Em meio a um período crítico no futebol sul-americano, com diversos cartolas de países latinos indiciados pelo escândalo de corrupção que envolveu a Fifa nos últimos seis meses, a Associação de Futebol da Argentina (AFA) tentou decidir seu novo presidente na última semana, mas esbarrou em uma falha de sistema que mascara uma eventual farsa.
Mesmo que através de uma piada, o nome de Julio Grondona voltou a ser falado na entidade. Seu filho, de nome Julio, brincou com o fato de a eleição com 75 membros ter acabado em empate, com 38 votos para Luis Segura e outros 38 para Marcelo Tinelli. No entanto, a somatória final neste caso daria 76. Ou seja, houve farsa na primeira eleição democrática da AFA em 36 anos.
“Ele (Grondona) depositou o voto extra”, comentou Julio Grondona filho, presidente do Arsenal e um dos membros da assembleia da AFA. Seu pai, Julio Grondona, presidiu a AFA por 35 anos graças aos oito mandados cumpridos, que só foram interrompidos em julho, por conta de sua morte, aos 82 anos de idade.
A eleição, que ocorreu no salão da AFA, mesmo lugar em que o corpo de Grondona foi velado, ainda não tem um resultado definido. Luis Segura, que assumiu como chefe interino após a morte de seu antecessor, tenta se manter no cargo, mas enfrenta Marcelo Tinelli, concorrente 18 anos mais jovem e que apresenta um programa de entrevista na TV aberta da argentina.
Na sexta-feira à noite, inclusive, horário em que seu programa Showmatch costuma ir ao ar, Tinelli reafirmou sua intenção de lutar contra o autoritarismo que rondou a entidade nas últimas décadas. “Não estamos motivados por uma ambição pessoal, mas por uma convicção de que nós, argentinos, não merecemos um espetáculo como esse”, falou o ex-mandatário do San Lorenzo.