O meia Alejandro Guerra, campeão e melhor jogador da última Copa Libertadores, simboliza as pretensões do Palmeiras na temporada de 2017. Recuperado de um desconforto muscular, o ex-jogador do Atlético Nacional se prepara para disputar o primeiro Derby de sua carreira, ainda sem a companhia de Miguel Borja.
“Já estou consciente da rivalidade entre os dois clubes”, declarou Guerra em entrevista à Gazeta Esportiva. O venezuelano é uma das alternativas do técnico Eduardo Baptista para escalar o meio de campo do Palmeiras no clássico contra o Corinthians, marcado para as 21h45 (de Brasília) de quarta-feira, em Itaquera.
Companheiro de Miguel Borja no Atlético Nacional, Alejandro Guerra poderá reeditar a parceria vencedora no Palmeiras. De acordo com o meia, o centroavante está ansioso para finamente estrear pelo novo clube, o que deve ocorrer já no Campeonato Paulista.
Idolatrado pela torcida do Atlético Nacional, Guerra ficou emocionado ao ouvir seu nome gritado pela primeira vez no Estádio Palestra Itália. À vontade no novo elenco, ele ganhou na última semana a companhia de sua família e já está estabelecido em São Paulo, onde espera repetir o sucesso alcançado em Medellín.
Gazeta Esportiva – Nesta quarta-feira, você deve participar de um Derby pela primeira vez na carreira. Já tem ideia da grandeza do clássico entre Palmeiras e Corinthians?
Guerra – Sim, é o tipo de partida que todos os jogadores gostam de disputar e já estou consciente da rivalidade que existe entre os dois clubes. Um clássico, jogando bem ou jogando mal, é necessário ganhar. Simplesmente, devem ser vencidos. Esperamos que a sorte esteja do nosso lado e que a torcida possa desfrutar de um bonito espetáculo.
Gazeta Esportiva – Por determinação das autoridades locais, os clássicos em São Paulo são disputados com torcida única. Acha que vai ser esquisito entrar em campo e não ver os palmeirenses nas arquibancadas?
Guerra – Já disputei jogos com torcida única na Colômbia. É lamentável que a torcida visitante não possa comparecer a um jogo de futebol, porque é apenas um esporte. Vai ser um pouco diferente, uma vez que a torcida do Palmeiras é muito grande em São Paulo. Dentro de campo, trataremos de dar 100% para que eles possam desfrutar pela televisão.
Gazeta Esportiva – Pelo Atlético Nacional, você costumava ter sucesso contra o Independiente Medellín?
Guerra – Disputei esse clássico algumas vezes e, na verdade, costumava me sair muito bem. Graças a Deus, consegui fazer alguns gols. Você pode perder um ou dois jogos, mas se perde um clássico, corre risco de ver as coisas ficarem um pouco feias, porque a torcida sempre quer muito ganhar. Esperamos que tudo corra bem para que possamos dar alegria aos palmeirenses.
Gazeta Esportiva – Contra o São Bernardo, você estreou no Estádio Palestra Itália. Como foi ouvir pela primeira vez “olê, olê, olê, olá, Guerra! Guerra!”?
Guerra – Só de falar, fico arrepiado, porque eles valorizam o trabalho que venho fazendo desde o ano passado, ainda pelo Atlético Nacional. Essas canções animam o jogador e eu agradeço de coração, porque a torcida do Palmeiras demonstrou seu carinho desde que cheguei. Isso me obriga a trabalhar duro para dar muitas alegrias a eles.
Gazeta Esportiva – Em apenas dois anos, você se tornou ídolo da torcida do Atlético Nacional e muitos fizeram até tatuagens em sua homenagem…
Guerra – O Atlético Nacional é um grande clube e não foi fácil, porque a torcida é muito exigente. Acho que consegui entrar no coração deles com o trabalho a cada jogo. Após o título da Copa Libertadores, muitos tatuaram meu rosto, minha assinatura, meu número. Valorizo esse tipo de reconhecimento e sinto que fiz as coisas bem no clube.
Gazeta Esportiva – Você e o Borja foram companheiros pelo Atlético Nacional no título da Copa Libertadores de 2016. Gostou da recente contratação dele?
Guerra – Fiquei contente, porque é uma pessoa que conheço da Colômbia e com a qual já atuei junto. É um grandíssimo jogador, tem faro de gol e isso é importante. Espero que as coisas deem certo para ele e para os outros atacantes do Palmeiras, porque precisamos de todos.
