Boliviana diz sofrer pressão para mudar relatório do voo da Chape - Gazeta Esportiva
Boliviana diz sofrer pressão para mudar relatório do voo da Chape

Boliviana diz sofrer pressão para mudar relatório do voo da Chape

Gazeta Esportiva

Por Redação

08/12/2016 às 23:54 • Atualizado: 15/12/2016 às 12:36

São Paulo, SP

Queda do avião da Chapecoense vitimou 71 pessoas, sendo 19 jogadores do clube (Foto: Raul Arboleda/AFP)
Queda do avião da Chapecoense vitimou 71 pessoas, sendo 19 jogadores do clube (Foto: Raul Arboleda/AFP)


Após ter apontado aspectos falhos do plano de voo do avião da LaMia que caiu com a delegação da Chapecoense, vitimando 71 pessoas, a boliviana Celia Castedo revelou nesta quinta-feira ter sido pressionada por seus superiores para alterar seu relatório.

Castedo é técnica aeronáutica da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea (Aasana) e se refugiou no Brasil após a tragédia ocorrida na última terça-feira, nas proximidades de Medellín. Ao jornal boliviano El Deber, ela entregou uma declaração explicando os motivos pelos quais a levaram a abandonar seu país de origem.

"Fui submetida a assédio e a pressão por parte de meus superiores (...). Ordenaram que modificasse o conteúdo do meu relatório, que havia apresentado horas antes e no qual detalhava as cinco observações que fiz sobre o Plano de Voo da Lamia (LMI 2933) em 28 de novembro", escreveu a funcionária da Aasana.

Com 30 anos de experiência na área, Castedo afirmou que "a partir de uma revisão cuidadosa (do plano de voo da LaMia) fiz cinco observações, entre as quais a mais importante, sobre a autonomia de voo, que coincidia com o tempo do percurso. Eram iguais", disse.

Castedo se referiu à distância de cerca de 3.000km entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, local da partida, e Medellín, que era o destino final. Segundo as autoridades bolivianas e colombianas, o modelo Avro RJ85 não tinha combustível excedente para a viagem e acabou sofrendo a queda após ter de planar enquanto o Aeroporto de Rionegro esperava ter condições para recebê-lo.




A funcionária ainda esclareceu que seu carimbo e firma no plano de voo da LaMia "representam um protocolo de recepção do documento e, em nenhuma circunstância, significa a aprovação ou autorização para a realização do voo".

Mesmo assim, as autoridades bolivianas abriram um processo criminal contra Castedo, o que a motivou a procurar asilo no Brasil, onde procura "auxiliar nas investigações para o esclarecimento total dos fatos".

Nesta quinta-feira, a Justiça da Bolívia prendeu o Gustavo Vargas, filho do gerente da LaMia, de mesmo nome e também detido, como parte das investigações. Gustavo autorizou, como funcionário da Direção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC), as operações de seu pai.

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