As revelações de Valentim - Gazeta Esportiva
Felipe Leite
Atibaia, SP
01/18/2019 08:30:02
 

Ribamar, Pyramids, Leandro Castán, Paulo Nobre, sucesso do Palmeiras… não foram poucos os assuntos conversados com Alberto Valentim na entrevista exclusiva que o treinador realizou com a Gazeta Esportiva em Atibaia (SP), local onde o Vasco realizou a pré-temporada para 2019.

Em 2018, após sua passagem de quatro anos pelo Verdão, onde pôde conviver com Nobre, o técnico ficou pouco tempo no comando do Botafogo até rumar para o Egito, com a missão de comandar o recém-revitalizado Pyramids FC. No entanto, depois de somente três jogos, o treinador deixou o clube após se desentender com o sheik Turki Al-Sheikh, mandatário do time, em confusão que teve o atacante Ribamar como pivô.

Disponível no mercado, Valentim assumiu o Vasco em agosto do mesmo ano e contou com a ajuda do zagueiro Leandro Castán, xerife do sistema defensivo, para livrar o Cruzmaltino do preocupante rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro.

A resumida linha do tempo abrange todos os tópicos que Valentim abordou em seu papo com a Gazeta Esportiva. Desde os elogios a Paulo Nobre, ex-presidente do Palmeiras, passando pelo sucesso recente do Verdão e a explicação do que ocorreu no Egito, culminando na incerteza da permanência de Leandro Castán para 2019, já que o zagueiro era alvo do Corinthians, o treinador fez suas revelações e declarou suas opiniões – que você pode conferir abaixo.

Confusão envolvendo Sheik e Ribamar realmente aconteceu? 

“Aconteceu isso sim. Na época, o Sheik pediu para que eu não o escalasse (Ribamar) e, depois, falou para que eu o tirasse do jogo. Dentro da minha ideia de jogo, não admito que uma pessoa que não é da minha comissão técnica me dê essa ordem.”

Situação facilitou a transferência de Ribamar ao Vasco? 

“Ele conhecia já o meu trabalho de quase dois meses e isso facilita. Já consigo acelerar com ele, já sabe os porquês das regras dos treinos. Os outros que chegaram agora também estão pegando rapidamente, a gente está com um bom entrosamento.”

Keno e Rodriguinho (brasileiros no Pyramids) querem voltar? São alvos do Vasco? 

“Faz um tempo que não falo com o Rodriguinho, mas com o Keno falei no último domingo. Não falei sobre possível volta dele, conversamos sobre algumas coisas, a gente brincou e tal. Não sei como vai ser a situação do Pyramids para o ano que vem, não acompanho mais. Torço para os jogadores que lá estão, algumas pessoas que levei ainda continuam por lá. Não tenho notícias se a equipe vai continuar. Acredito que, se Keno e Rodriguinho tiverem a vontade de voltar, temos que avaliar muita coisa, porque eles foram com contratos altos, comprados em valores altos. Não sei como vai ser a volta. Vai depender muito também do que o sheik tem como interesse, se é de fazer um time forte, como era quando o projeto foi montado e eu fui chamado para conversar.”

Pediu para Castán continuar no Cruzmaltino?

“Tive uma conversa com o Castán durante o tempo que fiquei na Granja Comary, fazendo o curso da CBF. Eu não fiz um pedido para ele ficar, e sim disse para ele que gostaria que continuasse com a gente porque é um dos pilares do nosso time, é uma referência para nós – grande jogador e capitão. Ele, em momento algum, disse que iria embora. Está focado aqui e está querendo nos ajudar, fazendo o papel de líder dentro e fora de campo. Contamos muito com ele.”

Melhora defensiva aconteceu por conta do zagueiro? 

“A gente tinha padrão de jogo, fase defensiva boa. Mesmo com as dificuldades na tabela, nos últimos jogos, os adversários não tinham chances claras de gol. O Castán é um pilar da fase defensiva, mas sempre falei que o futebol moderno exige que, para que a defesa seja de qualidade, os trabalhos têm que começar lá na frente.”

Influência de Paulo Nobre no Palmeiras:

“Esses dias até comentei sobre isso com amigos meus. Quando o Paulo Nobre chega no Palmeiras, existe uma revolução lá dentro. Ele deu uma saúde financeira muito boa. Lógico, depois veio a Crefisa, tudo bem, mas quem arrumou o Palmeiras foi o Paulo Nobre. Torcedor palmeirense, pelo que eu estive perto durante os meus quatro anos lá, tem que lembrar que foi ele que deu esse salto de qualidade para o Palmeiras. Onde a equipe está hoje, se deve muito a ele.”

Metodologia do Verdão e sucesso recente:

“Hoje, com Alexandre Mattos e Cícero Souza (dirigentes), o Palmeiras tem muita qualidade no dia a dia. Não é só o dinheiro. O Palmeiras tem o melhor elenco (do Brasil), sem dúvida nenhuma. Lá, existe hoje, além das contratações, uma qualidade de trabalho enorme. Vocês não têm ideia da organização. Existe cobrança interna muito grande, de todos os profissionais, para que as coisas andem bem. As pessoas olham de fora e falam: ‘ah, entrou dinheiro, então vai ganhar tudo’. Não é isso. O Palmeiras tem saúde financeira, mas tem também um profissionalismo grande, cobranças enormes de qualidade de trabalho, não só por parte dos jogadores, mas sim de todas as pessoas que trabalham lá. Hoje, o Palmeiras é uma força que, sem dúvidas, vai ganhar mais títulos nacionais e, também, conquistas internacionais.”



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