Gazeta Esportiva

Hebert Conceição fala sobre vida pós-ouro e destaca a força nordestina em Tóquio

(Foto: Jonne Roriz/COB)

Hebert Conceição protagonizou um dos momentos mais emocionantes da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O boxeador levou o ouro na categoria peso médio (entre 69kg e 75kg), vencendo um campeão mundial na final.

Na decisão, Hebert perdeu os dois primeiros rounds para o ucraniano Oleksandr Khyzhniak. Assim, o brasileiro precisava de um nocaute a qualquer custo. Com muita técnica, o boxeador levou o adversário ao chão e subiu ao lugar mais alto do pódio. Para levar o ouro, o atleta colocou à prova sua força mental.

“O trabalho psicológico já tinha sido feito bem antes das Olimpíadas. No Japão, já estava passando por um trabalho mental muito forte. Eu passei por alguns momentos difíceis antes de viajar, então cheguei com o psicológico muito preparado. Naquela luta, eu não podia desistir, lembrando de tudo o que passei para me dar forças. Lembrando que tinha uma nação de mais de 200 milhões de habitantes torcendo e mandando energias positivas, apesar do horário no Brasil. Eu jamais poderia decepcionar meu povo, tinha que ser uma inspiração”, disse o boxeador em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.

Agora, Hebert terá pela frente um ciclo olímpico mais curto, já que a edição de Paris será disputada em três anos. Adaptando-se à vida após o ouro, o atleta enxerga a proximidade dos Jogos como um aspecto positivo.

“É difícil, é pouco tempo para a gente voltar para o normal. Depois de uma medalha olímpica, a nossa vida fica muito corrida, são muitas coisas além dos treinamentos. A gente tem que cumprir atividades extras além dos treinamentos, e o tempo não é o de um ciclo normal. Mas vejo pelo lado positivo, é um ano a menos que a gente tem para se manter no alto nível, é mais fácil para quem está no pico”, afirmou.

Dos sete ouros conquistados pelo Brasil em Tóquio, quatro foram por atletas nordestinos: os baianos Hebert, Ana Marcela Cunha (maratona aquática) e Isaquias Queiroz (canoagem) e o potiguar Italo Ferreira. Na visão do boxeador, os resultados expressivos são um recado para o país no que diz respeito à força da região.

“Indiretamente, sim. Querendo ou não, por mais que nossa sociedade esteja em processo de evolução, caminhando bem, acho que a gente ainda sofre muitos preconceitos, por ser nordestino. Por ser pobre, por ser negro. Esse resultado dos atletas nordestinos mostra para o Brasil e para o mundo que a gente é forte, que a gente tem capacidade de representar o nosso país no mais alto nível”, finalizou.

No início de dezembro, Hebert marcou presença no Prêmio Brasil Olímpico, com cerimônia realizada em Aracaju, sendo celebrado como o melhor boxeador do país no ano. Ele também concorreu ao prêmio de atleta do ano na categoria masculina, sendo superado por Isaquias Queiroz. Além dos dois, Italo Ferreira também estava no páreo.

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