Muito além dos medalhões - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
Ribeirão Pires, SP
10/05/2018 08:00:20
 

Com o cantor Pinha como protagonista, a Pizzaria Di Roma realizou mais uma edição do Pagode do JotaPê na noite da última quinta-feira. Para promover o evento, o estabelecimento localizado em Ribeirão Pires não convidou Evair nem Edmundo. Tampouco César Sampaio ou Zinho. Sem medalhões, as presenças dos ex-coadjuvantes palmeirenses Wendel, Jorge Preá e Raphael Alemão, anunciadas no convite, foram usadas como atração.

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Trajado com uma camisa alusiva ao Palmeiras, Wendel foi o primeiro a chegar. O ex-lateral direito e volante, escalado em um total de 203 partidas, ocupa a 73ª posição entre os atletas que mais atuaram pelo time fundado em 1914. Aos 36 anos, com a carreira encerrada recentemente, ele hoje estuda educação física com a meta de atuar como preparador e ainda frequenta o clube social.

“O Palmeiras representa toda minha vida no futebol. Foi o clube que abriu as portas e ao qual fui vinculado por 12 anos”, contou Wendel, que mantinha registros manuscritos sobre suas partidas. “Vestir a camisa do Palmeiras foi uma honra, uma satisfação, uma alegria. Peguei amor pelo clube”, disse, sem frustrações por jamais ter marcado um gol pela equipe.

Após conversar com a Gazeta Esportiva, Wendel sentou à mesa para comer pizza ao lado de um sósia do técnico Luiz Felipe Scolari, mais um ilustre convidado do Pagode do JotaPê. Minutos depois, o atacante Jorge Preá chegou a Ribeirão Pires. Sorridente, antes de conceder entrevista, ele esclareceu que gosta de ser chamado pelo apelido. “Pode falar Jorgepreá, tudo junto”, brincou.

Descoberto pelo ex-volante César Sampaio, o atacante disputou apenas oito partidas com a camisa do Palmeiras, mas ainda é lembrado entre os torcedores pela única vez em que balançou as redes no Palestra Itália. Em um resultado importante rumo ao título do Campeonato Paulista 2008, o então desconhecido Preá marcou nos acréscimos o gol da vitória sobre a Portuguesa.

“Quando revejo o gol e ouço a narração do José Silvério, ainda fico bastante emocionado. Tanto tempo depois, continuo sendo reconhecido pelos torcedores por causa desse lance. Tenho tudo guardadinho em casa: fotos do elenco de 2008, fotos do gol, vídeos no meu celular, imagens da comemoração, a faixa de campeão e a camiseta festiva”, enumerou o atacante de 34 anos, desempregado após defender o Real Ariquemes-RO.

Jorge Preá ainda é lembrado pelo único gol que marcou no Palmeiras (Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press)

Thiago Galhardo, administrador do perfil Joguei no Palmeiras no Twitter, é um dos que lembram da jogada. “O gol do Jorge Preá virou folclore. Todo o mundo jura que estava no estádio naquele dia! A alcunha de ‘ex-Palmeiras’ nunca sai dos atletas que passam pelo clube, porque o palmeirense gosta dos ex-jogadores, por mais que não tenham jogado tão bem assim. Isso acaba possibilitando a participação em eventos e jogos de masters”, afirmou.

No momento em que Jorge Preá sentou à mesa da Pizzaria Di Roma, o cantor Pinha, ex-integrante do Exaltasamba, já fazia companhia a Wendel e ao sósia de Felipão, entre outros convidados. No salão ao lado, alguns clientes curtiam uma exibição de samba ao vivo. Durante as garfadas, os dois ex-companheiros puderam relembrar o último título estadual do Palmeiras, derrotado nas decisões estaduais de 2015 e 2018.

“Nós éramos operários. Infelizmente, não conseguimos repetir as grandes conquistas dos ídolos do Palmeiras, mas temos nossa pequena porcentagem na história também, estamos ali no meio. Somos os últimos campeões paulistas. Eu, Wendel, Denilson, Valdivia, Marcão, Diego Souza, Alex Mineiro. O time era sensacional. Vou te dizer que acho aquela equipe melhor do que a atual”, arriscou Preá.

Ex-palmeirenses foram citados no convite

O goleiro Raphael Alemão, que disputou seus únicos dois jogos pelo Palmeiras no triste Brasileiro de 2012, desfalcou o Pagode do JotaPê. Bem alimentados, os boleiros deixaram a mesa para ver o show de Pinha. Wendel ficou perto do palco e interagiu com alguns fãs, enquanto Jorge Preá, ao lado da mulher, acompanhou a exibição de maneira discreta. Já Valter Ziviani, o sósia de Felipão, e Rafaela Lyra, com uma faixa de musa do Palmeiras, posaram para fotos.

“Eu acredito que ninguém consegue nada sozinho. No time do Evair, Edmundo e César Sampaio, eles dependiam de todo um grupo. O Jorge Preá e o Wendel, por exemplo, foram campeões pelo Palmeiras. Eu gosto de valorizar essas coisas, porque uma andorinha só não faz verão. Tem que reconhecer a todos”, ensinou Ed Carlos Correa, proprietário da pizzaria.

 



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