Oposicionista há uma década, Citadini se vê como favorito em eleição - Gazeta Esportiva
Helder Júnior e Tomás Rosolino
São Paulo (SP)
01/30/2018 07:40:49
 

Vice-presidente do Corinthians entre 2001 e 2004, Antonio Roque Citadini migrou para a oposição desde que o grupo liderado por Andrés Sanchez assumiu o poder no Parque São Jorge. Uma década depois, ele acredita que nunca teve tantas chances de superar o seu adversário político em uma eleição quanto agora. O conselheiro do Tribunal de Costas do Estado (TCE-SP) – cargo que inviabilizaria a sua candidatura – precisou recorrer à Justiça para participar do pleito, fato que só aumentou a sua confiança na vitória.

Para esmiuçar os projetos dos cinco candidatos à presidência do Corinthians, a Gazeta Esportiva colheu longos depoimentos de Andrés Sanchez, Antonio Roque Citadini, Felipe Ezabella, Paulo Garcia e Romeu Tuma Júnior. Cada um deles teve aproximadamente uma hora para defender as suas ideias e palpitar sobre os mais variados assuntos, da política corintiana à gestão da dívida do Estádio de Itaquera.

Na semana que termina com a eleição no Parque São Jorge, marcada para o sábado de 3 de fevereiro, as explanações dos postulantes ao cargo de Roberto de Andrade foram publicadas diariamente pelo portal, uma a uma, seguindo a ordem da realização das entrevistas. Abaixo, leia o que falou Antonio Roque Citadini.

Por que ser candidato
Uma candidatura tem dois lados. Primeiro, você precisa querer. Segundo, as pessoas precisam querer. Você não pode fazer uma aventura. Sou parte de um grupo atuante no Corinthians desde sempre, contrário à Renovação e Transparência (chapa de Andrés Sanchez). Como fui um candidato de só 15 dias na última eleição – porque o candidato não era eu, mas o Paulo Garcia, que acabou desistindo –, foi meio natural lançar uma nova candidatura agora.

Nesta eleição, temos algo novo, que não houve em qualquer outra, que é o esfacelamento da situação, do grupo Renovação e Transparência. Nos últimos anos, eles sempre brigavam, brigavam, mas estavam todos juntos quando a eleição chegava. A máquina é muito forte e tal, então as coisas acabavam sendo mais fáceis para eles.

Ao lado do dogue alemão “Bravo”, Citadini não poupou críticas ao grupo liderado por Andrés Sanchez (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Só que, desta vez, a Renovação e Transparência se decompôs em vários grupos. Isso aconteceu por diversas razões. O tempo, obviamente, é uma delas. Dez anos no poder é algo que te desgasta. Mas há outras coisas também. O fim do chamado chapão, por exemplo, em que cada grupo fazia o seu chapão com 200 nomes. Isso acabou, e muita gente que estava insatisfeita montou chapa de um lado, de outro e tal. O outro motivo são os problemas mesmo, né? Quando aparece um monte de problemas e uma administração não consegue resolver – que é o caso dessa, ainda que as pessoas falem que está ganhando títulos –, complica.

O que claramente está acontecendo é que o grupo dirigente não consegue dar um passo à frente para solucionar os problemas do Corinthians, que são muitos. Existe o problema do estádio, que é conhecido de todos. Temos um estádio feito para abrir a Copa do Mundo do Brasil e já estamos praticamente na Copa do Mundo da Rússia sem chegar a um ajuste final, a um preço final, vendo o que falta ou não fazer. Há uma incapacidade da direção para resolver. Por mais que você ache que o problema é da construtora, e algumas coisas provavelmente são, o problema básico é da gestão, que não consegue tomar iniciativa. A partir daí, surgem outras coisas. A própria gestão da arena, feita pela Omni, era para dar resultado, mas não produz dinheiro. O clube não está pagando as parcelas do BNDES, embora toda vez que fale que está voltando a pagar. Depois de quatro anos, dizem novamente que voltarão a pagar no mês que vem. A eleição e a posse da nova diretoria são no mês que vem, não? Fica clara a falta de condição dessa diretoria. É por isso, então, que houve esse esfacelamento. E é para resolver esses problemas que sou candidato.

