Conheça a francesa Stéphanie Frappart, a pioneira da igualdade na arbitragem - Gazeta Esportiva
Conheça a francesa Stéphanie Frappart, a pioneira da igualdade na arbitragem

Conheça a francesa Stéphanie Frappart, a pioneira da igualdade na arbitragem

Gazeta Esportiva

Por AFP

30/11/2022 às 10:27

São Paulo, SP

Carismática e respeitada, a francesa Stéphanie Frappart será a árbitra do confronto entre Alemanha e Costa Rica, pela Copa do Mundo do Catar, nesta quinta-feira, uma partida que vale a vaga para as oitavas de final, quebrando a última barreira que faltava em sua carreira pioneira no futebol.

Frappart, que já foi a primeira mulher a apitar na liga masculina francesa de futebol e na Liga dos Campeões da Europa, vai liderar uma equipe de arbitragem exclusivamente feminina, que incluirá a brasileira Neuza Back e a mexicana Karen Díaz.

Aos 38 anos, Frappart participará do torneio mais importante do futebol masculino, culminando uma ascensão agitada desde sua estreia na Ligue 1, em 2019. Nesse mesmo ano foi designada para trabalhar na Supercopa da Europa, em 2020 atuou na Liga dos Campeões e em 2021 na Eurocopa.

"É uma grande evolução, um reconhecimento das minhas qualidades e competências. Esta é a minha linha de conduta desde o início, ser escolhida por minhas competências, não pelo meu gênero", declarou a francesa em uma entrevista coletiva antes da última Eurocopa.

Com esse histórico, poucos ficaram surpresos com o fato de Frappart estar entre as primeiras árbitras a participar de uma Copa do Mundo masculina. "Um Mundial é o ápice, a maior competição do mundo", reconheceu a francesa em setembro, após ser nomeada para fazer parte do corpo de arbitragem.

"Ela já participou de dezenas de competições internacionais. Sabe perfeitamente como administrar um evento intercontinental", elogiou Clement Turpin, o outro árbitro francês presente em Doha.

Árbitra desde os 13 anos


Em seu percurso até a partida de quinta-feira, Frappart cumpriu todas as etapas desde seu início na arbitragem em 1996. "No início era uma paixão. Não tinha os olhos postos na Ligue 1 ou em qualquer outra competição", recorda.

Ex-jogadora do AS Herblay, da região de Paris, Frappart é árbitra desde os 13 anos e passou cinco temporadas na segunda divisão. Na Ligue 1, não demorou muito para receber elogios unânimes de jogadores e treinadores.

Foto: Odd Andersen/AFP


"Ela tem muita diplomacia. E quando você é treinador, homem, e está sob pressão, a gente se irrita (...) Mas é só ela te olhar, sorrir, fazer um gesto... que acabou", comentou em 2019 Christophe Galtier, atual treinador do Paris Saint-Germain. "É uma mulher de uma calma e serenidade impressionantes, é difícil desestabilizá-la, tem uma maturidade incrível", disse à AFP o presidente da comissão federal francesa de árbitros, Eric Borghini. "Já faz parte da paisagem" para os jogadores, acostumados a vê-la com o apito, garantiu. "Acho que eles a consideram igual a um homem, se puderem enganá-la, não hesitarão em fazê-lo".

Jürgen Klopp também elogiou sua forma diplomática e calma de arbitrar após a final da Supercopa da Europa de 2019, que o Liverpool venceu o Chelsea nos pênaltis. "Eu disse à equipe de arbitragem após o jogo que, se tivéssemos jogado como elas apitaram, teríamos vencido por 6 a 0", disse o técnico alemão do Liverpool. "Essa foi a minha opinião. Fizeram uma partida brilhante".

"Oportunidade"


Desde que chegou à elite do futebol, Frappart é frequentemente questionada sobre o seu percurso no futebol masculino e as suas respostas são, tal como a sua forma de arbitrar, diplomáticas, mas firmes. "Sempre fiz campanha para que sejamos consideradas pelas nossas capacidades e não necessariamente pelo nosso gênero. Se as mulheres têm qualidades, também devem receber  oportunidades", ressaltou.

"Desde 2019, demos um grande passo em frente. Agora não é uma surpresa ver mulheres arbitrando homens, independentemente do continente ou do país", explicou em setembro.

A juíza, natural de Val-d'Oise (ao norte da capital), também não teme sua estreia no Catar, país questionado pelos direitos das mulheres, onde garantiu que foi "sempre bem recebida". "Esse também é um forte sinal das entidades (esportivas) de que há mulheres neste país", declarou. "Não sou uma porta-voz feminista, mas pode ajudar as coisas. Sei que muitas vezes desempenhamos um papel, especialmente no esporte".

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