Modesto abre o jogo sobre Arena, Museu Pelé e admite ter Robinho - Gazeta Esportiva

12/23/2015 15:57:41
 

Modesto Roma Júnior, presidente do Santos Futebol Clube, chega ao fim de seu primeiro ano no cargo mais importante do clube praiano. Apesar do pouco tempo de casa, o dirigente confessa que está cansado, mas refuta desanimar e espera por 2016 com ansiedade, principalmente pela parte financeira, que segundo Modesto, deve ser mais tranquila para o Peixe. Em em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Modesto Roma Jr, filho de Modesto Roma, ex-presidente e um dos patronos da Vila Belmiro, abre o jogo sobre as principais questões que afligem o clube neste fim de temporada.

A polêmica construída em cima da possibilidade do Santos assumir a gestão do Museu Pelé, o mandatário reafirma que não se meterá no negócio, caso a Legend 10, empresa que detém os direitos comerciais e de parte do acervo do Rei do Futebol, imponha a vontade de substituir peças originais por réplicas.

“Nós não temos a menor vocação para mostrar cópia como sendo verdade. O que é verdade é verdade. Então, o Santos não aceita, em hipótese alguma, trabalhar com réplicas. Isso é um ponto que o Santos não abre mão, por respeito ao torcedor, ao turista, ao visitante. O Santos faz questão de que as peças sejam todas originais. Não abre mão disso”, avisa.

O presidente também faz uma avaliação sobre seu primeiro ano de mandato, revela um lucro antecipado com venda de camisas já com o novo projeto original em andamento, explica como andam as negociações para a construção de uma nova Arena e deixa as portas abertas para o retorno de Robinho.

Confira a entrevista exclusiva com Modesto Roma Júnior:

Gazeta Esportiva – Presidente, hoje o clube parece mais tranquilo, o time disputou bem todas as competições que entrou, os jogadores expõem o desejo de ficar. Qual perspectiva para 2016? E, ao mesmo tempo, para dar essa retomada, o clube acabou assumindo empréstimos bancários? O senhor acha que ter de recorrer a isso foi um ato quase de desespero à época?

Modesto – O Santos não recorreu a empréstimo bancário. Nós não pegamos dinheiro novo nenhum. Nós alongamos o perfil da nossa dívida. Então, uma dívida que tinha que ser paga em 2015, foi paga em 2015, 2016 e 2017. Com isso, sobram mais recursos. Isso faz parte da engenharia financeira, planejamento nosso antes de assumir o clube. Nós buscamos receitas. Receitas alternativas, receitas para podermos enfrentar esse momento. 2016 é um ano mais tranquilo. Um ano mais calmo, felizmente. Mas não é um ano com menos rigor. Nós precisamos manter o rigor para mantermos a responsabilidade. A responsabilidade fiscal e administrativa, talvez, seja a maior vitória do Santos. No começo do ano, o pior não foi a debandada dos jogadores. O pior foi no fim do mês anterior, quando nós estávamos iniciando um processo de transição aqui, e ver funcionários do café chorando, por que não tinham dinheiro para comprar nada no Natal, pois estavam com salários atrasados há três meses. Acho que isso talvez tenha sido mais difícil do que debandada de quatro ou cinco atletas. Os quatro ou cinco atletas saíram e foram seguir sua vida. Já tem gente querendo voltar, mas não tem mais espaço dentro de casa. Com todo respeito aos filhos pródigos, esse ano não vai dar para recebe-los. Mas nós temos que ter a consciência de que daqui para frente nós temos que trabalhar com rigor, não gastar mais do que arrecadamos, mantermos as folhas em dia, os salários em dia, porque isso é a nossa obrigação. E tudo isso com o melhor do nosso desempenho, disputando títulos como disputamos em 2015. Nós disputamos três competições profissionais. Campeonato Paulista, ganhamos. Copa do Brasil, perdemos nos pênaltis. Campeonato Brasileiro, até as últimas rodadas, defendemos uma posição no G4. Vamos ver se em 2016 nós ganhamos mais uma vez o Paulista, se ganhamos a Copa do Brasil e se conseguimos disputar o título do Brasileiro. Essa é a nossa missão.