O que mudar em relação à atual gestão
É óbvio que há muita coisa relevante. Agora, se você resolver o negócio do estádio – e isso não é pagar o estádio, mas encaminhar soluções –, já pode resolver outros problemas. Sem o estádio resolvido, você está em uma encruzilhada, sem poder para atacar os demais problemas.

Mas, se eu ganhar a eleição, o clube muda muito. Porque, independentemente da questão do estádio, de eu ter uma posição diferente sobre as categorias de base – acho que devem ser 100% do Corinthians, enquanto todos os outros defendem a política de dividir os atletas com empresários –, a minha visão é outra.

O Corinthians é um clube de grande sucesso, não tenha dúvida. Nos últimos 20 anos, ganhamos 20 títulos. É título para valer, né? Só que, ao mesmo tempo, o clube é tímido, quase acomodado no Parque São Jorge. Qual é a influência do Corinthians no futebol brasileiro? Zero? O Corinthians não fala uma palavra, não dá uma opinião. O Roberto (de Andrade) nunca palpitou sobre qualquer coisa. E eu acho que vivemos um momento de grande necessidade de reformar a estrutura do nosso futebol. Assim sendo, é imprescindível que um clube do tamanho do Corinthians aponte a importância de fazermos uma agenda reformadora de forma clara.

Oposicionista reclama de falta de representatividade e promete adotar postura firme em relação à CBF (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Um exemplo muito claro: a CBF fez uma mudança no seu estatuto que rebaixou os clubes a uma posição lamentável. O Corinthians vale menos do que a Federação do Acre. Isso não pode ser assim. Temos um quadro surrealista em que a CBF financia a maior das federações, e as federações votam na CBF. É uma coisa de louco. É como se a gente restringisse a eleição para presidente do Brasil aos diretores de empresas públicas. Eles são do governo, nomeados! Então, se eu for eleito no dia 3, o Corinthians vai dizer que não participa da eleição da CBF, que isso deve mudar, e avisar à Fifa que não pode ser assim.

O Corinthians tem que falar. Construímos um estádio em que a Federação Paulista desconta 5% da renda de todos os jogos para ela. A título do quê? Eles não ajudaram com nenhum tijolo na construção do estádio. Por que têm que entrar no nosso negócio? Outros também entram!

E a CBF, que convoca os jogadores pagos pelos clubes? Espera aí. O Corinthians não é entidade caritativa. Quando o jogador não estiver aqui, a CBF tem que pagar o salário. Só que alguém precisa dizer isso. Hoje, há uma sensação de que o Corinthians não deve falar nada porque pode ser prejudicado pela arbitragem. Isso é uma bobagem. Ninguém vai prejudicar o Corinthians. Nós somos maiores do que a CBF. A CBF não é nada perto de nós.

Estádio de Itaquera: bom ou mau negócio?
Fui inteiramente favorável. Não só fui favorável, como sou favorável. O estádio, primeiro, é belíssimo. Trata-se de um belo projeto, de uma bela obra. É muito agradável assistir a futebol lá. Agora, o negócio do estádio é diferente. O problema é a engenharia financeira, que está toda furada.

Favorável à construção do estádio em Itaquera, Citadini chia da engenharia financeira do projeto (foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Sempre houve vários projetos para a construção do estádio do Corinthians. A verdade é a seguinte: quando se decidiu que o estádio seria para a abertura da Copa… Por que o Corinthians construiu o estádio? Não foi porque a diretoria era brilhante. Construiu por causa da Copa do Mundo. A Copa chegou e, de repente, havia um problema: a cidade de São Paulo não tinha um estádio em condições de ser sede. Aí, o Corinthians entrou na jogada para construí-lo.

