Guerra projeta vitória em 1º Derby e relata Borja ansioso por estreia - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
02/22/2017 08:40:37
 

O meia Alejandro Guerra, campeão e melhor jogador da última Copa Libertadores, simboliza as pretensões do Palmeiras na temporada de 2017. Recuperado de um desconforto muscular, o ex-jogador do Atlético Nacional se prepara para disputar o primeiro Derby de sua carreira, ainda sem a companhia de Miguel Borja.

“Já estou consciente da rivalidade entre os dois clubes”, declarou Guerra em entrevista à Gazeta Esportiva. O venezuelano é uma das alternativas do técnico Eduardo Baptista para escalar o meio de campo do Palmeiras no clássico contra o Corinthians, marcado para as 21h45 (de Brasília) de quarta-feira, em Itaquera.

Companheiro de Miguel Borja no Atlético Nacional, Alejandro Guerra poderá reeditar a parceria vencedora no Palmeiras. De acordo com o meia, o centroavante está ansioso para finamente estrear pelo novo clube, o que deve ocorrer já no Campeonato Paulista.

Idolatrado pela torcida do Atlético Nacional, Guerra ficou emocionado ao ouvir seu nome gritado pela primeira vez no Estádio Palestra Itália. À vontade no novo elenco, ele ganhou na última semana a companhia de sua família e já está estabelecido em São Paulo, onde espera repetir o sucesso alcançado em Medellín.

Melhor jogador da Copa Libertadores 2016, meia fez uma tatuagem com o troféu (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Melhor jogador da Copa Libertadores 2016, meia do Palmeiras fez uma tatuagem com o troféu (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Nesta quarta-feira, você deve participar de um Derby pela primeira vez na carreira. Já tem ideia da grandeza do clássico entre Palmeiras e Corinthians?
Guerra – Sim, é o tipo de partida que todos os jogadores gostam de disputar e já estou consciente da rivalidade que existe entre os dois clubes. Um clássico, jogando bem ou jogando mal, é necessário ganhar. Simplesmente, devem ser vencidos. Esperamos que a sorte esteja do nosso lado e que a torcida possa desfrutar de um bonito espetáculo.

Gazeta Esportiva – Por determinação das autoridades locais, os clássicos em São Paulo são disputados com torcida única. Acha que vai ser esquisito entrar em campo e não ver os palmeirenses nas arquibancadas?
Guerra – Já disputei jogos com torcida única na Colômbia. É lamentável que a torcida visitante não possa comparecer a um jogo de futebol, porque é apenas um esporte. Vai ser um pouco diferente, uma vez que a torcida do Palmeiras é muito grande em São Paulo. Dentro de campo, trataremos de dar 100% para que eles possam desfrutar pela televisão.

Gazeta Esportiva – Pelo Atlético Nacional, você costumava ter sucesso contra o Independiente Medellín?
Guerra – Disputei esse clássico algumas vezes e, na verdade, costumava me sair muito bem. Graças a Deus, consegui fazer alguns gols. Você pode perder um ou dois jogos, mas se perde um clássico, corre risco de ver as coisas ficarem um pouco feias, porque a torcida sempre quer muito ganhar. Esperamos que tudo corra bem para que possamos dar alegria aos palmeirenses.

Gazeta Esportiva – Contra o São Bernardo, você estreou no Estádio Palestra Itália. Como foi ouvir pela primeira vez “olê, olê, olê, olá, Guerra! Guerra!”?
Guerra – Só de falar, fico arrepiado, porque eles valorizam o trabalho que venho fazendo desde o ano passado, ainda pelo Atlético Nacional. Essas canções animam o jogador e eu agradeço de coração, porque a torcida do Palmeiras demonstrou seu carinho desde que cheguei. Isso me obriga a trabalhar duro para dar muitas alegrias a eles.

Miguel Borja será inscrito no Campeonato Paulista no lugar do lesionado Moisés (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Miguel Borja será inscrito no Campeonato Paulista no lugar do lesionado Moisés (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Em apenas dois anos, você se tornou ídolo da torcida do Atlético Nacional e muitos fizeram até tatuagens em sua homenagem…
Guerra – O Atlético Nacional é um grande clube e não foi fácil, porque a torcida é muito exigente. Acho que consegui entrar no coração deles com o trabalho a cada jogo. Após o título da Copa Libertadores, muitos tatuaram meu rosto, minha assinatura, meu número. Valorizo esse tipo de reconhecimento e sinto que fiz as coisas bem no clube.

Gazeta Esportiva – Você e o Borja foram companheiros pelo Atlético Nacional no título da Copa Libertadores de 2016. Gostou da recente contratação dele?
Guerra – Fiquei contente, porque é uma pessoa que conheço da Colômbia e com a qual já atuei junto. É um grandíssimo jogador, tem faro de gol e isso é importante. Espero que as coisas deem certo para ele e para os outros atacantes do Palmeiras, porque precisamos de todos.

