Em melhor série, Cleiton Xavier quer título e vislumbra parar no Palmeiras - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
07/12/2016 09:00:16
 

A possibilidade de deixar o futebol precocemente, estudada por Cleiton Xavier durante os cerca de oito meses sem entrar em campo, parece fazer parte de um passado já remoto para o meia. Em sua melhor série de jogos consecutivos desde que retornou ao Palmeiras, o camisa 10 mira o título brasileiro e flerta com a ideia de defender o clube alviverde até o final da carreira.

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“É um grande desejo que tenho”, disse Cleiton Xavier em entrevista à Gazeta Esportiva, sem estabelecer um prazo para se aposentar. Vinculado ao Palmeiras até fevereiro de 2018, o alagoano de São José da Tapera também vê com bons olhos a hipótese de pendurar as chuteiras pelo CSA, clube em que iniciou sua trajetória profissional no começo da década de 2000. “É o tempo que vai dizer”, acrescentou, aos 33 anos.

Utilizado pelo técnico Cuca nas últimas oito partidas do Palmeiras no Campeonato Brasileiro, Cleiton Xavier superou os cinco jogos seguidos disputados em 2015. Com dois gols e cinco assistências, o meia poderá ampliar a série de confrontos consecutivos às 20h30 (de Brasília) desta terça-feira, diante do Santos, no Palestra Itália.

Recuperado da série de lesões musculares vividas desde 2015, ele recebe atenção especial da comissão técnica e não tem pressa para voltar a participar dos 90 minutos com frequência, algo que fez em apenas dois de seus 30 jogos desde que retornou. Para coroar a segunda passagem pelo “time do coração”, Cleiton Xavier pensa em ganhar o Brasileiro e, finalmente, apagar a decepção sofrida na edição de 2009.

Com 17 jogos e um gol em 2015, meia já tem 13 partidas e dois gols em 2016 (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Com 17 jogos e um gol em 2015, meia já tem 13 partidas e dois gols em 2016 (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Com oito partidas consecutivas, você vive sua melhor sequência desde que retornou ao Palmeiras. Depois de tantas dificuldades, é uma marca significativa…
Cleiton Xavier – É muito significativa. Após um longo tempo sem jogar, poder ter uma sequência dessas é importantíssimo. Espero que dure até o final do ano. Fico feliz com esse bom momento não só meu, mas do time todo. Ajuda bastante, porque assim podemos ter um pouco mais de tranquilidade para trabalhar e dar ênfase a algumas coisas que às vezes nos fazem falta.

Gazeta Esportiva – Nessa série de partidas, você marcou dois gols, o dobro do que no ano passado. Em termos de confiança, quanto essas coisas ajudam?
Cleiton Xavier – Ajudam muito, até porque você vai pegando ritmo. A cada dia, vai se soltando mais, ficando mais à vontade. A fase do elenco como um todo também contribui, com a equipe na liderança. Tudo está conspirando a favor e tomara que continue assim. Apesar de não ser minha função principal, fico feliz por marcar alguns gols. É importante.

Gazeta Esportiva – Você tem conseguido participar das partidas de maneira decisiva mesmo sem jogar os 90 minutos. Nesse aspecto, a experiência acaba fazendo a diferença?
Cleiton Xavier – Também contribui. O mais importante é que todo o mundo que entre em campo se doe ao máximo e faça o que for possível para ajudar a equipe. Estou sendo felizardo às vezes jogando 60, 30 ou 20 minutos. Tento fazer o meu melhor e vem dando certo. Eu me cobro muito, porque passei uma fase difícil e tenho que tomar cuidado para não cair no mesmo erro.

Gazeta Esportiva – O Cuca costuma valorizar o seu futebol. Qual foi o papel dele e da comissão como um todo na sua fase atual?
Cleiton Xavier – Desde a época do Marcelo (Oliveira), eu já tinha uma programação. Estava evoluindo desde a pré-temporada que fizemos em Itu e vinha realizando alguns trabalhos à parte. Após a chegada do Cuca, isso continua acontecendo. A forma que ele vem me usando durante os jogos ajuda. Foi colocando aos poucos, para eu ganhar ritmo e confiança. Isso é importante para que hoje possa contribuir com a equipe.

Cleiton Xavier recebe cuidados especiais para conseguir jogar com frequência (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Sem jogar de agosto de 2015 a abril de 2016, Cleiton Xavier ficou fora de 46 partidas oficiais (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Na prática, como funciona o esquema que vem possibilitando sua participação mais frequente?
Cleiton Xavier – Estou treinando normalmente com o grupo, todos os dias. Às vezes, chego um pouco antes para fazer um pré-treino, que pode ser um trabalho de prevenção, como um aquecimento. No final do treino, às vezes saio um pouco antes para fazer fortalecimento na academia. Mas, no restante, sigo a programação normal como todo o mundo.

Gazeta Esportiva – Dos 30 confrontos que você disputou desde que retornou ao Palmeiras, jogou os 90 minutos só em duas ocasiões. Participar das partidas completas ainda é um desafio a ser superado?
Cleiton Xavier – Acho que isso vai acontecer naturalmente. Em algumas partidas, já participei de quase 80 minutos, chegando perto dos 90. Às vezes, acaba não sendo necessário, principalmente com esse calendário de jogos um atrás do outro. Em junho, por exemplo, tivemos uma sequência grande, quase sem tempo para treinar. Acho que a comissão está fazendo um trabalho muito bom. É claro que todo o mundo sempre quer disputar os 90 minutos, mas às vezes não dá, porque tem um jogo em cima do outro e também é necessário descansar.