Como resolver o problema da dívida de Itaquera
Temos que acertar o preço final, vendo o que não foi feito pela construtora, o que foi feito errado. Todas essas coisas que a diretoria não está conseguindo fazer.

Então, vamos chegar à construtora e resolver essas questões básicas. Incrivelmente, a atual diretoria do Corinthians não toma a iniciativa de fazer isso. Não toma por dificuldade, mas também por ter se comprometido com muitas coisas e tal.

Direitos de nome do estádio
É claro que perdemos o timing. Isso deveria ter sido conseguido na fase anterior à Copa do Mundo, quando era muito mais fácil, até porque o estádio teria, como teve, um grande destaque no Mundial. Para as pessoas que estavam fora do Brasil e acompanharam a Copa, o estádio foi o grande destaque. Além do jogo de abertura, que só não é menos importante do que o encerramento quando o time da casa está na final, recebemos grandes partidas, a Argentina em uma semifinal… O estádio tinha tudo para ser um atrativo para investidores. Infelizmente, isso se perdeu, e veio uma crise muito grande. Em algum momento, o clube conseguirá vender os naming rights. Mas não sei. Agora, é mais difícil.

Parceria com a Omni, gestora do programa Fiel Torcedor
É um negócio complicado e simples ao mesmo tempo. A Omni é uma empresa que só trabalha para o Corinthians, criada ali dentro, e tem um objetivo: administrar o programa Fiel Torcedor. Só que o Corinthians não está ganhando dinheiro com isso. Esse é o problema. O clube sofreu um retrocesso na venda de ingressos.

Quer saber uma coisa que não tinha mais no Corinthians e voltou a ter? Venda de ingressos impressos no câmbio negro. Ou seja, a Omni não é nem uma empresa moderna em matéria de venda de ingressos.

Candidato protesta por ter voltado a ver cambistas em ação em jogos do Corinthians (foto: acervo/Gazeta Press)

Nos grandes países da Europa, você não encontra os problemas que o estádio do Corinthians enfrenta nesse sentido, mesmo sendo até mais moderno do que muitos estádios europeus. Lá, o ingresso só é vendido pela internet. Não existe bilheteria física. A maior parte dos ingressos é transmitida pelo sistema de telefone celular. Quando não, usa-se algo muito parecido. E não avançamos quase nada nisso. Ao contrário, regredimos.

Nos últimos jogos do Corinthians, uma das coisas mais desagradáveis era chegar ao estádio e ver aquele monte de nego, cambistas, vendendo ingressos de todos os tipos. A Omni não atende nem ao objetivo de o Corinthians se modernizar nem ao financeiro, entenderam?

Outra coisa: o sócio precisa ter participação no programa Fiel Torcedor e poder comprar o seu ingresso. Não há outro caminho. Porque ele também paga. Ele não vive de graça. Em alguns casos, paga até mais.

Para resolver todo esse caso da Omni, a gente precisa ver o contrato que fizeram primeiro. Mas fiquem tranquilos quanto a isto: do jeito que está, não vai continuar.

Busca por um patrocinador máster
O Corinthians vive um momento desanimador no marketing. Veja: o time liderou o Campeonato Brasileiro quase do começo ao fim e ficou sem propaganda na camisa. Quando botou, foi de uma empresa que ninguém sabe qual é e, portanto, não deve ser muito cara, embora eles não falem o valor.

A verdade é que temos um desastre. Regredimos. O clube sempre teve grandes anunciantes, grandes empresas ao seu lado. De repente, estamos aí, sem nada. É uma fase ruim. Esse é outro problema grave. Se não tem um bom marketing, empresas patrocinadoras, você também não tem dinheiro. E, hoje, o Corinthians vive um grande desajuste entre o que arrecada e o que precisa pagar.

