Famoso por gesto da faixa, Cuca sonhou jogar com Maradona em 1992 - Gazeta Esportiva
Famoso por gesto da faixa, Cuca sonhou jogar com Maradona em 1992

Famoso por gesto da faixa, Cuca sonhou jogar com Maradona em 1992

Gazeta Esportiva

Por Bruno Ceccon e William Correia

15/03/2016 às 08:00 • Atualizado: 15/03/2016 às 17:02

São Paulo, SP




A primeira passagem de Cuca pela Sociedade Esportiva Palmeiras foi breve, porém marcante. Uma das contratações iniciais da vitoriosa Era Parmalat, o então atacante ficou famoso por comemorar gol com o gesto da faixa de campeão e sonhou com a possibilidade de jogar ao lado de Diego Armando Maradona.

Cuca foi apresentado pelo Palmeiras em agosto de 1992 junto com o também atacante Maurílio. Após conquistar títulos por Grêmio e Internacional e passar pelo Real Valladolid, o atleta, dono de seu passe, fechou com o time alviverde até o fim da temporada por US$ 150 mil.

“Minha família é de origem italiana e todos sempre foram palmeirenses, inclusive eu. Tenho experiência suficiente para ajudar o Palmeiras nesse momento difícil que vem atravessando”, disse Cuca em declarações reproduzidas pela edição de 29 de agosto de 1992 do jornal A Gazeta Esportiva.

Na época, o Palmeiras, bancado pela Parmalat, tentou a contratação de Diego Maradona, então jogador do Napoli. José Carlos Brunoro, homem forte da parceria, chegou a viajar a Buenos Aires para falar com o atleta, sem sucesso, já que ele acabou no Sevilla.

Em 1º de setembro de 1992, antes do desfecho da negociação, A Gazeta Esportiva publicou a seguinte reportagem: "Cuca escala Maradona. A seu lado." O atacante do Palmeiras disse que a vinda do argentino seria “sensacional” e não ficou preocupado com a concorrência: “Dou um jeito e arrumo um lugar bem perto dele.”

Cuca comemora com ídolo Evair durante o Campeonato Paulista 1992 (Foto: Acervo/Gazeta Press)
Cuca comemora com ídolo Evair durante o Campeonato Paulista 1992 (Foto: Acervo/Gazeta Press)


Com o sonho de jogar ao lado de Maradona já desfeito, Cuca marcou seu terceiro gol pelo Palmeiras contra o Ituano, no Campeonato Paulista, e festejou de maneira inusitada. O atacante correu para a torcida e levou a mão direita do ombro esquerdo ao lado oposto da cintura, como se estivesse colocando a sonhada faixa de campeão, o que o clube não fazia desde 1976.

“Sempre que vencemos ficamos mais próximos da classificação e também da disputa pelo título. O gesto que fiz foi para mostrar à torcida que a cada ponto que somamos colocamos um pedacinho da faixa no peito. Existem outras grandes equipes, mas essa história de considerar o Palmeiras azarão é papo furado”, disse o atleta na época.

Com um novo gol de Cuca no Palestra Itália, marcado nos acréscimos, o Palmeiras venceu o Bragantino por 1 a 0 e se classificou às semifinais do Campeonato Paulista. Em êxtase, o jogador de 29 anos festejou intensamente e acabou expulso pelo árbitro Oscar Roberto Godoi.

“Quando fiz o gol da vitória, não consegui me segurar e fui comemorar com eles”, disse Cuca, impressionado pela festa nas arquibancadas. “Ao longo da minha carreira, nunca vi nada igual. Eles ficam gritando o tempo todo. Tiro o chapéu para essa torcida maravilhosa. Confesso que não esperava tanto de uma torcida que não comemora um título há anos”, afirmou.


Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press

CUCA VÊ VICE COMO CONQUISTA


Com o Palmeiras na fila desde 1976, Cuca participou como jogador da campanha que culminou com o vice-campeonato paulista de 1992 diante do São Paulo. De volta ao clube na condição de treinador, ele procurou valorizar o feito.

“O São Paulo ganhou porque era superior ao Palmeiras. Demos uma arrancada fantástica, só não foi melhor porque o São Paulo mereceu. Não me vejo em dívida por ter sido vice-campeão. Pelo contrário, foi uma conquista”, afirmou.

Pelo time do coração, ele marcou sete gols em 24 partidas. “Cheguei a pedido do Otacílio Gonçalves, o melhor treinador que já tive, e fiz bons jogos pelo Palmeiras”, resumiu Cuca, apresentado como treinador na última segunda-feira.


Sob o comando de Otacílio Gonçalves, o Chapinha, seu treinador favorito, Cuca chegou a atuar no meio de campo e jogou até como segundo volante no Palmeiras. Ao lado de nomes como Mazinho, César Sampaio, Evair e Zinho, ele falou repetidamente sobre a chance de quebrar o jejum com o título paulista de 1992.

“O Palmeiras tem todos os requisitos para isso: time, diretoria, técnico e torcida. Se outros clubes podem ser campeões, nós também podemos. Os jogadores estão imbuídos de dar à torcida, que tanto vem nos apoiando, a alegria de ser campeã. Não podemos prometer o título, mas vamos brigar como loucos por ele”, disse o atleta.

Com Cuca como titular, o Palmeiras perdeu as duas finais do Campeonato Paulista 1992 para o São Paulo de Telê Santana, defendido por atletas como Zetti, Toninho Cerezo, Raí, Cafu e Muller. A derrota por 2 a 1 na decisão, com mais de 110 mil pessoas no Morumbi, foi o último jogo do atacante pelo time alviverde.

“Cuca sem lugar no supertime”, manchetou A Gazeta Esportiva em 22 de dezembro de 1992. Negociado com o Santos após fazer sete gols em 24 jogos pelo Palmeiras, ele ficou fora do esquadrão que finalmente encerrou o jejum de títulos com a conquista do Campeonato Paulista 1993. Maurílio, por sua vez, vestiu a faixa de campeão.

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