Gazeta Esportiva – Em 2015, você disputou 17 partidas. Agora, já está com 13. Tem uma meta estimada para a temporada?
Cleiton Xavier – Prefiro pensar jogo a jogo. Espero que a cada partida possa estar dentro de campo, tentando dar meu melhor, para depois descansar. Estou sempre pensando no próximo jogo.

Gazeta Esportiva – Você relatou ter recebido mais apoio do que cobrança dos torcedores durante o período em que esteve lesionado. Sente que ainda está em dívida com a torcida pelo longo período sem jogar?
Cleiton Xavier – Não, acho que minha dívida maior é de quando saí daqui, que a gente deixou escapar aquele título do Campeonato Brasileiro de 2009 (o Palmeiras liderou até a 33ª rodada). Quando saí, falei que queria um dia voltar para ser campeão com essa camisa. Já tivemos uma prévia com a Copa do Brasil de 2015 e vamos brigar por esse Brasileiro, porque realmente o torcedor do Palmeiras merece.

Levando em conta primeira passagem, meia tem 120 jogos e 19 gols pelo Palmeiras (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Levando em conta primeira passagem (2009-2010), meia tem 120 jogos e 19 gols pelo Palmeiras (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Desde que retornou, você participou do vice-campeonato paulista e do título da Copa do Brasil. Falta agora um troféu como protagonista?
Cleiton Xavier – O mais importante é chegar ao final do ano sendo campeão. Há vários candidatos ao título, mas para mim seria um prêmio e tanto.

Gazeta Esportiva – O Fernando Prass e o Gabriel Jesus, convocados para as Olimpíadas, podem perder até seis jogos do Palmeiras no Campeonato Brasileiro. Como imagina o time sem esses dois jogadores?
Cleiton Xavier – Sem dúvida, eles vão fazer falta. Mas temos um elenco grande justamente para isso. Quem o Cuca escolher vai tentar suprir a ausência dos dois e ajudar o time como eles vêm ajudando.

Gazeta Esportiva – No ataque, o Cuca tem a opção de escalar um centroavante, como o Barrios e o Leandro Pereira, ou usar um atleta com mais mobilidade, como o Erik. Acha que dá para manter o alto nível com as duas formações?
Cleiton Xavier – Dá, sim. Durante o mesmo jogo, o Cuca usa muitas variações. Com o Gabriel de 9 ou às vezes sem centroavante. O Roger Guedes e o Dudu também entram na área. São várias alternativas. Ainda tem a opção de jogar com um centroavante fixo. Ele vai treinar e a gente vai trabalhar. Espero que faça a melhor escolha para a equipe.

Gazeta Esportiva – Os Jogos Olímpicos podem aumentar a cobiça dos clubes europeus pelo Gabriel Jesus. Diante de tantas especulações, como ele tem se comportado?
Cleiton Xavier – O Gabriel é um garoto muito centrado, muito correto. Já sabe o que quer para a carreira, sabe que isso é só o começo e que tem muita coisa pela frente. Sem dúvida alguma, vai para a Europa. Se não for agora, vai depois, porque tem muita qualidade e sabe disso.

Contra o Santos, Cleiton Xavier disputará sua nona partida consecutiva (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
Contra o Santos, Cleiton Xavier poderá disputar sua nona partida consecutiva (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Como um dos atletas mais experientes do elenco, você procura orientá-lo de vez em quando ou prefere não se meter nisso?
Gabriel Jesus – É difícil. É claro que, se a gente puder dar uma palavra, falar alguma coisa que possa ajudar, obviamente vamos fazer isso. Eu procuro não interferir muito, porque imagino que na cabeça dele já se passam muitas coisas. Às vezes, é até bom não ficar falando a toda hora, porque pode acabar enchendo o saco do garoto.

Gazeta Esportiva – Você está com 33 anos, tem contrato com o Palmeiras até fevereiro de 2018 e, continuando bem fisicamente, pode prolongar a carreira. Já passou pela cabeça a possibilidade de encerrar sua trajetória profissional aqui?
Cleiton Xavier – Cara, sem dúvida alguma é um grande desejo que tenho. Já falei que queria encerrar no CSA, porque foi onde comecei e é a equipe de Alagoas pela qual tenho um carinho enorme. Mas, com certeza, o time do coração, desde a minha primeira passagem, é o Palmeiras e vai ser assim até encerrar a carreira.

Gazeta Esportiva – Mas você gostaria de parar aqui no Palmeiras ou planeja dar uma passada no CSA entes de encerrar definitivamente?
Cleiton Xavier – É o tempo que vai dizer, mas gostaria muito de poder encerrar minha carreira em um grande clube.

Gazeta Esportiva – Recentemente, o Fernando Prass manifestou o desejo de ser lembrado como o “Fernando Prass, do Palmeiras”. Você também deseja ter seu nome vinculado ao clube após encerrar a carreira?
Cleiton Xavier – Com certeza. Eu já sou muito grato, porque a maioria das coisas que conquistei foram através do Palmeiras, entre elas realizar o sonho de jogar fora do Brasil. Por causa da primeira passagem, todo o mundo se lembra de mim no Palmeiras. Espero que assim seja, que se lembrem como o Cleiton Xavier, do Palmeiras.