Citadini se orgulha de ter mantido parceria com a Pepsi nos seus tempos de vice-presidente (foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Publicidade para pequenas empresas
Teremos que mudar tudo. O Corinthians virou um grande clube de pequenas empresas. Não dá. Quando eu era diretor, tínhamos anúncio da Pepsi. Além de ter sido o melhor contrato da época, você não vai me perguntar: “O que é Pepsi?”. Só se você não estiver no mundo. Agora, temos Cia do Terno? É um marketing de migalhas.

Existe uma crise econômica, é claro, mas você também tem um departamento que gosta de trabalhar com pequenas empresas. Está errado. Eles acham que dominam o marketing e tal. Nada disso. Nem ganham mais dinheiro nem valorizam a nossa camisa. Precisamos buscar contratos com empresas maiores.

Como, sem dinheiro, investir no departamento de futebol
É óbvio que um clube como o Corinthians precisa ter ídolos, grandes jogadores. Ou gerados em casa ou vindos de fora. Só que, na questão do futebol, temos nos mostrado bem-sucedidos em uma coisa que passa despercebida na mídia. O nosso departamento de futebol é o mais profissional entre todos.

O grande trabalho do clube é blindar o departamento de futebol para as loucuras e palpites de empresários e conselheiros. E o Corinthians tem conseguido isso – não é de agora, mas dos últimos 20 anos. Com o centro de treinamento na Ayrton Senna, e não mais no Parque São Jorge, estamos ainda mais blindados.

E, na verdade, uma coisa deve ser dita: no último ano especificamente, o Corinthians venceu porque o departamento de futebol tomou a iniciativa de resolver os problemas. O clube não tinha dinheiro, não podia contratar etc. E foi o departamento, com a sua autonomia, que começou a tocar as coisas internamente. Isso não acontece nos outros times. O Palmeiras, por exemplo. Lá, há um profissional (refere-se ao diretor de futebol contratado Alexandre Mattos) que, no fundo, é o presidente do Palmeiras. Ele compra, vende, fala, critica, defende… É ele o presidente! Então, não há um departamento de futebol protegido. Já o São Paulo tem um problema seríssimo, embora a mídia não reconheça, que é uma loucura. Os conselheiros se metem, dão opinião, querem escalar o time, fazer e acontecer. Tudo o que não existe no Corinthians.

Citadini se apega a Parreira para elogiar a organização do departamento de futebol corintiano (foto: acervo/Gazeta Press)

Quem fala bem sobre isso é o Parreira. Quando ele veio ao Corinthians, tinha muitas dúvidas, mas acabou sendo uma coisa que ele reconhece como a maior da carreira dele. Não sou eu que estou falando, mas ele mesmo. O Parreira disse várias vezes: “Fui para o Corinthians e diziam que era uma guerra, mas caí em um departamento de futebol que não tinha nada disso, que é totalmente blindado”. E ele já tinha trabalhado em grandes clubes, no São Paulo e tal, tal, tal. Portanto, isso está dando certo. Vamos continuar assim.

Planos para as categorias de base
A partir de agora, quem vier para a base será 100% do Corinthians. Se algum jogador não aceitar isso por causa do seu empresário, ótimo, que vá para outro lugar.

Não podemos abstrair uma coisa: você não revela um Rivellino por mês. É um a cada 20 anos. A cada 10 anos, você revela dois, três jogadores médios. Nada mais do que isso. Não é possível… mesmo para o Santos, do qual todo o mundo fala bastante por causa do Robinho, do Diego e do Neymar. O Neymar é um jogador de outro patamar, mas o Diego não é muito mais do que está aí. Não estou me desfazendo do Diego. Estou falando de revelar craques, não jogadores bem vendidos para o exterior. É diferente. Nada é mais fantástico nesse aspecto do que o Alexandre Pato. Ele fez dois jogos pelo Internacional – sei lá se dois ou dez, mas apareceu em dois anos – e foi vendido por uma grande quantia. Aí, teve um grande trabalho de marketing no Milan, ficou encostado e não jogou p… nenhuma, quase nada. Nós fomos os últimos que tivemos prejuízo com ele.

