No dia 22 de dezembro, Rose Volante se tornou a primeira brasileira campeã mundial de boxe ao bater a argentina Brenda Carvajal. Apesar do feito conquistado aos 35 anos, a atleta paulista começou na modalidade há oito anos com um objetivo totalmente diferente: perder peso para deixar a obesidade.
“Comecei a treinar para perder peso. Minha família toda é obesa e eu tinha 105 kg”, lembrou, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, a boxeadora da equipe Memorial, que vem possibilitando que ela viva apenas do esporte. “Minha vida foi feita em São Paulo. Eu treinava e trabalhava lá. Há um ano estou na Memorial, que é em Santos. De setembro para cá estou conseguindo viver do boxe com o patrocínio da academia. Esse foi o meio que eu encontrei para me manter no esporte”, revelou ela, que antes dividia seu dia entre os treinos e as aulas que dava para se sustentar.
Quando se tornou campeã mundial, The Queen (A Rainha), como é apelidada, se juntou a grandes nomes do boxe brasileiro, como Eder Jofre, Miguel de Oliveira, Acelino Popó Freitas e Valdemir Sertão Pereira. Rose classifica isso como “motivo de grande alegria e satisfação” e, para ela, seu sucesso é importante para divulgar o boxe feminino.
“Minha conquista é boa para mostrar que existe o boxe feminino, que está crescendo. Já tivemos uma medalhista olímpica (Adriana Araújo, que ficou com o bronze em Londres 2012), mas ainda falta incentivo e não tem transmissão da TV”, declarou a atleta de 35 anos. Ela também falou sobre a sua primeira defesa de título, que será em território brasileiro. “Quero estar preparada para conseguir um bom resultado em casa. Espero transmissão da TV e casa lotada”.
Por contrato, Brenda Carvajal tem o direito a uma revanche, no entanto, como foi explicado pela equipe da campeã mundial, tradicionalmente a primeira defesa de cinturão é com outra adversária. Apesar disso, The Queen está aberta para seguir o que foi apalavrado e está esperando um contato da equipe da argentina para que um novo duelo possa ser marcado. Enquanto um novo confronto não acontece, ela pode perseguir seu maior sonho na modalidade: “ser campeã do mundo nas quatro entidades (responsáveis pelo boxe profissional)”.
Além disso, durante a conversa, Rose Volante se recordou do começo da sua carreira, que passou de amadora para defender a Seleção Brasileira e, posteriormente, para o profissionalismo. “Perdi 40 kg depois de um ano treinando e daí eu quis competir em viradas esportivas e dei continuidade como atleta amadora. Passei a ser convocada para a Seleção, participei do Sul-Americano e Pan-Americano e, em 2012, fui para as Olimpíadas como reserva. Como minha idade não deixaria eu entrar em outro ciclo olímpico, decidi ir para o profissional em 2014”, contou ela, que revelou que seu apelido foi dado por uma garota de 15 anos que treinava com ela e era conhecida como a princesa do boxe.
*Especial para a Gazeta Esportiva