Ronaldo encerrou a carreira de jogador profissional antes do que imaginava, em 2011 – o seu Corinthians acabou eliminado de forma vexatória da pré-Libertadores daquela temporada, com derrota para o colombiano Tolima, e o ídolo do futebol nacional se tornou um dos principais alvos da revolta da torcida. Hoje, cinco anos depois, ele ainda se sente desconfortável com a pressão que envolve o clube do Parque São Jorge.
“Sempre achei injusta a maneira como a torcida do Corinthians reivindica os seus direitos”, reclamou Ronaldo, nesta quinta-feira, enquanto inaugurava uma escolinha de futebol que leva o seu nome no bairro do Morumbi. “E, convenhamos, os direitos do torcedor são comprar ingresso, assistir ao jogo e apoiar a sua equipe. Em lugar nenhum do mundo, o torcedor tem direito de agredir, de quebrar alguma coisa do clube.”
Antes da fatídica eliminação para o Tolima, Ronaldo quase só havia experimentado o carinho da torcida do Corinthians, que relevou até a sua dificuldade para entrar em forma. O atacante em final de carreira retribuiu com atuações decisivas nas campanhas vitoriosas da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista em 2009, porém se mostrou conformado com essas conquistas e sofreu com lesões no ano seguinte. Em 2011, após se assustar com ações de torcedores organizados, que chegaram a invadir o CT Joaquim Grava e apedrejar os carros de atletas, aposentou-se e logo recuperou prestígio, recebendo muitas homenagens no Pacaembu.
“Não devemos aceitar algumas coisas nem mesmo da torcida do Corinthians, que eu amo”, repetiu Ronaldo, incomodado porque o time dirigido por Tite tem sido duramente criticado. As eliminações no Paulista e na Libertadores, diante do Grêmio Osasco Audax e do uruguaio Nacional, abalaram a confiança no trabalho do treinador. “Deveria existir um respeito muito maior, ainda mais se olharmos para o repertório do Corinthians, que ganhou praticamente tudo nos últimos cinco anos. É uma grande injustiça o que está acontecendo”, reiterou.
Atualmente, a ira dos torcedores corintianos está voltada, em maior parte, a quem veste a camisa 9 do clube. Herdeiro da posição de Ronaldo, André virou vilão por causa de atuações apáticas, ficando marcado pelo pênalti desperdiçado diante do Nacional, no último dia de vida do Corinthians na Libertadores de 2016.
