Após ouro no Rio, Rafaela Silva troca treinos por eventos e lamenta - Gazeta Esportiva
Após ouro no Rio, Rafaela Silva troca treinos por eventos e lamenta

Após ouro no Rio, Rafaela Silva troca treinos por eventos e lamenta

Gazeta Esportiva

Por Marcelo Baseggio

27/09/2017 às 19:05 • Atualizado: 28/09/2017 às 10:39

Osasco, SP

Rafaela Silva tem de lidar com as consequências de se tornar uma heroína olímpica. Responsável pela primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, dando a volta por cima depois de cair na estreia em Londres 2012 por conta de um golpe irregular, a judoca criada na Cidade de Deus ainda vem tentando encontrar uma forma de conciliar a fama e os holofotes com a sua rotina de treinos, tarefa nada fácil, como ela mesmo relatou à Gazeta Esportiva. Em visita à ADC Esportes, projeto social do Bradesco para o desenvolvimento de jovens atletas do vôlei e do basquete em Osasco, a campeã olímpica expôs a nova realidade e projetou os próximos passos já pensando em Tóquio 2020.

“Toda hora tem alguma coisa. Já perdi treino ontem, estou perdendo treino hoje, tenho mais dois dias para concluir a semana. Vou treinar três vezes e isso para um atleta de alto rendimento é bem complicado. Sabemos que temos que cumprir compromissos, então está sendo bem difícil. Meu objetivo agora é cortar um pouco essa parte para poder retomar, porque fui campeã olímpica em 2016, se eu não me classifico para Tóquio 2020, já começam a falar, criticar. Para eu manter o foco nas competições, tenho que dar uma reduzida nesses eventos”, disse Rafaela Silva.




Esse desvio de foco para atender às necessidades de todos os parceiros refletiu no desempenho de Rafaela Silva no Mundial de Budapeste, na Hungria, disputado entre o fim de agosto e início de setembro deste ano. Na ocasião, a campeã olímpica na categoria até 57kg acabou decepcionando ao ser eliminada logo na estreia da competição pela portuguesa Telma Monteiro, medalha de bronze nas Olimpíadas do ano passado, que aplicou um waza-ari para avançar. Sobre o resultado, a judoca carioca garantiu que não foi uma grande decepção.

“Para o que treinei visando o Mundial, [meu resultado] era o esperado. Eu não estava 100% para fazer uma boa competição devido a entrevistas, patrocinadores. Hoje eu não consigo concluir uma semana de treinamento completa. Está sendo bem difícil retomar minha rotina e isso pode até me atrapalhar na classificação para Tóquio 2020”, comentou.

Ciente de que será preciso compensar o resultado ruim em Budapeste nas próximas principais competições deste novo ciclo olímpico, Rafaela Silva afirmou que já está trabalhando para evitar novos reveses, mas expôs a dificuldade nos treinamentos para se tornar menos previsível.

“Estou tentando mudar um pouco a estratégia de luta, tentando treinar alguns golpes novos para surpreender as minhas adversárias. Sou a atual campeã olímpica, logo uma das atletas mais estudadas da categoria. Todo mundo já sabe o que a Rafaela vai fazer, então tem que ter esse elemento surpresa. Um golpe novo você não aprende do dia para a noite, leva um pouco de tempo. Espero estar bem, podendo surpreender as minhas adversárias nas próximas competições e, quem sabe, nos Jogos Olímpicos”, prosseguiu.

Embora a fama tenha virado a rotina de Rafaela Silva de cabeça para baixo, a atleta sabe da importância do reconhecimento por parte do público após a conquista mais importante da sua carreira. Ela até mesmo relembrou um dos inúmeros episódios em que tem de deixar de lado a timidez para encarar os fãs.

"Fui a Belo Horizonte para o casamento da Mari, da Seleção, e quando chegamos no restaurante ela falou ‘nossa, quando você entra, todo mundo faz uma cara’. Já estou acostumada, parece que eu sou um bicho-papão, mas é legal esse reconhecimento. As pessoas querem tirar foto, abraçar, passar um gesto de carinho", concluiu.

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