Gazeta Esportiva – Ele chegou a te consultar antes de acertar com o Palmeiras?
Guerra – Eu escrevi uma mensagem, mas o Miguel tinha trocado de telefone. Depois que chegou aqui, pudemos conversar. Como já tinha mais tempo de clube, comentei que o Palmeiras é muito grande e oferece todas as comodidades. O próprio Miguel percebeu isso. Ele já me disse que está se sentindo em casa e com muita vontade de jogar, porque é para isso que você trabalha durante a semana.

Gazeta Esportiva – É um jogador que você conhece bem. Acha que vai encaixar no esquema do Eduardo Baptista?
Guerra – O Miguel vai ser muito útil para a equipe, porque ele é um jogador que, acima de tudo, pensa no grupo. É um centroavante rápido e forte e o time precisa disso. Os outros atacantes também são muito bons. Há uma competição bonita no elenco, em que cada um precisa se esforçar ao máximo para ser titular.

Então jogador do Atlético Nacional, Guerra ficou comovido com acidente da Chape (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Diferentemente de boa parte dos jogadores, Guerra não costuma ver muito futebol pela televisão (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – No meio de campo, a concorrência também é acirrada. Como você vem lidando com essa briga para ser titular?
Guerra – É uma competição sadia e aumenta o nível do time. A comissão técnica pode escolher e seguramente quem estiver melhor vai ter a chance de jogar. Desde que cheguei ao Palmeiras, vi uma grande família e, para ganhar campeonatos, você precisa disso: de um grupo unido como uma família. Isso acontece aqui.

Gazeta Esportiva – Imagino que todos tenham ficado abalados com a lesão sofrida pelo Moisés contra o Linense…
Guerra – Além de ser um grande jogador, o Moisés é uma grande pessoa. Cheguei há pouco mais de um mês e me parece alguém muito leal e focado em seu trabalho. É lamentável que tenha sofrido essa lesão, mas já dissemos que estamos juntos e que ele vai voltar mais forte do que nunca. O Moisés tem muita experiência para superar esse tipo de lesão.

Gazeta Esportiva – Outro companheiro de meio-campo é o Hyoran, ex-jogador da Chapecoense. Vocês já conversaram sobre o acidente sofrido pelo clube antes da final da Sul-Americana de 2016?
Guerra – O Hyoran me contou que estava lesionado e queria tomar infiltração para viajar e jogar a final. Eu respondi que são coisas da vida, que se Deus deu a oportunidade de ele estar aqui, é para alcançar grandes feitos. Ele disse que ficou muito abalado, porque o time da Chapecoense era como uma família.

Gazeta Esportiva – Você enfrentaria a Chapecoense na final da Copa Sul-Americana. Como viveu tudo que aconteceu?
Guerra – Poderia ter sido com a gente, porque viajamos seis vezes naquele avião, com a mesma tripulação. Acordar e ver essa notícia foi muito triste. Lembro que estava levantando e derramei algumas lágrimas. Ninguém espera que aconteça esse tipo de coisa.

Meia venezuelano deseja estrear na Copa Libertadores contra o Junior Barranquilla (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Jogador iniciou a carreira com a camisa 20, mas fez sucesso com a 18 e decidiu manter o número (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Ceder o título à Chapecoense foi um gesto nobre…
Guerra – A Chapecoense era nosso adversário na final. Para que fôssemos grandes, tínhamos que vencê-los. A Copa não era nossa, porque não tínhamos vencido. Fizemos esse gesto de boa vontade. Era o mínimo que podíamos fazer: entregar a Copa e homenageá-los, porque eles mereciam. Procuramos sempre mandar força aos familiares, já que foi algo que afetou muito a todos.

Gazeta Esportiva – Você pode retornar à Colômbia em breve, já que o Palmeiras estreia na Libertadores contra o vencedor do confronto entre Junior Barranquilla e Atlético Tucuman…
Guerra – Prefiro que seja o Junior Barranquilla, porque conheço o time e o local. Além disso, tenho muito carinho pela Colômbia. Eles trocaram a comissão técnica e contrataram jogadores pensando na Libertadores. O clima em Barranquilla é bem complicado. O campo é bom, mas a umidade é muito complicada. De qualquer forma, o Palmeiras está preparado para jogar em qualquer lugar.

Gazeta Esportiva – No começo da temporada, muito se fala no Palmeiras de ganhar a Libertadores e o Mundial de Clubes. Você foi campeão continental em 2016, mas não conseguiu disputar a final no Japão. Pensa em apagar essa frustração nesse ano?
Guerra – Sim, essa é a ideia. Chego para buscar outra Libertadores. A torcida e nós mesmos temos o desejo de conquistá-la. Esse é o meu sonho: levantar outra Copa Libertadores, porque percebi que não é impossível. Depois, jogar a final do Mundial de Clubes, já que me doeu muito ficar fora da decisão.