A Federação de Futebol da Argentina (AFA, em espanhol) e o governo federal do país agiram nos bastidores para pressionar os árbitros que apitaram os jogos que rebaixaram o River Plate em 2011. A acusação partiu do juiz que estava envolvido numa das partidas com o Belgrano e de um dirigente que chefiava o Sindicato de Árbitros da República Argentina (Sadra).
A denúncia foi feita em entrevista ao jornal argentino Clarín. Guillermo Marconi, chefe da Sadra, disse que o então presidente da AFA, Julio Grondona - morto em 2014 -, fez o apelo para evitar o rebaixamento do River Plate no dia seguinte ao primeiro jogo da repescagem. Os millonarios tinham perdido por 2 a 0 do Belgrano, fora de casa.
"Ele havia se reunido com a presidente da nação (Cristina Kirchner, à época) e foi informado de que o rebaixamento do River Plate seria um escândalo. Haveria focos de violência em todo país", disse o dirigente. "Grondona e o governo pressionaram para que o River não fosse rebaixado".
O relato de Marconi foi corroborado pelo árbitro Sergio Pezzotta, que apitou o empate por 1 a 1 entre o River Plate e o Belgrano, no Monumental de Núñez. O jogo selou a queda da equipe para La B. "Grondona me cumprimentou e disse: 'Se isso não acabar bem, vão matar todos nós. Vão nos pendurar no Obelisco'", contou o juiz.
Marconi disse que a relação que mantinha com Grondona se deteriorou após o rebaixamento do River Plate ser consumado. Também não foram registrados episódios de violência no país após a queda. Pequenos incidentes ocorreram no Monumental de Núñez no dia do descenso, mas a polícia conseguiu controlar os torcedores mais exaltados.
O River Plate voltou à primeira divisão logo na temporada seguinte. Com dois gols do atacante David Trezeguet, a equipe venceu o Almirante Brown por 2 a 0, no dia 23 de junho de 2012, e conquistou o título da Série B local.
