados Unidos com Hard. Conquista 17 troféus no ano.
1964: tricampeã em Wimbledon e no aberto dos EUA, vice-campeã de simples e duplas mistas em Roland Garros.
1965: vice-campeã em Wimbledon e na Austrália e tetracampeã de duplas em Wimbledon
1966: tetracampeã do Aberto dos Estados Unidos, vice-campeã em Wimbledon e campeã de duplas nos dois torneios.
1967: vice-campeã dos torneios de duplas e duplas mistas em Wimbledon, onde sofre uma grave contusão no braço.
1968: vence seu último torneio de “Grand Slam”, conquistando o título de duplas do aberto dos EUA ao lado de Margaret Court.
1974: conquista seu último título
1976: volta a jogar, mas não consegue obter bons resultados nos Abertos da Itália e da França
1977: após várias interrupções e retornos faz sua última final em Dublin e anuncia sua aposentadoria definitiva do tênis em Wimbledon

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