Em busca da redenção - Gazeta Esportiva
José Victor Ligero
São Paulo, SP
01/17/2018 08:49:07
 

Reinaldo está em busca de redenção em 2018. Após sair do São Paulo rejeitado por boa parte dos tricolores, o lateral esquerdo garante não carregar mágoa e querer fazer as pazes com a torcida. Vindo de dois anos de aprendizado e de bom futebol em Ponte Preta e Chapecoense, o jogador sabe que precisa fazer igual ou melhor para finalmente conquistar o apoio das arquibancadas.

“Estou bastante feliz por ter voltado para minha casa”, vibrou Reinaldo, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva. “Espero que, neste retorno, eu possa dar sequência a esses dois ótimos anos que fiz. Se eu fizer isso, tenho certeza que a torcida vai me apoiar”, apostou o novo camisa 14.

O primeiro passo rumo ao objetivo proposto pode ser dado já nesta quarta-feira, a partir das 19h30 (de Brasília), quando um alternativo Tricolor enfrenta o São Bento, em Sorocaba, pela primeira rodada do Campeonato Paulista. Com contrato renovado até o fim de 2020, encara com “naturalidade” a chance de passar uma boa impressão ao técnico Dorival Júnior.

Aos 28 anos, Reinaldo se vê mais “maduro” diante desta segunda passagem pelo clube do Morumbi. Natural da pequena Porto Calvo, o alagoano chega confiante após uma temporada em que se destacou pela Chapecoense, com nove gols, além de 15 assistências, sendo o líder deste quesito entre os laterais do futebol brasileiro em 2017.

Encantado com o “projeto maravilhoso” implantado pelo diretor-executivo de futebol Raí, Reinaldo acredita que o São Paulo brigará de igual para igual com os rivais ao longo da temporada. Nesta entrevista, o lateral ainda fala sobre a concorrência com Edimar e Júnior Tavares, elogia o plantel tricolor e revela o sonho de um dia defender a Seleção Brasileira e um clube da Europa.

Gazeta Esportiva – Quais foram suas primeiras impressões nesse retorno ao São Paulo? Já está se sentindo em casa novamente?

Reinaldo – Estou bastante feliz por ter voltado para minha casa, voltando com um projeto do Raí e da presidência. Um projeto maravilhoso, com mentalidade vencedora. Estou muito feliz e espero continuar esses dois últimos anos que foram muito bons na minha carreira. Espero dar continuidade aqui para tornar o São Paulo campeão e brigar por todos os títulos que disputar.

Gazeta Esportiva – O elenco mudou bastante de 2015 para cá. Com quem você tem conversado e interagido mais neste retorno?

Reinaldo – Das antigas sempre com o Rodrigo Caio, com o Hudson, tem o Militão, que estava subindo. Mas também tenho uma afinidade muito boa com o Aderllan, que é nordestino como eu. Está sendo muito bom, todos os meus companheiros são gente boa, um grupo maravilhoso, que tenho certeza que vai dar muitas alegrias ao torcedor do São Paulo.

Gazeta Esportiva – Diferentemente de 2015, quando era mais estrelado, o elenco de agora está cheio de garotos da base. Como você tem se relacionado com eles? Tem ajudado com conselhos?

Reinaldo – Sempre me relacionei bem com a molecada. Na época de Boschilia, Evandro e Lucas Evangelista, sempre dei moral porque eles precisam estar sempre bem. Sabemos que é uma transição difícil, mas os moleques que estão aqui são muito gente boa, estão focados em ajudar o São Paulo, querem crescer na carreira. Espero que continue assim o ano todo para ajudar o São Paulo não só dentro de campo, mas fora também. Tenho certeza que vão corresponder à altura.

Gazeta Esportiva – O Dorival queria o seu retorno desde o fim do ano passado. Ele chegou a te ligar para te chamar de volta?

Reinaldo – Não, até porque eu não queria contato com ninguém porque estava no meio de uma competição na Chapecoense, que estava brigando para se livrar da zona de rebaixamento. Era manter o foco lá porque era muito importante deixar a Chape no lugar que ela merece, então sempre evitava essas conversas não só com o Dorival, mas com todos que estavam relacionados com meu futuro. Estava sempre focado em ajudar o time que estava vestindo a camisa.

