Rebeca explica escolha pelo funk e fala sobre dificuldades: "Saí de casa com dez anos" - Gazeta Esportiva
Rebeca explica escolha pelo funk e fala sobre dificuldades: "Saí de casa com dez anos"

Rebeca explica escolha pelo funk e fala sobre dificuldades: "Saí de casa com dez anos"

Gazeta Esportiva

Por Redação

29/07/2021 às 12:40 • Atualizado: 29/07/2021 às 13:38

São Paulo, SP

A brasileira Rebeca Andrade fez história nesta quinta-feira ao conquistar a prata nas finais individuais da ginástica artística feminina. Foi a primeira medalha olímpica do Brasil na história da modalidade.




Mais uma vez ao som de "Baile de favela" no solo, a ginasta explicou a escolha pelo funk.

“Foi o meu coreografo que teve a ideia do Baile de Favela. Ele veio com essa música e a gente fez a coreografia juntos. Foi incrível. Foi surpresa, não foi ideia minha. E eu adorei. De início eu adorei, pois eu estava saindo da Beyonce, que eu sou super fã, mas depois eu acostumei. Hoje quando vocês me veem no solo com a música, ela é a minha cara, não tem como negar. Foi incrível e está sendo esse sucesso”, afirmou.

“O funk é um dos estilos de música mais escutados no Brasil, e querendo ou não é a cultura brasileira. Eu gosto de funk, eu adoro dançar funk, as batidas são demais. Então é um orgulho mesmo para as pessoas que se enxergam no funk e saber que todo mundo gostou. Saber que repercutiu. Esta sendo incrível”, completou.



Rebeca Andrade comentou sobre as dificuldades que teve que enfrentar em sua vida até subir ao segundo lugar mais alto do pódio na ginástica olímpica e pediu apoio e investimento no esporte.

“É muito bom quando você tem um apoio, quando tem alguém te dando um suporte. Eu acho que eu tive isso mas com as pessoas mesmo. Eu dormia na casa dos treinadores para eu conseguir, a minha mãe ia a pé para me dar o dinheiro da condução, meu irmão me levava de bicicleta. Eu saí de casa com dez anos, mas nesse meio tempo eu não ficava tanto tempo em casa, pois as pessoas viam o meu talento e viam o meu futuro e queriam investir e eu acho que eles tem que fazer isso por mais crianças que tem um sonho, que tem um objetivo, que tem capacidade. Por que é nesse apoio que a gente vê a pessoa crescer. Se eles não me enxergassem eu não estaria aqui hoje. Isso é muito importante! Apoiem o esporte. O esporte é vida, é inclusão, dá sabedoria, você cresce, você vira um ser humano melhor. E eu sou muito grata.”, ressaltou.

“Eu tenho cinco cirurgias em um joelho, pois fazia fibrose e eu tinha que tirar, eu não conseguia dobrar. E eu sou jovem. As pessoas te moldam, te mudam, sabe, eu tive acompanhamento psicológico desde os meus 13 anos e ano passado para cá eu consegui colocar em prática a parte de não me sentir nervosa, de manter o controle, de conseguir fazer tudo o que eu fazia no treino. É muito importante esse processo de me conhecer. A pandemia foi incrível para mim, tanto para minha operação quando pro meu psicológico. Eu pude me cuidar, me conhecer melhor, saber o que era bom, o que era ruim. Eu me conectei comigo mesma, e hoje a gente vê o resultado disso”, concluiu.



A ginasta brasileira também falou sobre a mãe, que segundo ela a acompanhou durante todo o processo, e agradeceu às pessoas que lhe ajudaram a chegar ao pódio olímpico.

“Minha mãe está muito emocionada. Ela acompanhou todo o processo. Ela está mais orgulha que eu desse momento. Eu estou feliz demais. Eu passei por muita coisa e coloquei essa Olimpíada como objetivo mas o meu objetivo aqui era fazer o meu melhor, era brilha e eu acho que eu brilhe, conseguia nossa primeira medalha olímpica em ginástica artística feminina. Todas as mulheres que passaram pela ginástica artística do brasil se veem nessa medalha, elas estão muito orgulhosas de mim e se sentindo orgulhosa dessa história. Eu só estou dando um passo a mais nessa história e eu espero que a nossa geração consiga isso e muito mais. Eu estou muito orgulhosa de mim e de todas as pessoas que me ajudaram a chegar até aqui, por que eu não estaria aqui sozinha", ressaltou.



Rebeca falou sobre o que passou em sua cabeça e como está se sentindo agora com a medalha de prata no peito, destacando como pode ser um inspiração para outras pessoas.

“Eu nem sei explicar o que passou pela minha cabeça. Eu queria muito me sair bem hoje, não digo nem de ganhar medalha, mas fazer uma boa ginástica, uma boa inspiração para outras crianças pretas, brancas, todas as crianças que estão vendo. E um orgulho para o Brasil. Está sendo incrível! ”, comemorou.



Sobre a categoria do solo, última a ser disputada nesta quinta, Rebeca revelou que de início ficou preocupada com sua apresentação, mas que logo se transformou em alegria.

"Na hora da nota do solo eu não pensei na medalha. Eu pensei ‘putz, sai duas vezes do solo’. E meu médico veio, falou comigo e começou a abraçar, falou que eu tinha conseguido! Ai todo mundo começou a chorar e eu falei para eles não chorarem. Mas nossa, a alegria está transbordando. Eu estou muito feliz, eu estou grata. Eu tenho três cirurgias, eu tive muitas oportunidades de desistir, mas eu não desistir e estou aqui com a minha medalha de prata", celebrou.

“Eu só pensava em me sentir calma e brilhar. Foi muito trabalho psicológico. Eu só pensava em ficar calma e brilhar, ficar tranquila, esse é o último aparelho”, completou.



Rebeca ainda vai disputar mais duas finais em Tóquio: domingo no salto, e segunda-feira no solo.

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