Gazeta – Qual jogador gostaria de voltar?

Modesto – Não posso falar.

Gazeta – Leandro Damião foi uma grande decepção pela atitude que tomou na hora de tratar sobre seu futuro junto ao clube? O senhor ficou decepcionado?

Modesto – Não. Ele simplesmente seguiu as orientações que ele teve.

Gazeta – A situação do Damião é a mais preocupante do futebol, no quesito financeiro?

Modesto – Não. O Leandro Damião é um atleta que tem uma demanda com o clube na Justiça. Vamos esperar e ver o que a Justiça define, decide. Isso ainda tem muito a caminho a se trilhar.

Modesto Roma Junior - presidente do Santos, Vila Belmiro, Santos SP, 18/12/2015, Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press
O presidente fechou o semblante ao falar sobre Damião e as dívidas do clube (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta – A dívida é muito alta. Hoje, diante do contrato assinado e com valores corrigidos, beira os R$ 65 milhões. Seria um baque muito forte para o clube?

Modesto – R$ 65 milhões é um baque forte, mas o Santos não reconhece esses valores. Vamos esperar até o fim da ação, porque a coisa não é bem assim. O que tiver que ser, será. Vamos trabalhar e vamos crescer para estarmos fortes em um momento que precisarmos de uma decisão ou outra.

Gazeta – Elenco de 2016. O técnico Dorival Jr quer a manutenção do grupo, mas os jogadores se valorizaram. Nessa época há muita especulação. Procuraram o Santos sobre o Lucas Lima?

Modesto – Tem uma oferta da China de U$ 10 milhões (cerca de R$ 39 milhões). Mas nós não temos a menor intenção de vender por menos de três veze isso.

Gazeta – Nem um clube da Europa ao menos sondou o Santos sobre Lucas Lima?

Modesto – Não.

Gazeta – Marquinhos Gabriel. O Santos fez uma proposta por ele.

Modesto – E aguardamos a resposta.

Gazeta – O Santos trabalha com prazo para isso?

Modesto – Não. Se a resposta for sim, nós temos prazos para cumprir os prazos de pagamento. Se a resposta for não, ele segue sua vida e nós seguimos a nossa.

Gazeta – Gabriel. O Pai dele postou recentemente que chegava o momento de fazer grandes escolhas, tomar decisões. Chegou alguma coisa ao Santos?

Modesto – Nada. Chegou na janela de verão da Europa, que era de inverno aqui. Uma proposta que o empresário dizia que era de U$ 20 milhões e na realidade era de U$ 10 milhões.

Gazeta – De onde era essa proposta?

Modesto – Fenerbahçe, da Turquia.

Gazeta – Werley é um jogador constantemente muito perseguido pela torcida, mas ele conta com a confiança do Dorival Jr. Diante da lesão do David Braz, da não renovação ainda com Gustavo Henrique, seria um jogador a se pensar para ficar para a próxima temporada?

Modesto – Não. O salário dele não serve ao Santos.

Gazeta – O problema do Werley seria só a questão salarial?

Modesto – E a questão também da empatia com a torcida.

Modesto Roma esclareceu diversos pontos sobre chegadas e saídas de jogadores no Santos, além da renovação do zagueiro Gustavo Henrique (foto) (Foto: Ricardo Saiubun/Santos FC))
Modesto Roma esclareceu diversos pontos sobre chegadas e saídas de jogadores no Santos, além da renovação do zagueiro Gustavo Henrique (foto) (Foto: Ricardo Saiubun/Santos FC))

Gazeta – E o Gustavo Henrique, presidente. Por que está tão difícil renovar? É o único garoto que não renovou seu contrato até agora.

Modesto – Porque falta um ano para terminar o contrato.

Gazeta – Mas faltam seis meses para ele sair de graça.

Modesto – Essa ansiedade de vocês foi também com o Thiago Maia e com vários outros. Nós estamos trabalhando a renovação do Gustavo. Estamos negociando valores, negociando condições e vamos fazer a melhor coisa que for para o Santos e para o atleta. Vocês batem sempre na tecla do erro da Lei Pelé, porque, em seis meses, tudo que foi feito vira zero, vira fumaça. É um erro da Lei que tem que ser corrigido e um dia será corrigido nesse país. Enquanto isso, vamos ficando na mão desses gigolôs, que são os empresários dos jogadores.