Jogando pela Ponte Preta, em 2016, Reinaldo obteve duas vitórias e uma derrota diante do São Paulo (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – O que você tem achado dos treinos e do trabalho do Dorival nesta pré-temporada?

Reinaldo – Um trabalho muito bom. Não só dele, mas de toda a comissão técnica. Um trabalho que já vem do ano passado. Essa pré-temporada tem sido proveitosa e, se Deus quiser, vai dar certo. Se esse trabalho continuar, com todos fazendo o que ele deseja dentro de campo, tenho certeza que o São Paulo vai brigar por títulos nesse ano.

Gazeta Esportiva – Em 2015, você deixou o clube criticado por boa parte da torcida. O que você vai fazer de diferente para reconquistá-la?

Reinaldo – Quero fazer o que já venho fazendo, tanto na Ponte quanto na Chapecoense. Trabalhando forte, tenho certeza que dentro de campo tudo vai acontecer bem. Espero que, nesse retorno, eu possa dar sequência a esses dois ótimos anos que fiz. Se eu fizer o que vinha fazendo antes, tenho certeza que a torcida vai me apoiar. É bonito de ver a torcida lotando o Morumbi, estava de longe, espero que esse apoio continue em 2018 para conquistarmos nossos objetivos.

Gazeta Esportiva – Você esperava voltar ao São Paulo um dia? O que você carrega de aprendizado das passagens por Ponte Preta e Chapecoense?

Reinaldo – Esperava, sim. Não ficou mágoa nenhuma, só tenho de agradecer ao São Paulo. Saí com o objetivo de fazer um excelente trabalho aonde quer que eu fosse e voltar ao São Paulo. Esse era meu objetivo, voltar mais forte, mais experiente, com a cabeça mais madura. Foi isso que eu fiz, trabalhei muito forte nesses dois anos, e agora estou aqui de volta, com certeza mais maduro para dar muita felicidade ao torcedor são-paulino.

Gazeta Esportiva – Mas o São Paulo foi uma de suas principais vítimas nesse período de empréstimo, com dois gols e uma assistência. Jogar contra o ex-clube aumentava a sua motivação?

Reinaldo – Até que não. Eu sempre me motivo no meu trabalho. Seja contra o São Paulo, contra o Palmeiras ou qualquer outro time. Sempre mantive o foco de fazer um excelente trabalho e honrar a camisa que eu estava vestindo. Foi o que fiz tanto na Ponte quanto na Chapecoense. Não foi só contra o São Paulo, não foram só nesses jogos que fui bem. Contra vários times, fiz gols e dei assistências. A gente que estava em time pequeno tinha que lutar pelo nosso espaço, era o que eu fazia.

Defendendo a Chapecoense, Reinaldo marcou um gol e deu uma assistência no empate por 2 a 2 com o São Paulo, em jogo válido pelo segundo turno do Brasileiro de 2017 (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Sua média de gols aumentou bastante nesse período de empréstimos. Na Ponte, você fez quatro gols e na Chape outros nove. A que se deve essa fase artilheira?

Reinaldo – Isso se deve aos meus companheiros de clube, que sempre me ajudaram, os treinadores também, que davam bastante liberdade. Tenho certeza que isso foi muito importante. Eles sabiam que eu chegava forte na frente para fazer gols e dar assistências. Primeiramente para deixar os atacantes na cara do gol, mas consequentemente tinha chances de fazer gols. Eu batia pênaltis também, isso ajudou para eu fazer mais gols.

Gazeta Esportiva – Em 2017, você foi o lateral que mais deu assistências no futebol brasileiro, com 15 passes para gol. Você visa superar essa marca neste ano?

Reinaldo – Eu nunca planejei nada na minha carreira. Deixo acontecer naturalmente, mas vou tentar dar o meu melhor em campo para ajudar meus companheiros saírem com a vitória. Não importa que eu faça gols ou dê assistências, mas sim que o São Paulo saia com os três pontos sempre.

