Presidente de honra do New York Cosmos quase 38 anos após sua passagem pelo futebol norte-americano, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, foi convidado especial do clube na conferência da Associação Nacional de Técnicos da América, acontecida na última semana. O evento reuniu o atual técnico do NY Cosmos, Giovanni Savarese, e o novo contratado da equipe, o espanhol Raúl González. Feliz por participar da homenagem, Pelé se mostrou otimista com relação ao projeto do espanhol para incentivar o futebol nos EUA.
Responsável por promover o futebol nos Estados Unidos na década de 1970, após passagem de mais de duas décadas pelo Santos com conquista de campeonatos mundiais e nacionais, além de um tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, Pelé se identificou com o projeto de Raúl, pautado no desenvolvimento das categorias de base do Cosmos. Para o Rei do Futebol, foi como se o espanhol estivesse reeditando um plano que já foi seu. “Penso que Raúl e eu compartilhamos de uma história parecida”, comentou o brasileiro.
Protagonista de uma negociação lenta, Raúl foi oficializado pelo Cosmos no fim do ano passado depois de mais de dois meses de negociação. Em uma das primeiras aparições oficiais representando o Cosmos, o camisa 7 disse estar muito honrado em conhecer pessoalmente Pelé, o ‘eterno’ camisa 10 do Santos e da Seleção Brasileira. “É uma honra muito grande estar aqui com Pelé, acho que é a primeira vez que sentamos juntos. Para mim, vir para o Cosmos depois de 20 anos atuando na Espanha, Alemanha e Catar é muito bom. Quero contribuir com minha experiência aqui nos Estados Unidos. Espero vencer muitos jogos e ajudar os jovens jogadores do Cosmos”, falou.
Sobre esse papel de embaixador do futebol, Pelé viu algumas semelhanças com relação a sua chegada a Nova Iorque, há quase 40 anos atrás. “Raúl falou que ficou 20 anos na Europa até ser convidado a jogar aqui nos Estados Unidos. Comigo foi um pouco diferente, mas com o mesmo intervalo de tempo. Fiquei vinte anos jogando no Santos, naquela época o melhor time do mundo. Eu sei que pude ajudar crianças aqui e isso me deixa muito orgulhoso atualmente. As crianças aqui tem uma formação de base muito melhor do que no Brasil, e eu fiz parte disso”, comentou Pelé.
Em um bate-papo descontraído que envolveu pitacos sobre o futebol moderno e lembranças dos tempos de jogador, Pelé previu um crescimento estrondoso para o futebol norte-americano, que na Copa do Mundo de 2014 já teve outra repercussão dentro do País, com uma demanda maior de expectadores. “O crescimento do futebol norte-americano é tremendo. Hoje em dia é possível comparar tranquilamente a seleção dos Estados Unidos com qualquer outro time internacional”, falou o brasileiro.
Aos 37 anos, Raúl admite que seu maior desafio nos Estados Unidos está do lado de fora do campo. “Estou aqui para jogar, mas acho que meu maior desafio é ajudar a desenvolver a Academia de Jovens do NY Cosmos, ajudando as crianças a entenderem o jogo e aprenderem as técnicas. Eu gosto de estar envolvido neste processo. Eu penso que tem muito talento aqui nos Estados Unidos e eu quero ajudar a desenvolver isso para o futebol”, falou Raúl, que deve estrear na MLS a partir de março.