Há outros casos. Façam as contas aí. O Gabigol foi muito bem vendido e não vingou. E aquele Lucas do São Paulo? Nossa Senhora! Era uma coisa fabulosa aqui, mas parou por aí. Viram que era um jogador bem empacotado. A embalagem era boa, mas… O Kaká é outro exemplo de jogador bem empacotado. Foi comum, ao meu ver, e fez uma carreira brilhante com um apoio que ninguém nunca teve. Ou vão me dizer que o Kaká é habilidosíssimo? Não é. Tinha umas saídas de bola, corria bem, mas….

Candidato promete ser duro com os empresários de atletas das categorias de base do clube (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

E, falando nisso, o Corinthians não vende bem realmente. É bom vender jogador porque dá dinheiro, mas bom mesmo é ganhar títulos. O dinheiro do jogador você gasta. O título fica.

O desafio de assumir um clube que tem sido vencedor em campo
As pessoas falam muito isso, mas sempre lembro que não é de hoje que o Corinthians é vencedor. Nos últimos 20 anos, o clube ganhou 20 títulos. A cobrança tem que ser para isso mesmo.

Embora a mídia também não reconheça, o Corinthians tem jogado da mesma maneira nos últimos 20 anos, com duas linhas de quatro e dois jogadores soltos no ataque. Foi assim com o Parreira, com o Tite e com o Carille. Temos times que tocam muito bem a bola, mas não fazem chuveirinho. São características que estão no nosso DNA. Quando você vê aquele estilo em campo, tocando a bola, sabe que é o Corinthians. Obviamente, a imprensa inventa ao afirmar que é retranqueiro, que fica todo na defesa. Não é bem isso. E, se fosse, não tinha problema nenhum. O time toca bem a bola, o que é importante.

Em outro dia, estava em um restaurante com algumas pessoas, nem todas corintianas. Uma delas falou: “P… que o pariu! Eu nunca imaginava que o Corinthians fosse ser campeão brasileiro com um time tão fraco como esse!”. Eu acho que o time joga bem, mas esse meu amigo – que era palmeirense – estava atacando. Deveria ter ficado um pouco frustrado com o Palmeiras. Mas um corintiano ao lado dele falou: “A questão é a seguinte: daqui a 30, 40 anos, vai está lá: Corinthians campeão brasileiro de 17. É isso o que importa”. E é mesmo, ouviu? É para o Corinthians e para os jogadores.

Futuro do gerente de futebol e da comissão técnica
Só se fosse louco para falar que alteraria alguma coisa. Gosto do perfil do Corinthians, sempre com um departamento de futebol blindado.

O gerente de futebol Alessandro tem emprego assegurado caso Citadini seja eleito (foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Cobranças por resultados e relação com a torcida
Falam muito disso. É evidente que há uma crise financeira duríssima – aí, bate o problema do marketing desastroso de hoje –, que dificulta as coisas, mas, se você colocar bem as questões, o torcedor entende.

Outro fator é o seguinte: como estamos ganhando muito nos últimos 20 anos, não precisamos dizer: “Se não vencer esse campeonato, está todo o mundo ferrado”. Essa história de dar algo como ganho não dá. Estão aí o Flamengo, o Palmeiras e o próprio Atlético-MG para provar.

Processo de impeachment de Roberto de Andrade
Isso já foi um indicativo da decomposição do grupo dirigente. Boa parte do processo de impeachment foi comandada por gente historicamente ligada ao Andrés, ao Roberto. E houve um racha muito grande no clube, o que, aliás, está se refletindo na eleição. Por isso, hoje, o Andrés tem grandes dificuldades para vencer.

Conselho Deliberativo dividido em chapinhas, e não mais com um chapão
Essa mudança acabou provocando… O problema é que veio no momento em que o grupo dirigente se esfacelou, o que trouxe uma dimensão maior às coisas. Mas a introdução das chapinhas está sendo muito positiva, com todas discutindo. De certa forma, foi algo que oxigenou a discussão dentro do clube.

