Responsável por teste no São Paulo diz que ninguém reprovaria Rogério Ceni - Gazeta Esportiva
Luiz Ricardo Fini
São Paulo (SP)
12/11/2015 08:00:09
 

A trajetória de Rogério Ceni com a camisa do São Paulo teve início no dia 7 de setembro de 1990, quando o goleiro foi aprovado no teste realizado no CT da Barra Funda. O responsável por dar o aval para o início da história do ídolo no clube foi o preparador de goleiros da época, Gilberto Geraldo de Moraes.

“Eu fazia o teste de vários jogadores e me lembro que o dele foi no campo 1 do CT. Ele foi aprovado por mim, mas acho que qualquer um que tivesse avaliado o aprovaria. Era garoto, mas já era titular do Sinop e estava acostumado a pegar rabo de foguete. Correu tudo normal e ele seria aprovado do mesmo jeito por outro, porque o mérito era dele”, afirmou o ex-preparador de goleiros, que também foi jogador do clube.

Aos 17 anos, Rogério Ceni deveria ter sido submetido pela avaliação no Tricolor no dia 5 de setembro, mas se atrapalhou no trânsito da capital paulista e acabou chegando atrasado, perdendo o teste. Com a ajuda do conselheiro são-paulino José Acras, que recebeu a indicação do goleiro de um diretor do Sinop, o futuro ídolo ganhou uma nova chance.

Porém, no dia seguinte, não houve treino, impossibilitando mais uma vez a prova. Somente no dia de feriado nacional, uma sexta-feira, a promessa do Sinop pôde ser avaliada. Depois do aquecimento com o preparador físico Sérgio Rocha, que trabalha no Tricolor até hoje, Ceni foi para o treino, sendo orientado e observado por Gilberto Moraes.

Ceni não caía muito no início da carreira, mas mostrava boa colocação nos treinos (Foto: Acervo/Gazeta Press)
Ceni não caía muito no início da carreira, mas mostrava boa colocação nos treinos (Foto: Acervo/Gazeta Press)

“Ele já tinha um certo traquejo, apesar da pouca idade. Tinha disputado algumas coisas pelo Sinop e mostrou qualidade aqui. Ele não caía muito, mas tinha boa colocação”, recordou o ex-treinador de goleiros, que chegou a trabalhar posteriormente na administração do CT da Barra Funda e foi demitido do clube há alguns anos.

A surpresa no primeiro teste foi o novato ter sido colocado no coletivo dos profissionais. No decorrer da atividade, Gilberto Moraes ordenou que Zetti e Gilmar Rinaldi, os goleiros principais da época, deixassem o campo para as entradas de Rogério Ceni e Marcos Bonequini.

O futuro ídolo tricolor se saiu bem no teste, sofrendo apenas um gol, marcado por Leonardo. Na época, Gilberto Moraes podia até pensar que estava aprovando um bom jogador, mas ninguém naquele campo imaginava que se tratasse daquele que viraria o maior goleiro-artilheiro do futebol mundial, até porque Ceni só aperfeiçoou as batidas anos depois.

“Ainda não dava para ver (qualidade nos chutes), porque eu observava mais o posicionamento e o treino específico. Mas ele evoluiu, tinha que ser lapidado e o mérito foi também dos treinadores dele na base”, completa.

Na época em que Ceni foi aprovado, o São Paulo era dirigido pelo uruguaio Pablo Forlán, que pouco depois foi substituído por Telê Santana. A relação com o mestre foi decisiva também para o futuro do goleiro, que começou sua trajetória no clube na base, sendo promovido depois.

“Foi o treinador que praticamente me lançou no profissional e aprendi muito com ele, era sério, rígido e correto com as pessoas”, recordou o agora ex-atleta, sem esconder também as broncas que levou. “Um dia, eu estava sentado em cima da mesa da telefonista e ele perguntou se eu sentava assim na mesa da minha casa. Era um mestre para nós no São Paulo.”

Ceni ainda se tornaria parceiro de Telê Santana em jogos de tênis no CT da Barra Funda. Como os solteiros chegavam mais cedo do que os casados para a concentração, o goleiro era ‘convocado’ para jogar. “Ele já deixava avisado para o segurança informá-lo no momento em que eu chegasse. Assim que eu entrava no quarto, ele ligava e me chamava para jogar. Eu podia estar até cansado, mas como falaria ‘não’ para o Telê?”, completa.

Os ensinamentos de Telê Santana foram fundamentais para a carreira de Rogério Ceni (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Os ensinamentos de Telê Santana foram fundamentais para a carreira de Rogério Ceni (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)


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