Gazeta Esportiva – Ele chegou a te consultar antes de acertar com o Palmeiras?
Guerra – Eu escrevi uma mensagem, mas o Miguel tinha trocado de telefone. Depois que chegou aqui, pudemos conversar. Como já tinha mais tempo de clube, comentei que o Palmeiras é muito grande e oferece todas as comodidades. O próprio Miguel percebeu isso. Ele já me disse que está se sentindo em casa e com muita vontade de jogar, porque é para isso que você trabalha durante a semana.
Gazeta Esportiva – É um jogador que você conhece bem. Acha que vai encaixar no esquema do Eduardo Baptista?
Guerra – O Miguel vai ser muito útil para a equipe, porque ele é um jogador que, acima de tudo, pensa no grupo. É um centroavante rápido e forte e o time precisa disso. Os outros atacantes também são muito bons. Há uma competição bonita no elenco, em que cada um precisa se esforçar ao máximo para ser titular.
Gazeta Esportiva – No meio de campo, a concorrência também é acirrada. Como você vem lidando com essa briga para ser titular?
Guerra – É uma competição sadia e aumenta o nível do time. A comissão técnica pode escolher e seguramente quem estiver melhor vai ter a chance de jogar. Desde que cheguei ao Palmeiras, vi uma grande família e, para ganhar campeonatos, você precisa disso: de um grupo unido como uma família. Isso acontece aqui.
Gazeta Esportiva – Imagino que todos tenham ficado abalados com a lesão sofrida pelo Moisés contra o Linense…
Guerra – Além de ser um grande jogador, o Moisés é uma grande pessoa. Cheguei há pouco mais de um mês e me parece alguém muito leal e focado em seu trabalho. É lamentável que tenha sofrido essa lesão, mas já dissemos que estamos juntos e que ele vai voltar mais forte do que nunca. O Moisés tem muita experiência para superar esse tipo de lesão.
Gazeta Esportiva – Outro companheiro de meio-campo é o Hyoran, ex-jogador da Chapecoense. Vocês já conversaram sobre o acidente sofrido pelo clube antes da final da Sul-Americana de 2016?
Guerra – O Hyoran me contou que estava lesionado e queria tomar infiltração para viajar e jogar a final. Eu respondi que são coisas da vida, que se Deus deu a oportunidade de ele estar aqui, é para alcançar grandes feitos. Ele disse que ficou muito abalado, porque o time da Chapecoense era como uma família.
Gazeta Esportiva – Você enfrentaria a Chapecoense na final da Copa Sul-Americana. Como viveu tudo que aconteceu?
Guerra – Poderia ter sido com a gente, porque viajamos seis vezes naquele avião, com a mesma tripulação. Acordar e ver essa notícia foi muito triste. Lembro que estava levantando e derramei algumas lágrimas. Ninguém espera que aconteça esse tipo de coisa.
Gazeta Esportiva – Ceder o título à Chapecoense foi um gesto nobre…
Guerra – A Chapecoense era nosso adversário na final. Para que fôssemos grandes, tínhamos que vencê-los. A Copa não era nossa, porque não tínhamos vencido. Fizemos esse gesto de boa vontade. Era o mínimo que podíamos fazer: entregar a Copa e homenageá-los, porque eles mereciam. Procuramos sempre mandar força aos familiares, já que foi algo que afetou muito a todos.
Gazeta Esportiva – Você pode retornar à Colômbia em breve, já que o Palmeiras estreia na Libertadores contra o vencedor do confronto entre Junior Barranquilla e Atlético Tucuman…
Guerra – Prefiro que seja o Junior Barranquilla, porque conheço o time e o local. Além disso, tenho muito carinho pela Colômbia. Eles trocaram a comissão técnica e contrataram jogadores pensando na Libertadores. O clima em Barranquilla é bem complicado. O campo é bom, mas a umidade é muito complicada. De qualquer forma, o Palmeiras está preparado para jogar em qualquer lugar.
Gazeta Esportiva – No começo da temporada, muito se fala no Palmeiras de ganhar a Libertadores e o Mundial de Clubes. Você foi campeão continental em 2016, mas não conseguiu disputar a final no Japão. Pensa em apagar essa frustração nesse ano?
Guerra – Sim, essa é a ideia. Chego para buscar outra Libertadores. A torcida e nós mesmos temos o desejo de conquistá-la. Esse é o meu sonho: levantar outra Copa Libertadores, porque percebi que não é impossível. Depois, jogar a final do Mundial de Clubes, já que me doeu muito ficar fora da decisão.