Gazeta – Sobre reforços, o que a torcida do Santos pode esperar?

Modesto – Responsabilidade.

Gazeta – Thiago Heleno?

Modesto – É um nome que está na mídia.

Gazeta – Está na lista do Santos?

Modesto – Está na lista de vocês da imprensa.

Gazeta – O Santos vai trabalhar sem revelar nomes, como foi desde que o senhor assumiu?

Modesto – Com certeza.

 

Modesto admitiu dificuldade, mas não descartou a contratação de Robinho (Foto: Ricardo Saibun/Santos FC)
Modesto admitiu dificuldade, mas não descartou a contratação de Robinho (Foto: Ricardo Saibun/Santos FC)

Gazeta – Mas Robinho, grande ídolo da torcida do Santos, depois de tão pouco tempo, sinceramente, há a possibilidade do Robinho voltar a jogar no Santos em 2016?

Modesto – Acho muito difícil.

Gazeta – Por que seria muito difícil?

Modesto – Porque o nível salarial do Robinho não está compatível com o nível salarial do Santos.

Gazeta – Mas o Santos tem a intenção de receber o Robinho novamente?

Modesto – O Robinho sabe que o Santos é a casa dele. Quando ele quiser ele volta. Mas, o salário que nós podemos pagar é até R$ 200 mil (mensais). Mas vocês se confundem porque vocês viram a Dra. Marisa (Alija Ramos, representante do Robinho) aqui na Vila Belmiro hoje (sexta, 17) conversando comigo. Estamos conversando de outros jogadores. Estamos conversando especificamente sobre o Nicolas, que é um jogador do Sub-17, que está assinando o primeiro contrato profissional dele com o Santos. Isso foi furo para você (risos).

Gazeta – Recentemente, antes do Robinho deixar o Santos, ele solicitou que o Santos pagasse os atrasados, fez um pedido para ficar e o Santos cumpriu tudo isso. Cumpriu com o que o Robinho pediu, mas, mesmo assim, não houve acerto. Hoje, aquilo que o Santos ofereceu para o Robinho à época é inviável?

Modesto – Completamente. Naquela época podia falar de salários de 400, 500, 600 (mil reais por mês). Mas hoje não se pode mais.

Gazeta – A não classificação para a Libertadores pesou muito no planejamento do Santos para 2016?

Modesto – Não. Muito pouco. É hora das pessoas entenderam que a Libertadores não é um fonte de dinheiro. É cara disputar uma Libertadores, para os clubes.

Gazeta – Mas na questão da imagem é ruim para o clube.

Modesto – Imagem, sim. Patrocínio não prejudica tanto. Mas a questão da imagem, sim. Mas, a parte financeira não teve grandes alterações. Teve algumas alterações orçamentárias, mas o reflexo é muito pequeno. Não é isso que está mudando a colocação de reforços ou outra coisa.

Gazeta – Conversando nos bastidores, apesar da avaliação ser unanime uma avaliação positiva, existiu uma frustração no final. O Santos foi refém do próprio sucesso. Não se esperava nada no começo do ano e o Santos chegou ao final do ano disputando as três competições. Alguns jogadores conversaram, em off, entre eles, chegou à imprensa, e as reclamações eram focadas na mudança de data da primeira final da Copa do Brasil e no gramado da Vila Belmiro, que o Dorival chegou a chamar de brejo, em função dos inúmeros jogos da categoria de base. Como a diretoria recebeu essas críticas internas, e outras externas, da torcida da imprensa, que bateram muito nessas duas teclas?

Modesto – A prática da muleta é uma prática antiga. Você perde e você não aceita que a derrota seja a derrota e você fica no “se”. Quando se mudou a data da primeira semana de novembro para a primeira semana de dezembro, o elenco estava em uma situação de extenuação muito grande e termos dez dias de parada para jogos da data Fifa foi muito bem vista porque daria tempo de descansar. Ai “se” tivesse jogado. “Se” o gramado tivesse bom, “se”….o “se” não joga futebol. O gramado estourou por causa da falta de manutenção no começo deste ano, porque, quando nós pegamos o clube, estavam com seus pagamentos atrasados e não vinham dando manutenção. Manutenção essa que ficou dois anos sem ser feita. Agora é que nos vamos poder fazer a manutenção de verdade. Vocês vão ver, tanto nos campos do CT quanto o campo da Vila, uma reforma forte. Quatro jogos das categorias de base ou três jogos do feminino não prejudicam o gramado. O que prejudica o gramado é ele estar sem manutenção por 24 meses.

