Ricardo Gomes evita se fazer de vítima e diz ter saúde para aguentar pressão - Gazeta Esportiva
Ricardo Gomes evita se fazer de vítima e diz ter saúde para aguentar pressão

Ricardo Gomes evita se fazer de vítima e diz ter saúde para aguentar pressão

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

16/08/2016 às 21:17

São Paulo, SP

Ricardo Gomes deixou o futebol por quatro anos em função de um AVC (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Ricardo Gomes deixou o futebol por quatro anos em função de um AVC (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)


Além de todas as questões técnicas, táticas e contratuais, a coletiva de imprensa de Ricardo Gomes, nesta terça-feira, também serviu para o treinador explicar seu atual estado de saúde. Em agosto de 2011, o treinador sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e precisou deixar a profissão por quatro anos. As sequelas são facilmente notadas, principalmente por uma certa dificuldade de Ricardo ao falar, mas o novo comandante do São Paulo garantiu não ter restrições quanto às pressões e emoções que deve reviver no clube a partir de agora.


“Eu tenho algumas sequelas. O lado direito, consegui recuperar grande parte, a parte lesionada da sensibilidade. Estou sempre trabalhando, estimulando, para recuperar. Não tenho nenhuma restrição, livre para qualquer pressão que vocês coloquem. Estou livre, sem contra indicação, e sei como é a pressão aqui. Conheço bem”, esclareceu Ricardo Gomes, refutando ser dado como exemplo ou até ser visto por algumas pessoas como vítima depois de tanto tempo em tratamento.


“Isso de superação é história. Eu tive um acidente. Ou você aceita e fica em casa ou você se recupera. Não sou exemplo para ninguém. Claro que eu sei que as pessoas que tiveram esse mesmo acidente olham e falam: ‘é possível’. Não no esporte. Na vida. Não tem nada de superação. Quer que eu fique em casa com 50 anos? Não faço mais que ninguém. Sou um cara bem simples. Só me recuperei. Não tem superação nenhuma”, explicou. “Eu era um cara nervoso, com a casca de tranquilo. Hoje eu sou um cara tranquilo por inteiro. Quando não aprende na boa, aprende na dor”.


Em sua primeira passagem pelo comando do São Paulo, Ricardo Gomes tirou a equipe da 16ª colocação e a fez brigar pelo título do Campeonato Brasileiro até a última rodada, encerrando na 3ª posição, a dois pontos do campeão Flamengo, em 2009. Foram 73 jogos, com 38 vitórias, 15 empates e 20 derrotas, e um aproveitamento de 59% dos pontos disputados. Agora, porém, ele lembra que terá apenas o segundo turno para buscar uma reação semelhante.


“Uma coisa é começar no início do ano. Estou no meio de um trabalho, que começou com o Bauza, priorizando a Libertadores. Agora é segundo turno. Temos de brigar. Essa recuperação tem de ser mais curta do que em 2009. Torcedor quer no mínimo (classificação para) Libertadores. Não vamos fugir disso”, ponderou.



Confira outros trechos da entrevista coletiva de Ricardo Gomes:



Saída de um clube para outro que disputa a mesma competição


“Comecei no meio de um campeonato da segunda divisão, com dificuldades ainda maiores, principalmente com locomoção (em função do AVC). Fui melhorando, melhorando... Sou extremamente grato ao Botafogo. Começamos no Carioca, tive uma possibilidade de sair, mas não era bom nem para o Botafogo, nem para mim. Pensei mais no Botafogo, e agora é uma escolha. Você tem de assumir”

Comparação com o trabalho que vinha fazendo no Botafogo


“É diferente, são situações diferentes. Estou chegando no meio de um trabalho. Informação é o mais importante nesse momento. Preciso de muitas informações. Uma coisa é ver jogos, vídeos, outra é o dia a dia, com as informações. Isso vai me dar conteúdo de que forma agir”

Histórico de ter reagido com o São Paulo no Brasileiro em 2009


“Tinha mais tempo. Peguei na 6ª rodada. Tinha mais tempo, mas a vida fácil eu ainda não encontrei em clube nenhum. Você tem que dar o melhor o tempo todo, apesar de nem sempre você ser correspondido”

Objetivo do São Paulo no ano


“Espera ai. Calma, calma. Olha, estou precisando de informações do dia a dia. Estou no meio de um trabalho. Você não pode chegar e mudar tudo. Tem todo o método do Bauza e do Jardine, você tem de corresponder até encontrar a ideia que vai trazer o São Paulo às vitórias. Isso não vai ser do dia para a noite. Me dá um mês para responder se dá para brigar pelo título”

Convite de uma seleção após o São Paulo, como Osório e Bauza


“Só se for da Costa Rica (risos). Nada disso, não. Minha cabeça é São Paulo por prazo indeterminado para poder ficar bastante tempo aqui. Um trabalho com inicio, meio e fim, com um fim bem distante”

Esquema de jogo que pretende usar


“4-4-2, 4-2-3-1, 4-3-3.... O esquema vale muito pouco. O que importa é a forma de jogar. Isso tem de melhorar. Já comecei a conversar. Conversei bastante com o Jardine”

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