Gazeta Esportiva – Os treinos indicaram que você será titular contra o São Bento, pela estreia do Campeonato Paulista. Como você encara essa oportunidade de mostrar serviço ao Dorival?

Reinaldo – Estou encarando naturalmente. Não só eu, mas todos que vão entrar em campo terão essa oportunidade de mostrar, de começar o Campeonato Paulista com uma vitória, que é muito importante. Tenho certeza que um ajudando o outro, como está sendo nos treinos, vamos sair com o resultado positivo. Tenho certeza que o coletivo vai sair vencedor e é isso que importa.

Gazeta Esportiva – Como você projeta a concorrência com o Edimar pela titularidade na lateral esquerda? Ele terminou 2017 em alta, ganhou a vaga do Júnior Tavares, que também pode entrar nessa briga, embora esteja sendo utilizado como meia neste início de ano.

Reinaldo – Concorrência muito boa, sadia como sempre. Em todos os clubes que passei, sempre respeitei. Se o professor Dorival optar pelo Edimar, Júnior Tavares ou por mim tenho certeza que todos vão respeitar, vão trabalhar mais ainda para conquistar sua vaga no time titular. É o que faço todos os dias: dou o meu melhor sempre para conquistar a confiança do treinador e dos meus companheiros, ajudando o São Paulo nos treinos e nos jogos.

Entre 2013 e 2015, Reinaldo anotou três gols em 100 jogos oficiais com a camisa do São Paulo (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – O São Paulo vai disputar quatro competições em 2018 (Paulista, Copa do Brasil, Sul-Americano e Brasileiro). Analisando o elenco, o time tem chances de brigar pelo título em todas elas?

Reinaldo – O São Paulo entra para brigar por títulos. Como a gente vem falando, é um passo de cada vez. Tem o primeiro jogo agora, contra o São Bento. Essa é a nossa prioridade. Temos de fazer uma excelente estreia para começar com o pé direito e brigar pelo título paulista. Todos aqui estão com a mentalidade de vencedor, que é o que importa.

Gazeta Esportiva – Dessas quatro competições, alguma delas te motiva mais para ser campeão?

Reinaldo – O Campeonato Brasileiro é sempre forte, ser campeão brasileiro é muito bom, mas é um passo de cada vez. Agora tem o Paulista, depois Copa do Brasil, então vamos deixar acontecer naturalmente. Vamos em busca da vitória em todos os jogos, primeiramente contra o São Bento para começar o ano com o pé direito.

Gazeta Esportiva – Por enquanto, o São Paulo trouxe como reforços Jean, Diego Souza e Anderson Martins. Em que patamar fica a equipe com esse trio de contratações, além do seu retorno e do Hudson?

Reinaldo – São reforços muito qualificados, né. Tanto o Diego Souza quanto o Anderson Martins, que foi muito bem no Vasco. O Jean foi bem no Bahia, eu (fui bem) na Chape, o Hudson no Cruzeiro. Sabemos que as contratações são muito pontuais e vão ajudar o São Paulo a brigar por títulos.

Gazeta Esportiva – Quais são seus sonhos como jogador de futebol?

Reinaldo – O sonho de todo jogador é chegar na Seleção Brasileira, consequentemente jogar na Europa também. Mas meu sonho hoje para o final de 2018 é ver o São Paulo campeão. Conquistar um título pelo São Paulo vai ser maravilhoso, tenho certeza que vai ser muito emocionante porque já tenho quase três anos de casa e vai ser um sonho realizado e uma emoção muito grande.

Gazeta Esportiva – O São Paulo está há cinco anos sem conquistar títulos de expressão. E o Campeonato Paulista não ganha há 12 temporadas. A pressão está maior agora do que em sua primeira passagem?

Reinaldo – Está sim. A pressão no São Paulo sempre é grande. Vamos lutar para sermos campeões e tenho certeza que vamos conquistar nossos objetivos. Como falei, é um passo de cada vez. Independentemente de quantos anos o clube está sem ganhar títulos, o que importa agora é o ano de 2018 e vamos brigar com todas as nossas forças para sermos campeões. Esse ano vai ser muito emocionante se o São Paulo for campeão, vai ser muito maravilhoso para mim e para todos que trabalham aqui.