Gazeta – Dentro disso, existe a chance, o interesse do Santos em colocar gramado sintético na Vila Belmiro inteira?

Modesto – Não. Já está provado que o gramado sintético é um causador de lesões. Então, enquanto tivermos a Vila Belmiro como nosso campo principal vai ser um campo de grama.

Modesto Roma Junior - presidente do Santos, Vila Belmiro, Santos SP, 18/12/2015, Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press
Modesto abriu o jogo sobre mudanças na Vila Belmiro e a possível construção de um novo estádio (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta – A questão do novo estádio, como estão as conversas? O senhor está otimista com a construção de uma nova Arena aqui na Cidade?

Modesto – Estou otimista, sim. A otimização é feita pela demanda e pela lucratividade que der. No dia 7 de janeiro nós temos uma outra reunião marcada em que os arquitetos vão apresentar um novo posicionamento da Arena dentro da área. Vamos nos reunir com os arquitetos, com os investidores, com a Portuguesa Santista e com os Portuários. E, talvez, ai sim, nesse momento, depois que tivermos esse outro estádio, a Vila Belmiro possa ser usada com grama sintética para jogos menores, jogos com menos atrativo. E o novo estádio, ai sim, com grama natural, atendendo os jogos com grande público.

Gazeta – O que o senhor pode dar de detalhes para nós sobre esse projeto?

Modesto – Nenhum.

Gazeta – Eu imaginei, mas o senhor já nos admitiu que o estádio deve ser para 25 mil pessoas. O Santos não pretender ter nada maior do que isso?

Modesto – Sim. Não há espaço para uma casa de espetáculos para mais de 25 mil pessoas em Santos.

Gazeta – Ele também seria usado para shows?

Modesto – Claro. Senão você não viabiliza o projeto econômico do equipamento.

Gazeta – O que contém no projeto, além do estádio?

Modesto – Estacionamentos, restaurantes, praça de alimentação, lojas. Vamos ter muitas coisas.

Modesto Roma Junior - presidente do Santos, Vila Belmiro, Santos SP, 18/12/2015, Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press
Modesto esclareceu os pontos do projeto para a nova Arena santista (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta – E o Santos entraria com o quê? Pensando como investidor, como o investidor vai ter o retorno dele garantido?

Modesto – Essa planificação financeira está sendo feita, mas também com a venda de equipamentos dentro deste complexo é um fator de remuneração, como vai ser remunerado pelas vendas dos espetáculos nessa casa, que podem ser espetáculos de futebol, podem ser shows, podem ser eventos de qualquer natureza.

Gazeta – O Santos ficaria apenas com a renda do jogo?

Modesto – Não. O Santos entraria como um dos sócios desse negócio, como a Portuguesa também, como o Portuários também.

DL – Então, mesmo em dia de shows, por exemplo, uma parcela também iria para os clubes?

Modesto – Na verdade, somos sócios de um empreendimento.

Gazeta – Mas a maior parte ficaria com o investidor?

Modesto – Estamos estudando o percentual de cada um.

Gazeta – A localização é muito próxima a Santa Casa de Santos. O que os arquitetos dizem sobre isso, principalmente? Muito se questiona sobre o barulho que pode causar ao hospital.

Modesto – A troca de uma caixilharia, que já devia ter sido feita e, por questões econômicas, não foi feita. A Santa Casa é ao lado da Portuguesa Santista há muitos anos e nunca salientou este problema.

Gazeta – O senhor há de convir que torcida da Portuguesa é bem menor.

Modesto – Não sei. Tu dizes. A caixilharia e o isolamento acústico resolvem todos estes problemas. Não só dos shows no Portuários, que também é próximo.

Gazeta – Seria o investidor que faria isso?

