43ª edição do Rally Dakar começa neste domingo de olho no futuro - Gazeta Esportiva
43ª edição do Rally Dakar começa neste domingo de olho no futuro

43ª edição do Rally Dakar começa neste domingo de olho no futuro

Gazeta Esportiva

Por Redação

02/01/2021 às 13:49 • Atualizado: 02/01/2021 às 13:52

São Paulo, SP

Na madrugada deste domingo, será dada a largada para a 43ª edição do Rally Dakar, a mais exigente competição a motor internacional. Mas esta não será uma edição qualquer: em um mundo que pulsa com mudanças tecnológicas e sociais, a organização da prova se esforça para colocar o evento na trilha correta.

Em 2021, ao mesmo tempo em que cultiva a tradição com a criação da categoria Classic para carros históricos que disputaram o Dakar até o ano 2000, o rally também flerta com o futuro. Os organizadores anunciaram um projeto que fará todos os carros e caminhões trocarem a motorização a combustão pela movida a hidrogênio, uma tecnologia promissora mas ainda em desenvolvimento.

Paradoxalmente, o Dakar tem acordo de exclusividade para a realização de suas provas na Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do planeta. "Desde que surgiu, em 1979, um dos méritos do Dakar sempre foi ser um laboratório a céu aberto para a indústria. Esse anúncio é uma forma de atrair as montadoras, que precisam desse tipo de ambiente competitivo para acelerar o desenvolvimento de seus produtos", diz o brasileiro Reinaldo Varela, da equipe Monster Energy Can-Am, que tenta o bicampeonato da prova ao lado do navegador Maykel Justo.

O campeão do Dakar 2018, Reinaldo Varela (Foto: Divulgação)


A transformação anunciada pelo francês David Castera, diretor esportivo da ASO (Amaury Sport Organisation), organizadora do Dakar, obrigará as principais equipes a utilizarem veículos a hidrogênio já em 2026 – com todos os inscritos adotando a tecnologia a partir de 2030, justamente o ano em que a Arábia Saudita completará o seu plano de diversificação tecnoeconômica, do qual o Dakar vai se tornando um dos principais arautos.

A prova que larga neste domingo também apresenta outras novidades. Por exemplo, 16 mulheres estão inscritas para enfrentar o brutal roteiro de 12 dias de competição ao longo de quase oito mil quilômetros. Entre elas, um time feminino capitaneado pela piloto italiana Camelia Liparoti e a navegadora Annet Fischer, na categoria Protótipos Leves.

Nascido na França e administrado por uma empresa europeia, o Dakar também começa a mudar o tom de sua pele. Segundo a organização, entre os 49 países representados pelos competidores, a predominância ainda é de italianos, franceses e alemães. Mas os sul-americanos e asiáticos, com destaque para os chineses, indianos e países da região árabe, são uma população que vem crescendo nos últimos anos.

Rota da prova produzido pela organização: totalmente dentro da Arábia Saudita (Foto: Dakar/ASO)


Mortes em 2020

Ao longo de sua história, o Dakar já registrou a morte de 30 competidores, além de outras 45 vítimas entre membros de equipes e moradores locais. Em sua mais recente edição, a corrida teve dois acidentes fatais, ambos de moto – do português Paulo Gonçalves, 40 anos, e do holandês Edwin Straver, 48.

Para 2021, a ASO teve como meta aumentar a segurança nas dunas do deserto saudita, produzindo um roteiro no qual o foco será mais a qualidade da pilotagem e da navegação do que a velocidade pura. "Isso beneficia quem é mais técnico e experiente. Mas não alivia em nada o nível de dificuldade do rally como competição. Muito pelo contrário", pontua Varela.

No caso das motos, foram limitados o uso de pneus novos na traseira (seis unidades) e troca de pistões (uma), obrigando os pilotos a poupar o equipamento para chegar ao final da competição no dia 15 de janeiro. Outra novidade é um bipe que soará dentro dos veículos ao se aproximarem de zonas sabidamente perigosas.

"É um sistema que funciona orientado por GPS", revela Reinaldo Varela. "Muitas vezes, o cansaço impede o navegador de notar certos detalhes na planilha. Certamente esse aparelho vai poupar muita gente de situações perigosas, e quem sabe salvar vidas. Parabéns para a organização", elogia o campeão do Dakar de 2018.

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