Dérbi Campineiro: A Era de Ouro - Gazeta Esportiva
André Garda e Luca Castilho
05/04/2018 08:01:21
 

Ponte Preta e Guarani viveram os seus anos de ouro durante a década de 1970. Enquanto a Macaca foi três vezes vice-campeã do Campeonato Paulista, o Bugre conquistou o Campeonato Brasileiro de 1978 e chegou a ser quarto colocado da Copa Libertadores. Desde então, os times de Campinas ainda tiveram mais algumas campanhas históricas, mas não voltaram a atingir um nível de reconhecimento como tiveram naquela época, sendo que o clube do Brinco de Ouro da Princesa chegou a cair para a terceira divisão desde o último Dérbi Campineiro em 2013.

“Na minha época do dérbi em Campinas, posso dizer que as equipes estavam em situações praticamente idênticas em termos de prestígio no futebol brasileiro. Um clube que sempre chegava próximo ou disputava final, revelava muitos jogadores para os times grandes. Eu, Carlos, Polozzi, Juninho, tivemos a chance de ser convocados ainda jogando pela Ponte Preta e ir para a Seleção na Copa do Mundo. O Amaral, Renato, Careca, jogando pelo Guarani, coisa que hoje praticamente não existe. Os dérbis eram sempre de casa cheias, a semana muito agitada na cidade e com expectativa muito grande de quem vai ganhar, quem vai tirar sarro do outro, quem vai ficar por cima. Campinas é uma cidade de dois clubes apenas, então quem ganha o dérbi, sempre fica em uma posição privilegiada”, declarou o ex-zagueiro Oscar, que disputou a Copa do Mundo de 1982, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.

Já o campeão Brasileiro de 1978 com o Bugre, o ex-meia Zenon, lembrou do dia em que Ponte Preta e Guarani se enfrentaram em pleno Pacaembu em 1979. Aquele dia 3 de junho marcou a primeira vez que o Dérbi Campineiro foi disputado fora de Campinas.

“O dérbi mais marcante para mim aconteceu em 1979, quando a capital do futebol, Guarani e Ponte foram mostrar como se jogava futebol para os paulistanos. Jogo realizado no Pacaembu, com um recorde de público que até hoje não foi batido (38.948 pessoas) e nós vencemos por 2 x 0 (gols de Zenon de pênalti e Capitão). Esse foi o jogo que eu achei histórico para o Guarani, principalmente por Campinas estar sendo denominada a capital do futebol”, disse o ídolo Bugrino em declaração exclusiva à Gazeta Esportiva.

O ídolo da Ponte Preta também indicou a receita para sua ex-equipe voltar ao auge e assumir protagonismo novamente é voltar a investir na base para revelar atletas como fazia em seus tempos áureos.

“Eu acho que (para voltar a ficar no auge) eles (os times campineiros) precisam mudar a política. Tem que mudar a política eu digo de administração de formação de atletas. A Ponte eu já sei que está investindo bastante na base. Do meio do ano passado para cá, a Macaca tem jogador da base no time titular. Aquilo que a Ponte sempre fez e fez bem. Agora isso aí precisa ser um trabalho prolongado, de contratações pontuais de jogadores. Não é só a contratação de atletas, mas também de treinadores. E ter um perfil de atleta para atuar na Ponte Preta, não pode ser qualquer um. Por isso eu digo, a Ponte precisa ser boa na base e nas contratações pontuais para não errar. Você só forma jogador, pondo ele para jogar, tem que ter esse conhecimento, essa audácia de dar chance para o menino jogar”, afirmou o ex-zagueiro, que também passou pelo São Paulo e pelo New York Cosmos.

Depois de cinco anos sem o principal clássico da cidade, as duas agremiações irão voltar a se enfrentar, dessa vez pelo Campeonato Brasileiro Série B, com o primeiro confronto no dia 5 de maio. E Oscar previu como a partida será. “Acho que será um dérbi com uma expectativa muito grande. O torcedor, ele passa para o jogador a ânsia de jogar, a vontade, com uma motivação muito maior de ganhar do que de um jogo normal. Os jornais de Campinas, a TV, rádios, vão ficar em cima a semana inteira comentando, falando, então é uma semana tensa. É um jogo que precisa ter uma arbitragem muito boa para conduzir o jogo e para que nada aconteça no campo”.

Zenon também mostrou sua preocupação com a possibilidade de haver violência sendo bastante direto: “já teve confusão, vou dizer o que?”. Apesar disso, ele acredita que o confronto será bastante equilibrado. “Os dois times chegam com a mesma condição. Acho que o Guarani leva uma pequena vantagem por jogar no seu estádio, com torcida única, mas, tecnicamente, os dois times chegam na mesma condição para este dérbi.



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