Modesto – Correto. Faz parte do projeto.

Gazeta – Ele (investidor) mexeria na Santa Casa a custo dele?

Modesto – A custo nosso.

Gazeta – Vai entrar dinheiro do Santos?

Modesto – Não. Dinheiro vivo, não. O Santos tem um nome muito forte. O Santos viabiliza o equipamento. Isso tem um valor econômico muito forte.

Gazeta – Sobre a questão do uniforme. Como estão as tratativas, as conversas sobre o uniforme do Santos para 2016? Fale um pouco deste projeto.

Peixe rompeu contrato com a Nike e com a Netshoes em outubro deste ano (Foto: Reprodução/Twitter)
Peixe rompeu contrato com a Nike e com a Netshoes em outubro deste ano (Foto: Reprodução/Twitter)

Modesto – Isso não é mais um projeto, já é uma realidade. Já passamos a casa das 50 mil pessoas vendidas. Ainda sequer ninguém viu as peças, mas já se vendeu no atacado mais de 50 mil peças para a entrega a partir de janeiro. Isso é um negócio que deve ir muito bem, que deve dar um retorno muito interessante ao clube. O Santos vendeu 130 mil pessoas no ano de 2015 e só neste primeiro mês de lançamento os lojistas já compraram mais de 50 mil peças.

Gazeta – A cada peça vendida, em dinheiro, quanto ficava para o clube?

Modesto – Antigamente ficavam R$ 11,00.

Gazeta – E agora?

Modesto – Entorno de R$ 50,00. R$ 55,00.

Gazeta – E o clube assume quais gastos nisso?

Modesto – Todos. Na realidade, o fabricante fabrica. A empresa que faz a comercialização, comercializa. Isso já cobre os custos da produção. Mas 50 mil peças não estão incluídas as peças para as lojas do Santos.

Gazeta – É um projeto pioneiro, inovador e que também envolvem riscos. Vocês sabem quanto o Santos precisa vender para não sofrer prejuízo com isso?

Modesto – No modelo feito, o Santos não tem como ter prejuízo, porque é fabricado aquilo que é vendido. Então, não há como se ter prejuízo. O custo do enxoval, que é o material que o clube usa, é entrono de R$ 1 milhão. O lucro com essa pré-venda já passou muito essa casa.

Gazeta – O Santos estreia no Campeonato Paulista com uniforme novo?

Modesto – Estreia. A primeira venda vai ser no dia 26 de janeiro. As lojas oficiais do Santos já abrem com a coleção nova da 26 de janeiro, que é dia do aniversário da Cidade.

Gazeta – E quando o Santos entrar em campo já vai estar com os patrocinadores em todas as áreas possíveis da camisa, como o gerente de marketing disse?

Modesto – Estive almoçando hoje (sexta, 17) com nosso diretor de negócios, como nosso superintendente, e eles estão muito otimistas. Um dos contratos já foi anunciado, que é com a Royal Air Maroc, que vai ocupar a omoplata. E os outros devem sair, devem estar prontos até o fim do ano.

O Museu Pelé foi inaugurado três dias depois do início da Copa do Mundo de 2014, em Santos (Foto: Portal da Copa)
O Museu Pelé foi inaugurado três dias depois do início da Copa do Mundo de 2014, em Santos (Foto: Portal da Copa)

Gazeta – Falando sobre Museu Pelé, segundo o senhor nos disse em outra oportunidade, o Santos entrou nisso muito pelo Pelé. O Santos entende que não seria bom para a imagem do clube ver algo de seu ídolo não dando certo, como não vem dando certo. Queria saber do senhor como estão as conversas diante de uma pequena pausa no otimismo. Antes, quando noticiamos as primeiras reuniões, falava-se muito em dias, questão de menos de uma semana para que tudo fosse concretizado. E passaram semanas e o negócio não saiu, pelo menos por enquanto. O que aconteceu para esse prazo não ser cumprido, já que era um otimismo de todas as partes envolvidas no negócio?

