Ataque político - Gazeta Esportiva
Tiago Salazar
São Paulo - SP
05/01/2019 12:00:18
 

Ao lado de Sócrates e Wladimir, Casagrande embarcou no histórico movimento que se utilizava do poder de persuasão e influência que o futebol detém sobre as pessoas para lutar por eleições diretas no Brasil no início da década de 1980.

A rebeldia de 36 anos atrás não se dissipou com o tempo. Casão segue firme nas suas convicções, o que certamente orgulharia o saudoso Doutor, mais que um ex-companheiro ou um amigo. Nove anos mais velho, Sócrates era visto como uma referência, um ídolo pelo então jovem paulistano.

As recentes aparições de políticos nas arenas de Corinthians e Palmeiras em meio a comemorações de títulos, portanto, não passaram despercebidas. No sexto capítulo da entrevista exclusiva de Casagrande à Gazeta Esportiva, o comentarista não poupa críticas ao presidente da república, Jair Bolsonaro, e cobra atitude dos clubes.

Casagrandre não mudou sua postura política (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

“Não tem envolvimento nenhum. É oportunismo. Um oportunismo que os clubes de futebol não se tocam”, esbraveja, iniciando pelas festividades dentro de campo dos alviverdes após a conquista do Campeonato Brasileiro de 2018.

“O Bolsonaro apareceu no dia que o Palmeiras foi campeão em 2016? Apareceu? Pois é. Ele não se diz palmeirense? Mas ele foi aparecer em 2018 por quê? Porque ele estava presidente, precisava de um apoio ou simpatia, e foi lá no Palmeiras, pegou o troféu e a diretoria do Palmeiras, os jogadores não perceberam que foi oportunismo”.

Mais recentemente, a Arena Corinthians viu o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Caue Macris (PSDB), literalmente erguer a taça do tricampeonato paulista junto com Cássio.

O senador Major Olímpio (PSL) também não só ajudou na entrega das medalhas como também levou uma para casa. Aildo Rodrigues, Secretário de Esportes do Estado de São Paulo, foi mais um a dar as caras no gramado de Itaquera.

“O que aconteceu agora no Corinthians foi oportunismo também. Meu, ele (Caue Macris) chutou a bola para pegar o troféu junto com o Cássio?”, questionou Casagrande.

À Gazeta Esportiva, o presidente corintiano Andrés Sanchez eximiu o clube de culpa e apontou a Federação Paulista de Futebol como responsável pela autorização da entrada dos políticos no palco montado na Arena alvinegra.

Maurício Galiotte, mandatário palmeirense, na ocasião, evitou polemizar contra o Bolsonaro e deixou claro que o presidente recém-eleito pelo país é bem-vindo no Allianz Parque.



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