DNA de campeão - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
04/16/2019 08:00:53
 

Os três filhos de Dener tentaram seguir carreira no futebol, sem sucesso. Vinte e cinco anos após a morte do genial meia-atacante revelado pela Portuguesa, o pequeno Rafael Augusto segue os passos do avô no clube rubro-verde e procura trilhar o caminho que os tios não conseguiram.

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Filho de Felipe Augusto, o garoto tem apenas 8 anos de idade e já foi federado pela Associação Portuguesa de Desportos. Inspirado pelos vídeos do avô em ação disponíveis no YouTube, Rafael defende o tradicional clube rubro-verde no futsal e tem planos de migrar para o campo.

“O do carrinho, contra o Santos”, diz o menino, sem titubear, quando questionado sobre o gol predileto marcado por Dener, pelo Campeonato Paulista de 1993. “Ele domina com um rolinho. Depois, dá uma cotovelada no marcador, dribla o goleiro e faz de carrinho”, precisa o garoto.

Uma casa portuguesa
Acompanhado pelos tios Denis Henrique e Dener Matheus, a convite da Gazeta Esportiva, Rafael visitou o Estádio do Canindé, palco do golaço contra o Santos. Ele sorriu ao ver fotos do avô, de quem copia os dribles da vaca, e arrancou risos ao contar que comemorou seu último gol com a coreografia do funk “Nego Ney”.

Vitimado por um acidente automobilismo em 19 de abril de 1994, Dener deixou os filhos Denis Henrique, Felipe Augusto e Dener Matheus. Os três sonharam com a carreira de atleta profissional e chegaram a defender a Portuguesa nas categorias de base, mas desistiram.

“Era bem complicado, porque os outros moleques achavam que estava ali por causa do meu pai. Então, eu ficava separado. Tivemos que batalhar muito até pegar amizade. E, mesmo assim, era sempre uma dificuldade, porque a gente tinha privilégios que os outros meninos não tinham”, diz Denis, de 29 anos, consultor bancário.

O peso das comparações
A poucos metros do ginásio em que Rafael treina, pendurado na parede do bar frequentado pelos associados, um quadro exibe uma seleção de todos os tempos da Portuguesa. No time posado, a caricatura de Dener está ao lado de figuras como Djalma Santos, Julinho Botelho e Enéas.

“Nós vivemos essa vida de futebol e sabemos o quanto é difícil. Não tem como: o peso (de ser descendente de Dener) é para todos. Conosco, por sermos filhos, acho que foi maior e um dos motivos que nos levaram a parar. A comparação, sempre vai ter”, diz Dener Matheus, de 25 anos, dono da marca de roupas DNR.

Conhecedores da pressão, os tios sublinham que o desejo de jogar futebol partiu do próprio Rafael. Acompanhado de perto pelo avô materno, ele defende outros três times e já atua no futebol de campo. Em breve, quem sabe, poderá disputar a Copa São Paulo, torneio conquistado por Dener com a camisa da Portuguesa em 1991.



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