Modesto – Não houve interrupção de otimismo ou não. O que há são condições comerciais e contratuais que têm que ser muito bem feitas pela importância do negócio. O Santos não pode entrar no negócio para ter prejuízo. O Santos já está muito satisfeito com as dívidas que ele tem e não precisa ter a de outros. E essas coisas precisam ser muito bem costuradas para que o Santos não corra riscos.

Gazeta – Segundo a prefeitura, o Santos não entraria com dinheiro algum e também não receberia dinheiro algum. Isso é verdade?

Modesto – É.

Gazeta – Então, como o Santos teria prejuízo neste negócio?

Modesto – Pois é. Nós precisamos ter um contrato que assegure que o Santos não tenha prejuízo. E esses aspectos têm que ser muito bem estudados pelo nosso departamento jurídico, pela procuradoria da prefeitura, por todos os envolvidos, com seus departamentos jurídicos.

Gazeta – Sobre a Legend 10, que detém os direitos comerciais do Pelé e até parte do acervo do Pelé. O senhor conversou com eles. É verdade eles terem indicado uma intenção de usar réplicas de algumas peças no Museu, e o Santos não foi a favor disso?

Modesto – Nós não temos a menor vocação para mostrar cópia como sendo verdade. O que é verdade é verdade. Então, o Santos não aceita, em hipótese alguma trabalhar com réplicas. Isso é um ponto que o Santos não abre mão, por respeito ao torcedor, ao turista, ao visitante. O Santos faz questão de que as peças sejam todas originais. Não abre mão disso.

Gazeta – Quando o Santos mostra essa postura, qual é a receptividade do outro lado?

Modesto – É de aceitação. Ninguém nunca nos disse que não. Na hora que disserem que não, o Santos não assume. Ponto. O Santos assume verdades. O Santos não assume mentiras.

Gazeta – Por que esse negócio não saiu até agora?

Modesto – Porque as condições jurídicas têm de ser bem claras e bem estipuladas para que não haja surpresa no futuro.

Parte do acervo de Pelé que pertencia a AMA Brasil será transferido ao Santos (Foto: Diogo Moreira/A2 Fotografia)
Modesto esclareceu polêmicas sobre o Museu Pelé e até mesmo o acervo do Atleta do Século (Foto: Diogo Moreira/A2 Fotografia)

Gazeta – Voltando ao dia-a-dia do clube, desde a campanha eleitoral, o senhor dizia que gostaria de transformar o Comitê de Gestão em uma espécie de conselho administrativo. Em 2016, o senhor tem a intenção de concretizar isso, essa mudança no estatuto?

Modesto – Eu acho que nós temos que avançar algumas coisas no estatuto. Temos que entender que o estatuto tem falhas grandes.

Gazeta – Quais são elas?

Modesto – Diversas, inclusive, por exemplo, a parte de sócios. Só temos uma categoria possível de sócios. Precisamos ter mais, para podermos ter sócios mais competitivos com nossos co-irmãos. É difícil, para uma pessoa de baixa renda, pagar R$ 27,00 para ser sócia do Santos, sócio de clubes da Capital o valor é de R$ 10,00.

Gazeta – O Santos terminou o Campeonato Brasileiro em 17º no ranking de média de público. O que o clube precisa fazer para atrair seu torcedor?

Modesto – Nós temos que melhorar o dia match day, o dia do jogo. Precisamos dar mais conforto ao associado, mais conforto ao torcedor, estacionamento… tantas coisas que precisam e podem melhorar. Algumas que podem ser feitas na Vila Belmiro e outras que só serão feitas quando tivermos nossa nova Arena.

Gazeta – Como o senhor avalia seu primeiro ano como presidente? Aproveitando, conversamos com o Léo (ex-lateral esquerdo) recentemente. Ele sonha ser presidente do Santos, mas disse que se assustou com algumas coisas, principalmente sobre as negociações. O que o senhor pode falar? O que assuntou o Modesto Roma Júnior quando sentou na cadeira da presidência?

Modesto – (risos) Olha, a coisa não é fácil. Não posso falar muito, senão o Léo vai desistir. Eu preciso garantir que vou ter um sucessor. Mas é difícil. Foi um ano muito duro. Confesso que estou terminando o ano cansado. Vamos ver se a gente descansar um pouquinho, porque 2016 vai ser muito mais cansativo, mas também muito mais prazeroso.