Em meio a inúmeros escândalos envolvendo casos de doping, a IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo), está investigando a veracidade de uma carta escrita há cerca de 20 anos e publicada na China. O conteúdo do texto contém denúncias a um possível uso de doping por atletas chineses na década de 90 e contesta recordes estabelecidos pela corredora de longa distância Wang Junxia em 1993.
Segundo a mídia estatal chinesa, Wang teria escrito uma carta onde admitia ter sido uma participante de um programa do governo chinês de doping. De acordo com a publicação, a carta foi assinada pela atleta e outros nove, antes treinados pelo controverso Ma Junren.
"É verdade que Ma tinha batido e nos atacado verbalmente por muitos anos. Além disso, o treinador também nos persuadiu e nos forçou a usar altas doses de substâncias proibidas à época", diz a carta, escrita em 28 de março de 1995.
Com a divulgação da carta, a IAAF lançou um comunicado nesta sexta-feira, afirmando que não sabia da existência da publicação. A entidade afirmou que agora está investigando a carta, e que se for provado que algum atleta fez uso de doping, ele perderá seus títulos - o que inclui os recordes mundiais de Wang, nos 3.000 e 10.000 metros.
"A primeira ação da IAAF deverá ser a verificação da veracidade da carta. Para isso, a associação pediu para que a Associação Chinesa de Atletismo participe deste processo. De qualquer maneira, a regra 263.3 do Regulamento de Competições da IAAF é claro ao afirmar que se qualquer um admitir a culpa, a entidade pode intervir", disse a entidade, em comunicado.
"Se um atleta admitiu que, em algum momento anterior a conquista de recordes mundiais, ele usou ou se aproveitou de uma substância ou técnica proibida na época, estará sujeito a Comissão Médica e de Antidoping, e assim o recorde não continuará sendo considerado como mundial pela IAAF", finalizou.