Chances de vencer a eleição
Realisticamente, tenho muitas chances. Sem desmerecer nenhum candidato, a disputa maior é entre o Andrés e eu. Falo isso por várias razões.

Citadini se vê como o principal adversário de Andrés Sanchez na eleição de 3 de fevereiro (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

O Andrés tem uma liderança importante. O grupo dele não tinha um candidato, e ele teve que se lançar, uma coisa que não vinha mais fazendo. Fez isso na expectativa de reunificar a Renovação e Transparência, mas, não só não conseguiu aglutinar o grupo, como radicalizou as coisas. Mas ele é um nome, vamos dizer assim, importante nesse processo todo.

Já eu tenho a grande vantagem de ser um nome conhecido com uma posição conhecida. Nunca votei na Renovação e Transparência, nunca quis participar de gestão, sempre estive distante. Isso me dá uma característica. Quando as pessoas falam de mim, já sabem mais ou menos o que penso. E, em um processo de esfacelamento deles, é óbvio que levo vantagem por ter mantido uma posição clara nesses anos todos.

Na última eleição, tive 43% dos votos. É possível, sim, ser eleito com essa quantidade, mas tenho a expectativa de receber mais desta vez. Todo o mundo faz pesquisa, mas, na verdade, todo o mundo também conhece o clube e sabe mais ou menos como se posiciona cada área. Obviamente, a minha candidatura agora tem um apoio bem mais alargado do que antes. O meu DNA é claro, conhecido, de oposição, com as suas vantagens e desvantagens.

Relacionamento com os demais candidatos
É normal, obviamente. Os problemas deles, da Renovação e Transparência, são problemas deles.

Falando das outras três candidaturas, sem desmerecimento nenhum, elas refletem esse esfacelamento de que estou falando. O Ezabella é claramente isso, com uma chapa puro sangue ex-Renovação e Transparência. Até mesmo o pessoal do Tuma tem gente de lá, o Ilmar e o Lulinha (Ilmar Schiavenato e Luiz Carlos Bezerra, o Lulinha, candidatos a vice-presidente), além da base de apoio. Com o Paulo (Garcia), acontece o mesmo. Os dois vices dele estavam na gestão do Roberto. Alguns deles são históricos do lado de lá, como o Flávio Adauto. O Paulo mesmo declara que não é de oposição. Porque ele não é! Talvez tenha participado da última gestão mais do que qualquer outro.

Investimentos em outras modalidades esportivas
O futebol é passado no Parque São Jorge, então você tem um espaço enorme à disposição. Agora, podemos muito claramente trabalhar o local e reformá-lo tanto para atividades dos sócios quanto para a prática dos esportes olímpicos. As pessoas sempre citam o basquete, mas o Corinthians também já foi grande no boxe, no judô, na natação… O clube passará a ser dos sócios e dos esportes olímpicos. Acabou.

Hoje inutilizada, Fazendinha poderá virar centro de atletismo nas mãos de Citadini (foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press)

Para a Fazendinha especificamente, há um monte de ideias. O que não podemos é deixar lá um estádio com as arquibancadas prejudicadas em todos os aspectos, até caindo em alguns pontos, e não fazer nada.

Uma das possibilidades é transformar a Fazendinha em um grande centro de atletismo – com corrida, salto, arremesso… –, podendo ser utilizado também pelos sócios. Outra é ceder o campo para o futebol americano, esporte que está crescendo muito e no qual o Corinthians já teve uma boa experiência. As alternativas são muitas. O importante é assumir uma delas.

Em relação aos sócios, o problema é que, se o clube não virar um ponto agradável, simpático, ninguém vai lá. O Parque São Jorge está largado, e as pessoas se sentem abandonadas. Essa é a grande verdade. Precisamos fazer zeladoria e assumir algumas atividades modernas. O pessoal questiona, por exemplo, por que não há skate lá. É algo muito desenvolvido atualmente, que atrairia o sócio, o filho do sócio… É um dos caminhos.



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