Estar na final do Campeonato Paulista não é mais novidade para o Santos. Assim que bateu o Palmeiras nos pênaltis, a atual equipe do Peixe igualou uma marca da Era Pelé de oito finais seguidas, de 2009 a 2016. Antes, ainda com o Rei em campo, o alvinegro praiano só havia conseguido tal feito de 1955 a 1962. Mas, para alguns jogadores mais jovens, os dois duelos com o Osasco Audax podem se tornar em um sonho realizado. “Vai ser inédito para mim. Vou estar lá na foto. Vou jogar”, ressalta Thiago Maia.
Com seu sotaque arretado, acelerado e inconfundível, o menino que saiu de Boa Vista, Roraima e vive no Santos desde os 14 anos tem mais uma chance de marcar seu nome na história do clube com pouco mais de 12 meses no profissional. “Jogador pode jogar em jogar em 50 clubes. Se não tiver um título, ninguém vai lembrar”, avisa.
Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Thiago Maia não esconde sua ansiedade em entrar em campo. Neste domingo, no estádio José Liberatti, em Osasco, o Santos visita o Audax no primeiro duelo da grande final. Será a 55ª partida do volante com a camisa santista. E ele sabe que vai ter de suar muito para levar um bom resultado à Vila Belmiro. “A gente vai correr bastante ali no meio”, diz, preocupado com o sistema de jogo de Fernando Diniz.
Mas, nada parece tirar a confiança ou minimizar a gana pela primeira taça. Ao falar sobre Vitor Bueno, jogador recém promovido à titularidade, Thiago Maia revela como tem tentado passar tranquilidade ao companheiro de 21 anos, três a mais que o volante. “Se tiver nervoso, garotinho, solta comigo que eu resolvo”, brinca.
Confira, na íntegra, toda a entrevista sincera e divertida com o pulmão do meio campo do time comandado por Dorival Júnior:
Essa é sua terceira final no grupo do Santos, a segunda jogando. O que essa decisão contra o Audax tem de diferente para você?
Thiago Maia – Eu acho que é diferente. Ano passado eu estava inscrito. Fui na primeira final contra o Palmeiras, na casa deles, mas não joguei. E no segundo jogo fiquei de fora aqui na Vila. Tem um gosto diferente, porque eu vou estar jogando. E tendo ao lado grandes craques: Renato, Elano, Ricardo Oliveira. Então, eu acho que tem um gostinho maior. Ainda mais dentro da nossa casa. Espero ser campeão, porque vai ser inédito para mim. Vou estar lá na foto. Vou jogar.
Como a final desse ano não será um clássico, o Santos chega com mais responsabilidade por ser o clube grande. Como você encara essa pressão pelo título?
Thiago Maia –Quando o cara decide vir jogar no Santos ele já tem essa pressão, porque é uma camisa que pesa muito. É onde jogaram tantos ídolos: Clodoaldo, Pelé, Neymar… A gente tem que ter bastante cuidado. Lógico que a pressão vai ser nossa, mas como eles também. Eles também estão querendo ser campeões. Eu estou querendo mais, lógico. Vou jogar. Vai estar no meu currículo e eu só tenho 19 anos. E jogador vive de títulos, né? Jogador pode jogar em jogar em 50 clubes. Se não tiver um título, ninguém vai lembrar. Então eu quero muito ser campeão, sim.
Você joga no meio campo, coração do sistema de jogo diferenciado do Audax. Está receoso em enfrentar uma equipe em que os jogadores não guardam posição e rodam o tempo todo?
Thiago Maia – Vai ser bastante diferente das outras equipes que a gente já jogou. Como eu já comentei com o Renato, a gente vai correr bastante ali no meio. A gente tem que dobrar a marcação, tanto frente como ali atrás. A gente vai ter de ter bastante cuidado, porque acho que o ponto forte deles é o meio ali. Eles sempre vêm com bastante jogadores no ataque. E a gente está ai para parar eles, se Deus quiser.
E como fazer para parar o Audax?
Thiago Maia – O grupo tem de estar bem atento, desde o Vanderlei até o Ricardo. Se todo mundo marcar, se todo mundo fizer o que o professor Dorival está falando, acho que a gente vai se dar bem.
O Santos por pouco não perdeu a classificação à final em um jogo que parecia resolvido. Que lições do clássico com o Palmeias vocês trabalharam essa semana visando os jogos finais?
Thiago Maia – Futebol é gostoso por causa disso. Tem muita surpresa. A gente estava com o jogo praticamente ganho, 2 a 0. Eu senti câimbra, porque dei um pique de área à área, e pedi para sair e, logo em seguida, a gente tomou dois gols. A gente tem de tomar bastante cuidado, porque o Audax vem sempre surpreendendo os times. Creio que vai ser mais difícil do que contra o Palmeiras. A gente tem de tomar bastante cuidado.
Você acredita que realmente foram as duas melhores equipes que chegaram às finais?
Thiago Maia – Acho que sim. Acho que foi mérito. O Audax desde o ano passado vem merecendo ser finalista do Campeonato Paulista. O Corinthians vem sendo invicto no campeonato, Palmeiras estava crescendo. Mas acho que é mérito e o Audax e o Santos mereceram.
Depois de apostar em Paulinho, Patito, Longuine e Serginho, Dorival parece estar contente com Vitor Bueno jogando no meio campo do Peixe. Você, apesar de mais novo, já é titular há mais tempo. Tem conversado com ele?
Thiago Maia – O Vitor é muito mais experiente do que eu. Ele já jogou no Botafogo de Ribeirão (Preto) no profissional e já viveu praticamente de tudo na carreira. Eu sempre brinco com ele: ‘Se tiver nervoso, garotinho, solta comigo que eu resolvo’ (risos). Mas ele está bem concentrado. Ele sabe da importância desse título para o Santos e para ele próprio também.
A entrada do Vitor Bueno mudou o que na equipe e na sua função ali no meio?
Thiago Maia – Ele tem a mesma função do Lucas Lima. Eu acho que quando está eu, ele, o Lucas Lima e o Renato ali no meio a gente fica com quatro meias. Isso ai ajuda o Gabriel e o Ricardo. É enfiada de bola. A marcação, que ele não sabia fazer e hoje está fazendo muito bem. Isso ai está ajudando. Quando ele entra ali no meio, ao lado do Lucas Lima, fica difícil de segurar.
O Santos nunca jogou em Osasco, palco da primeira final, neste domingo. Podemos esperar um Santos mais cauteloso do que de costume pensando no jogo da Vila?
Thiago Maia – A gente pretende chegar lá e demonstrar o nosso futebol. Claro que sair com a vitória de lá é o que importa para nós. Mas, tenho certeza que se a gente sair com um empate, vamos decidir na Vila, nossa casa, onde a torcida está sempre nos apoiando.
Arrisca um palpite para as finais?
Thiago Maia – Não, não. Deixa para domingo (risos).