Cartão de visitas campeão - Gazeta Esportiva
Cecília Eduardo*
São Paulo
03/05/2019 09:00:52
 

O primeiro campeonato de Ronaldo no Corinthians não só mostrou a importância que o jogador teria no time, como rendeu jogadas históricas para o futebol protagonizadas pelo Fenômeno. Como estreou na metade do torneio, foram apenas 10 jogos disputados pelo camisa 9 no Paulistão, o bastante para desequilibrar e levar o Corinthians ao título, com oito gols marcados.

Na primeira fase, depois do Palmeiras, São Caetano, Ponte Preta e Ituano foram vítimas do artilheiro. Mas foi no mata-mata que o torcedor corintiano descobriu como o Fator Ronaldo pesava a favor do time.

Diante de um São Paulo tricampeão brasileiro, o Corinthians fez dois jogos memoráveis pela semifinal. Primeiro vencendo no Pacaembu, no último minuto com um gol de Cristian de fora da área para fazer 2 a 1. Na volta, com a vantagem no Morumbi, o Timão conquistou mais uma vitória maiúscula por 2 a 0, com direito a um gol de Ronaldo, que apostou corrida com Rodrigo e, mesmo ‘gordinho’, como o próprio Mano brincou, venceu o zagueiro e o goleiro Bosco para decretar a vaga na final alvinegra.

Ronaldo conseguiu chegar na bola antes de Bosco e fazer o segundo gol contra o São Paulo (Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press)

A decisão contra o Santos, começando na Vila Belmiro, foi um encontro de gerações, com Ronaldo puxando o Corinthians e a dupla sensação formada por Neymar e Ganso começando a história vitoriosa pelo Peixe.

No clássico alvinegro, naquele 26 de abril, o Corinthians calou a Vila mais famosa do Brasil com um show à parte do Fenômeno e a vitória por 3 a 1. Embalado pelas boas atuações, o Timão abriu o placar no começo do jogo com um gol de falta de Chicão. Pouco depois, Ronaldo aumentou a vantagem, com um domínio de craque e um chute rasteiro que venceu Fábio Costa.

No segundo tempo, o Santos pressionou e descontou. Mas, quando o Peixe tentava engrenar para o empate, Ronaldo aprontou e marcou, talvez, seu gol mais bonito com a camisa do Corinthians. Limpando a marcação com um toque de letra e, de fora da área, percebendo o posicionamento de Fábio Costa, o Fenômeno encobriu o goleiro e correu para o abraço.

No jogo de volta, no dia 3 de maio, o Corinthians administrou bem a vantagem e empatou com um gol de André Santos para garantir o grito de campeão. Seis anos depois, o time voltava a conquistar um título paulista, que, sobretudo, deu moral e confiança no retorno da Série B para o que vinha pela frente.

Coroação nacional

Depois de estrear pelo Corinthians na primeira fase da Copa do Brasil, Ronaldo voltou a participar da competição já nas oitavas de final, em meio à decisão do Estadual, exatamente entre os dois jogos da final contra o Santos, no dia 29 de abril.

Após comandar a ótima vitória sobre o rival na Vila Belmiro, Ronaldo e companhia viajaram até Curitiba para encarar o Athletico, onde foram surpreendidos e deixaram a Arena da Baixada com um revés de 3 a 2. Uma semana depois, já campeão paulista, o time recebeu os paranaenses no Pacaembu para um jogo pegado, com Ronaldo buscando a responsabilidade e marcando os dois gols que o Corinthians precisava para o avanço às quartas de final.

O jogo foi marcante para Chicão, que lembra com carinho de uma atitude de Ronaldo. “Lembro de um jogo contra o Athletico, teve um pênalti que ele veio e me perguntou se eu queria bater. E eu falei: ‘Capaz! Você, melhor do mundo tantas vezes, pode ficar à vontade.’ Isso mostra a humildade e o caráter que ele tem, de ser uma pessoa simples”, contou Chicão à Gazeta Esportiva, que, antes de Ronaldo, era o batedor oficial do Corinthians.

Nas fases seguintes, diante de Fluminense e Vasco, nas quartas e semifinais, respectivamente, Ronaldo passou em branco, mas não deixou de ser uma peça fundamental para o time, que teve vida difícil diante da dupla carioca.

Na final contra o Internacional, que também vinha da conquista do Estadual e era o atual campeão da Copa Sul-Americana, o Corinthians foi com a mesma confiança vista antes na decisão contra o Santos, meses mais cedo. Dessa vez começando a disputa pelo título ao lado de sua torcida, o Pacaembu viu o time construir uma boa vantagem, de 2 a 0, com gols de Jorge Henrique, ainda no primeiro tempo, e Ronaldo, voltando a fazer a diferença em jogos importantes, marcando já na segunda etapa.

Ronaldo deixou o Corinthians com vantagem confortável na final (Foto:Fernando Pilatos/Gazeta Press)

O belo gol do camisa 9, que contou com a corrida, o corte na zaga e o chute no canto direito de Lauro ainda rendeu inúmeras reclamações do lado colorado e provocações alvinegras, com o famoso caso do DVD, produzido pelo Inter com lances em que a arbitragem teria favorecido o time do Parque São Jorge.

O jogo de volta, no dia 7 de julho, teve de tudo, desde domínio corintiano, reação colorada e até confusão dentro de campo. E, mesmo sem a marca de Ronaldo, o Corinthians segurou o 2 a 2 e se sagrou tricampeão da Copa do Brasil, solidificando o ótimo retorno à elite nacional, o bom trabalho feito pela direção e por Mano Menezes, além da estrela do Fenômeno, que foi fundamental para as duas conquistas do time no primeiro semestre de 2009.

Ronaldo afirmou que não imaginava ter uma volta ao futebol tão vitoriosa (Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press)

Na sequência do ano, o Corinthians levou o Campeonato Brasileiro sem a mesma intensidade. Já com vaga na Libertadores garantida e longe da disputa do título, o time não tinha grandes pretensões no campeonato, mas ainda viu boas atuações de Ronaldo. Em 20 jogos, o camisa 9 marcou 12 gols, com direito a hat-trick diante do Fluminense, mais dois gols em cima do Palmeiras e outro sobre o São Paulo. Cumprindo tabela, o Timão terminou em 10º lugar, com uma campanha regular.

*Especial para Gazeta Esportiva



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