Os candidatos a protagonista do Campeonato Paulista deste ano eram velhos conhecidos do torcedor. O experiente Ricardo Oliveira, a joia palmeirense Gabriel Jesus e o recém-contratado André foram alguns dos nomes que estiveram nas listas de apostas. Porém, o maior goleador do Estadual até agora vem de um time bem mais modesto, teve a carreira salva por uma passagem pela Armênia e tem um nome pouco conhecido: William Pottker.
Com seis gols na competição, o jogador de 22 anos foi revelado pelo Figueirense e é fã de Loco Abreu, com quem jogou no clube de Florianópolis. Quando ficou sem espaço na equipe de Santa Catarina, o atacante até pensou em abandonar a carreira, mas deu uma guinada ao receber a proposta de jogar na Armênia, pois se animou para tentar brilhar e buscar uma vaga nos grandes centros europeus.
“Subi para o profissional do Figueirense em 2011, com o técnico Jorginho. Em 2013, tive uma chance e estava meio desanimado, mas recebi essa proposta curiosa do Gandzasar. Na Armênia, peguei menos 10ºC, menos 15ºC, que foi um momento que quase me fez voltar, mas a vontade de me transferir para outro clube da Europa me fez ficar”, recorda, em entrevista à Gazeta Esportiva.
A chance em um grande europeu não veio logo em seguida. Mesmo assim, a oportunidade no exterior o fez ficar mais animado com o futebol. O atleta ainda voltou para o Brasil, onde atuaria pelo Linense no Paulistão de 2015. Assim, as boas aparições chamaram a atenção do Braga, de Portugal.
Logo ao chegar ao clube europeu, o atacante foi tratado como “revelação”, mas acabou retornando ainda no mesmo ano ao Brasil. “Acredito que em Portugal foi mais questão de oportunidade. Quando cheguei para assinar o contrato, havia uma comissão técnica e, ao me apresentar, já era outra. Vi que não estava sendo muito aproveitado e resolvi voltar para o Linense”, afirmou.
Em seu retorno ao time de Lins, o atacante já balançou as redes de todos os jeitos no Paulistão: de pés direito e esquerdo, cabeça, encobrindo o goleiro... A boa fase o faz lembrar de dois jogadores que admira. Além de ser fã de Loco Abreu, o jogador se inspira no paraibano Hulk.
“O melhor jogador com quem já joguei foi o Loco Abreu. Ele não era muito louco não, mas era um cara extrovertido, que viveu muita coisa dentro do futebol e contava várias histórias. É um cara muito bacana”, comentou, antes de completar. “Mas me espelho muito no Hulk. Não vou dizer que sou um cara completo, ainda sou muito novo, mas acredito que tenho muita força e minha principal característica é de ir para cima do adversário", acrescentou “Harry Pottker”, apelido que ganhou em alusão ao bruxo dos cinemas.
A última vez em que o artilheiro da competição saiu de um time do interior foi em 2013, quando William Batoré, então na Ponte Preta, anotou 13 gols. No topo dos goleadores da atual edição, Pottker torce não só por ele, mas por seus companheiros que representam as equipes interioranas.
"Tem o Gabigol, o Gabriel Jesus, que estão começando a crescer. Mas torço muito para que o artilheiro seja alguém do interior, porque o Campeonato Paulista precisa disso, dessa novidade. Espero que eu seja o goleador e que possa dar essa alegria para o pessoal do interior", afirmou o catarinense, que se sente pronto para manter o bom nível no Estadual.
“Eu me preparei muito. Fizemos uma pré-temporada de um mês em São José do Rio Preto. Queria estar pronto para quando chegasse a minha oportunidade no Campeonato Paulista”, disse.
Futuro - O contrato com o Figueira vai até o final de 2017, e o empréstimo com o Linense expira no término do Paulistão. Com o futuro indefinido, o atacante acredita que novas oportunidades surgirão.
"Meu contrato acaba no final do Estadual, e logo depois eu retorno ao Figueirense. Espero fazer um bom campeonato, ser o artilheiro e a questão com o Figueira vai ser tratada depois. Mas buscamos sempre algo a mais. Algumas propostas podem chegar e vamos conversar", disse.
Artilheiro virtual - O mágico "Harry Pottker" não balança as redes apenas dentro das quatro linhas. Na concentração do clube do interior, o camisa número 23 é conhecido como “fenômeno” do videogame. Na edição 2016 do jogo Fifa, o atleta tem seu próprio bonequinho atuando pelo Braga, mas Pottker prefere outros dois matadores.
“O bonequinho do Braga não ajuda muito, perto do bonequinho do Messi e do Cristiano Ronaldo. Mas eu me esforço para fazer uns golzinhos com o Pottker ali no Playstation”, brinca.
* Especial para a Gazeta Esportiva
